Edilson Silva: contra o continuismo do autoritarismo de Jarbas Vasconcelos. |
“Jarbas Vasconcelos e seu grupo
revelaram-se indignos da confiança que lhes foi depositada. Com discurso
aparentemente democrático, mas na realidade autoritário e falacioso, o atual
presidente da OAB/PA pretende perpetuar-se no poder, através do atual candidato,
Alberto Campos, do qual não se ouve falar.”
A declaração é de Edilson Silva, ao
justificar a decisão de voltar a candidatar-se a presidente da OAB/PA, que já
comandou de 1993 a 1995. Ele acusa Jarbas Vasconcelos, o mentor político de
Alberto Campos, o candidato da situação a presidente, de atrelar a OAB/PA a “um
projeto pessoal de poder em detrimento dos objetivos institucionais da Ordem e
dos reais interesses da classe, eliminando internamente a democracia para impor
suas próprias conveniências, perseguindo todo aquele que ouse dele discordar”. “A
minha candidatura a presidente da OAB/PA nasceu por força das circunstâncias,
mercê de reiterados apelos de colegas, como eu inconformados com os rumos dados
à nossa instituição”, proclama na entrevista abaixo, concedida ao Blog do Barata.
O que
o levou a sair candidato a presidente da OAB e quais serão suas prioridades, se
eleito?
Não sou candidato de mim mesmo. A minha
candidatura a presidente da OAB/PA nasceu por força das circunstâncias, mercê
de reiterados apelos de colegas, como eu inconformados com os rumos dados à
nossa instituição pelo presidente Jarbas Vasconcelos, atrelando-a a um projeto
pessoal de poder em detrimento dos objetivos institucionais da Ordem e dos
reais interesses da classe, eliminando internamente a democracia para impor
suas próprias conveniências, perseguindo todo aquele que ouse dele discordar. Com
discurso aparentemente democrático, mas na realidade autoritário e falacioso, o
atual presidente da OAB/PA pretende perpetuar-se no poder, através do atual
candidato, Alberto Campos, do qual não se ouve falar, mas que, submisso,
aceitou uma chapa composta por advogados escolhidos pessoal e exclusivamente
pelo doutor Jarbas.
Veja: sendo membro honorário e vitalício,
mantido ausente da OAB/PA por mais 15 anos, mas a cada eleição era procurado
por um grupo de jovens advogados, dentre os quais, Jarbas Vasconcelos e Alberto
Campos, que iam ao meu escritório pedir apoio. Apoio que nunca neguei por
acreditar no projeto que prometiam implementar, se eleitos. E depois de serem
ambos derrotados em eleições diversas, o Jarbas procurou o doutor Ophir
Cavalcante Júnior, que viria a tornar-se presidente nacional da OAB, e ambos
foram ao meu escritório pedir-me para apoiar o acordo que levaria Jarbas a
presidente da OAB/PA, em 2009. E em 2012, o Jarbas, combalido e sem o apoio de
Ophir, humilde e insistentemente, pediu para que eu aceitasse compor a sua chapa
como conselheiro federal, pois precisava de meu nome na chapa. Aceitei, e com
orgulho, e sem falsa modéstia, tenho honrado o mandato que recebi da classe,
diferentemente dele, que, reeleito, passou a servir-se da Ordem para atendimento
de seus próprios interesses. Sou conselheiro federal, integro a Primeira Câmara
e o Órgão Especial, e sou secretário geral da Comissão Nacional de Estudos
Constitucionais.
Mas com o tempo, o Jarbas Vasconcelos e seu
grupo revelaram-se indignos da confiança que lhes foi depositada. E Jarbas
Vasconcelos passou a valer-se da instituição para implementar um projeto
pessoal de poder, a utilizar a Ordem em proveito próprio, e a perseguir colegas
que dele divergissem. A partir daí, diante desta triste realidade, passei a
opor-me a ele nas reuniões do Conselho Seccional, onde tenho direito a voz e
voto, e consegui aplicar-lhe algumas derrotas por larga margem, para rejeitar
propostas absurdas com pretendia atender interesses próprios junto a grupos
externos. E culminou com a ilegal e arbitrária cassação da inscrição do
advogado Milton Sampaio Neto, num processo caricato, totalmente dirigido,
contando com a subserviência de parte do Conselho Seccional; uma vergonha que o
atual candidato Alberto Campos, debochadamente justificou, confessando a mim:
“Votei pela cassação da carteira para não contrariar o ‘Imperador’”! Com este
cenário afastei-me do conselho. Mas, atendendo ao apelo de muitos colegas e
lideranças da classe, sou candidato a presidente da OAB/PA, pela chapa 21, com
Valena Jacob na vice-presidência. Nosso compromisso é lutar e trabalhar pelo
resgate da OAB/PA; é torná-la independente, representativa e democrática,
aberta para todos os advogados, sem discriminação. Objetivo que é de todos os
componentes da chapa 21, Unidos pela
Ordem.
A que
o senhor atribui a tentativa de impugnação da sua candidatura, por muitos
interpretada como uma manobra da situação, supostamente orquestrada pelo atual
presidente, Jarbas Vasconcelos?
A tentativa de impugnação à minha
candidatura produto de má-fé do presidente Jarbas Vasconcelos e de seu
candidato, Alberto Campos, que sempre souberam que eu era auditor do TCE, que
havia outros advogados na mesma situação, e que o exercício deste cargo apenas
me impunha o impedimento de advogar contra a Fazenda Pública Estadual. Esta
tentativa, portanto, prova mais uma vez o que toda a classe sabe: o presidente
Jarbas comporta-se como um tiranete, que não aceita a democracia e a
divergência de ideias. Este episódio prova que quem dele diverge passa a tê-lo
como o mais rasteiro desafeto. Intramuros, é isso: perseguição ignominiosa a
quem dele diverge, ou submissão à sua vontade imperial, como optou fazer o
doutor Alberto Campos, compelido à submissão ao “Imperador”, como a Jarbas
Vasconcelos se refere - para tornar-se candidato a presidente, tendo de engolir
a chapa que lhe foi imposta, sem direito a indicar um nome sequer, inclusive da
diretoria, cujos novos nomes foram da
escolha pessoal do Jarbas., do que não fazem segredo sequer seus próprios
correligionários. A tentativa de impugnação mostra a mesquinhez do candidato e
seu tutor, o atual presidente. Mas foi cassada pela Terceira Câmara do Conselho
Federa, por decisão inânime, no último dia 10. E baixaria e desespero do senhor
Jarbas Vasconcelos o fez protagonizar o patético episódio de remeter-me um
expediente oficial, informando que mandara retirar o meu “retrato” da galeria
de ex-presidentes da OAB, e que o mesmo estava à minha disposição, para quando
decidisse ir buscá-lo. O gesto é o homem!
Do
ponto de vista das demandas específicas da categoria, quais, na sua leitura, as
prioridades dos advogados paraenses ?
Eleitos, nossa primeira iniciativa será
abrir as portas da seccional a todos, advogados e cidadãos, sem discriminação,
pois a OAB é, na nossa concepção, a voz constitucional da sociedade. Nosso compromisso
basilar é restabelecer a credibilidade e a independência da nossa instituição,
hoje totalmente desacreditada junto a sociedade. Para tanto será prioridade
acabar com o aparelhamento da entidade, a partidarização política e sepultar
todo e qualquer projeto de poder pessoal. Todos da chapa estão conscientes de
que nos dispusemos a prestar um trabalho que é voluntário, fundado no ideal de
servir positivamente à classe e à sociedade da qual a OAB deve ser depositária
da maior confiança. Valorizaremos a mulher advogada, o que já pode ser
constatado na própria composição da chapa, na qual figuram as doutoras Lorena
Jacob, como vice-presidente, Anete Penna de Carvalho, como secretária geral, e
Márcia Andréa, tesoureira. Sem esquecer, naturalmente, como evidência deste
compromisso, a presença da doutora Juliana Freitas, como diretora geral da
Escola Superior da Advocacia. Estabeleceremos um plano de valorização da mulher
advogada já em 2016, concedendo dentre outros benefícios, a isenção da anuidade
para a mulher advogada no ano da gestação ou da adoção.
Dentre as nossas propostas de gestão figura
a criação do Escritório Modelo, destinado ao advogado em início de carreira.
Manteremos o sistema de anuidade escalonada para este advogado, instituído na
minha gestão como presidente da OAB/PA, no biênio 1993/1995. Pugnaremos pelo
fortalecimento e independência da advocacia pública. Manteremos intransigente e
firme defesa das prerrogativas do advogado, sem as atitudes falaciosas dos
atuais dirigentes, sem qualquer eficácia e que somente trazem prejuízo e
perseguição para os advogados, enquanto as violações tem sido recorrentes. A
modernização da Escola Superior da Advocacia , da qual a doutora Juliana
Freitas será a diretora geral, é outro
compromisso nosso, assim como a criação de aplicativo para que o advogado, de
seu celular, possa requerer certidões, emitir boletos de anuidade, paga-las,
etc..
Nosso compromisso basilar, convém repetir,
é restabelecer a credibilidade e a independência da nossa Instituição hoje
totalmente desacreditada junto a sociedade.
Na
leitura de muitos, a OAB do Pará acabou por ter sua credibilidade tisnada, apos
o episódio da tentativa de venda do terreno doado pela Prefeitura de Altamira e
do afastamento, pelo Conselho Federal da Ordem, da diretoria do atual presidente,
Jarbas Vasconcelos. O senhor concorda com essa avaliação e o que, na sua
opinião, pode ser feito, sobretudo em um momento de crise - econômica, política
e ética – para a Ordem resgatar a relevância de passado recente, quando participou
ativamente, por exemplo, da mobilização pela redemocratização?
A tentativa venda do terreno de Altamira
para a construção da sede da subseção da OAB em Altamira foi o maior escândalo
de improbidade protagonizado pelo atual presidente, seu candidato, Alberto Campos,
e pelo seu candidato a tesoureiro, o que manchou a história da nossa instituição.
Foi um episódio que tisnou a credibilidade da OAB/PA, ensejando, inclusive, que
o Conselho Federal da OAB decretasse, pela primeira vez na sua história, a
intervenção numa seccional, uma nódoa indelével que a todos nós, advogados, que
constrange até hoje. Esse episódio, diga-se de passagem, foi a razão de eu, que
estava afastado há mais de 15 anos, voltar a frequentar as reuniões da OAB/PA,
movido por princípios, para defender a autonomia da instituição, e na
perspectiva de que eventuais malfeitos seriam acidentes, próprios da
inexperiência, mas entendendo que a responsabilidade dos envolvidos deveria ser
feito com respeito a esta autonomia, e por outro qualquer procedimento que não
os deixasse impunes. A responsabilidade e a improbidade do atual presidente e
do comprador ainda são objeto de ação na Justiça Federal.
No que tange à defesa do estado de direito,
do regime democrático, em relação ao qual a seccional permanece silente, serão
objeto de ações firmes e independentes. Este é um compromisso inarredável, que
reitero fiel aos princípios que moveram-me quando presidente da OAB/PA, que
defendeu intransigentemente o respeito à Constituicão Federal, frustrando a
tentativa de revisão, inspirada pelas forças do atraso político. Como no
passado, orgulho-me de não depender de qualquer favorecimento de qualquer
autoridade pública.
Para
além das demandas corporativas, qual o papel que cabe à OAB em um estado como o
Pará, que, a despeito das riquezas naturais, patina em índices sociais pífios
e, para muitos, é refém do atraso político?
A OAB não é apenas uma conselho
fiscalizador da profissão; ela é a voz constitucional do cidadão. Pois ela é a
única corporação profissional albergada pela Constituição Federal e, mais
ainda, que desta recebeu legitimidade para provocar o controle abstrato de constitucionalidade
junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) e tornou a advocacia uma das funções
essenciais à Justiça. Portanto, cabe à OAB do Pará, no âmbito do estado, lutar
por políticas públicas que busquem reduzir as desigualdades sociais e tirem o Pará
deste atraso político em que se encontra mergulhado. Para isto, porém, o
presidente da OAB e o Conselho Seccional terão de ter credibilidade perante a
sociedade e perante as autoridades, o que o atual gestor não possui. Desconhecendo
até a própria Ordem no que ela representa como instituição, o atual presidente,
assim como o seu candidato, não tem a credibilidade necessária para sequer
sentar em uma mesa de debates e discussão.
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