As candidaturas de Jarbas Vasconcelos do Carmo e Alberto Campos (foto), a presidente e vice da OAB/PA, respectivamente, fatalmente ressuscitam o traumático episódio, sem precedentes na história da Ordem dos Advogados do Brasil, que foi a intervenção na seccional do Pará, por decisão do Conselho Federal, por 22 votos a quatro. Ambos foram afastados no rastro das suspeitas de falcatruas, envolvendo diretamente Vasconcelos e suscitadas pela venda de um terreno doado à subseção de Altamira, pela prefeitura do município, e que seria adquirido - em uma nebulosa transação, costurada à margem da legalidade - por R$ 301 mil, por Robério Abdon D’Oliveira, conselheiro e amigo pessoal de Vasconcelos. O imbróglio ganhou tinturas grotescas diante da falsificação da assinatura do vice-presidente da OAB/PA, Evaldo Pinto, por ele próprio denunciada, o que acabou por abortar a venda do imóvel, por decisão do conselho seccional. A crise de credibilidade na qual submergiram Vasconcelos e Campos, seu fiel escudeiro, levou 23, dos 34 conselheiros, a se licenciarem, nesse elenco figurando três dos cinco diretores.
Como permanece incólume a consequência imediata da intervenção – a falta de credibilidade de Vasconcelos e Campos –, é inevitável inferir que, juntamente com eles, perdura a crise de credibilidade que tisnou no Pará o prestígio da OAB. O retorno dos dois aos respectivos cargos, após a intervenção, considerando as razões que motivaram-na e o silêncio sob o qual se deu a reintegração dos diretores afastados, em realidade esfarinhou a credibilidade da OAB no Pará. Falece autoridade moral a Vasconcelos e Campos, em particular, para cobrar probidade e ética de quem quer que seja, diante das circunstâncias que levaram à intervenção. Convém recordar que teve um efeito devastador, especialmente para Vasconcelos, o silêncio de Robério Abdon D’Oliveira, o conselheiro que compraria o terreno cuja venda acabou abortada, diante da pergunta que não quer calar. Na reunião do conselho seccional, para debater o imbróglio, dois ex-presidentes da OAB Pará, Sérgio Couto e Angela Sales, esta avalista eleitoral da candidatura de Vascoincelos, indagaram mais de uma vez a Robério Abdon D’Oliveira, sem obter resposta, se ele abriria mão do seu sigilo bancário. A indagação traduziu, subliminarmente, a suspeita suscitada pela transação abortada de que Robério Abdon D’Oliveira serviria, em verdade, de laranja para Jarbas Vasconcelos do Carmo. Setores da OAB suspeitam que o real comprador do terreno seria o próprio Jarbas Vasconcelos do Carmo, valendo-se, para tanto, de Robério Abdon D’Oliveira.
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