segunda-feira, 5 de novembro de 2012

GUERRA SUJA – A rota do contrabando

        O contrabando de armas no Pará soou inusitado para José Leal, conforme ele relata em uma das suas reportagens, cujas passagens transcritas reproduzem a ortografia do texto original. A observação de Leal, que ficou abrigado no Grande Hotel (foto, demolido, para fazer surgir o Hilton Hotel), point dos poderosos de plantão, endinheirados e intelectuais da época, segue abaixo, em itálico.

        Era, para mim, uma novidade, pois até aquela data havia entrado clandestinamente no Pará toda espécie de mercadorias, procedentes de Paramaribo, com exceção de armas. Apenas um barco trouxe certa vez algumas espingardas, porque na Guiana Holandesa os estabelecimentos não vendem pistolas ou outros meios de defesa pessoal, constituindo porte gravíssimo o porte de arma, que é privativo da Polícia ou do Exército. Sendo assim, os Smith and Wesson que apareceram em Belém não poderiam ter vindo do Surinam. Não me foi difícil descobrir tôda a verdade, o que se deu graças a uma brincadeira.

        No desdobramento, ele revela que as armas contrabandeadas procediam dos Estados Unidos, em um relato no qual Romulo Maiorana é citado como um dos envolvidos no contrabando. O jornalista de O Globo detalha, inclusive, seu encontro com Maiorana.
        José Leal prossegue, na reportagem, contando do ardil do qual se valeu, após indagar, de um dos seus interlocutores, que se chamaria Paulo Freire, como conseguira “um lindo revólver calibre 32, oxidado, cabo de nogueira”. Este é o relato contido na reportagem, também reproduzido em itálico:

        Espantado, perguntei-lhe onde e como o adquirira. Foi claro:
        - Um amigo meu acaba de regressar dos Estados Unidos e trouxe uma partida de cem.
        Mostrei-me interessado, dizendo a Paulinho que tinham incumbindo-me de comprar alguns revólveres.
        - Como poderei fazer o negócio? – indaguei.
        - Vou falar com ele para procurar você à noite.

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