Um dos raros casos de militar intelectualizado, Jarbas Passarinho (foto) foi igualmente governador do Estado, ganhando projeção nacional como ministro de sucessivos governos militares e também do ex-presidente Fernando Collor, o primeiro presidente eleito pelo voto direto após a ditadura militar, que se estendeu de 1º de abril de 1964 a janeiro de 1985, com a eleição do ex-presidente Tancredo Neves no colégio eleitoral. Com a derrota eleitoral de 1982 ele teve o seu poder político esfarinhado, até vê-lo minguar ao perder a disputa para o governo, em 1994.
A biografia de Jarbas Passarinho ficou tisnada para todo o sempre – o que muito conspirou contra ele eleitoralmente - por sua condição de um dos signatários do AI-5, o famigerado Ato Institucional de 13 de dezembro de 1968, que representou o golpe dentro do golpe e empurrou o Brasil para a noite negra do obscurantismo, patrocinada pela linha dura da ditadura militar. Na ocasião ele protagonizou uma intervenção tristemente célebre, ao defender que fossem mandados às favas os eventuais escrúpulos democráticos do presidente Arthur da Costa e Silva. A despeito de tudo, porém, o que restou do seu prestígio político permitiu a Jarbas garantir uma confortável aposentadoria ao ex-deputado Ronaldo Passarinho, o dileto sobrinho, a quem sempre destinou um amor paternal e a quem teve, sempre, como seu fiel escudeiro.
Embora um homem inteligente e lido, a condição de fiel escudeiro do tio ilustre foi, em verdade, a principal credencial para Ronaldo Passarinho tornar-se bem-sucedido. Seu escritório de advocacia ganhou notoriedade com a ascensão político de Jarbas Passarinho e eclipsou com o gradativo ostracismo daquele que foi um dos mais respeitados quadros do regime militar, notabilizado, em particular, pela sua honestidade pessoal, nem sempre reproduzida em alguns daqueles dos quais foi avalista.
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