domingo, 23 de setembro de 2012

BRT – Os servidores públicos e seus algozes

        Na relação dos servidores públicos com os poderosos de plantão não convém sucumbir ao maniqueísmo do bem e do mal. Jader Barbalho, historicamente muito popular entre os servidores públicos, certamente deu sua contribuição para o caos que se confunde com a administração Carlos Santos. Este, diga-se, não tem perfil compatível com aquele que se imagina essencial para traduzir o paradigma de servidor público.
        Um próspero comerciante, embora de origem humilde, além de cantor e compositor brega, que é também apresentador de tevê, Carlos Santos foi o vice na chapa do ex-governador Jader Barbalho, nas eleições de 1990 do século XX, quando o morubixaba do PMDB no Pará, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, sucedeu ao MDB, o Movimento Democrático Brasileiro, obteve seu segundo mandato como chefe do Executivo estadual, em uma das mais disputadas eleições da história do Pará. As eleições de 1990 repetiram, em maior escala, a disputa de 1982, quando Jader Barbalho tornou-se governador pelo voto direto. Como em 1982, em 1990 ele venceu o pleito por minguada diferença de votos. Em 1982 – com o apoio do então governador Alacid Nunes, que rompera com a ditadura militar - Jader derrotou Oziel Carneiro, do PDS, o Partido Social Democrático, sucedâneo da Arena, a Aliança Renovadora Nacional, como partido de sustentação da ditadura militar. Em 1990 ele venceu Sahid Xerfan, do PTB, o Partido Trabalhista Brasileiro, um bem-sucedido comerciante, que acabou falindo, por conta de dívidas de campanha, e que hoje é vereador de Belém. O apoio do então governador Hélio Gueiros - na época rompido com Jader Barbalho, mas que posteriormente com este se reconciliaria – não foi suficiente para impedir a derrota de Xerfan.
        Em 1994 Jader Barbalho não concluiu seu mandato, desincompatibilizando-se para eleger-se senador. Foi quando adentrou ao proscênio político Carlos Santos, intelectualmente chucro e patologicamente deslumbrado, para cumprir um mandato-tampão de nove meses, exercido com os cofres vazios. Sem traquejo administrativo, como gestor público, e extasiado com as pompas e circunstâncias do poder, ele protagonizou um governo à deriva, o que pavimentou a vitória de Almir Gabriel, do PSDB, o Partido da Social Democracia Brasileira. Contou para a vitória de Almir Gabriel o apoio do então prefeito de Belém, Hélio Gueiros, que migrara do PMDB para o PFL, Partido da Frente Liberal, hoje DEM, Democratas. A arrogância de Almir e a proverbial intolerância de Gueiros fizeram este romper com o aliado da véspera e se reconciliar com o correligionário do passado, no caso Jader Barbalho. Contou para tanto o tratamento desrespeitoso do governador, então tucano, em relação a Hélio Gueiros Júnior, o Helinho, vice de Almir Gabriel no primeiro mandato deste como governador, de 1995 a 1998.

5 comentários :

Anônimo disse...

Caro Barata;

Uma grande parte dos leitores e comentaristas do seu blog é formada por servidores públicos - principalmente estaduais; e a palavra "algozes" foi muito bem empregada.

Com exceção daqueles para quem o serviço público é um "bico" - ou estão se beneficiando nos esquemas de favorecimento, o passado de cada servidor público traz a marca desses algozes, e aquilo que seria uma carreira, virou uma prova de paciência e resignação.

O não cumprimento de direitos constitucionais e as perdas salarias que sabidamente ocorreram devido aos sucessivos e intermináveis desvios de dinheiro público para as contas bancárias dos poderosos da vez - o que eufemisticamente chamam de "caixa-2 de campanha" (felizmente o STF está desmascarando isto), não são os únicos temores dos servidores.

A saúde pública congrega um grande número de profissionais com estudos superiores, que são chefiados não por quem apresente curriculum elevado e estofamento pedagógico para tal. Nossos chefes são plantados nos cargos por causa da cumplicidade com os esquemas partidários e suas gambiarras, devido a nepotismo, concubinato, e assim por diante.

Várias vezes assistimos dentro das repartições cenas de abuso contra os servidores, algumas repercutindo gravemente na qualidade da saúde pública, pois em nome do despreparo e da arrogância de certas mediocridades promovidas a chefes, bons profissionais acabam sendo constrangidos e adoecem, pedem transferência, aposentam antes do planejado, etc.

O Blog do Barata tem sido nos ultimos anos um fórum independente onde os problemas dos servidores têm sido denunciados e penso eu que em várias situações aconteceram desdobramentos positivos. Não sem razão registra recordes em cima de recordes de acessos.



Anônimo disse...

A perversa história de desvio "camuflado" de recursos públicos, se repete sempre, principalmente, em final de governo (Federal, Estadual e Municipal) e quem assume o governo, grita isso aos quatro cantos, mas, não vemos passar disso (chiadeira) pois não vemos, quem assume, adotar providências para responsabilizar os criminosos e ímprobos (desviadores dos recursos públicos), nem buscar o ressarcimento aos cofres públicos do que foi criminosamente desviado. Parece-nos, Barata, que essa contumaz chiadeira é apenas para credenciar quem assume a nada fazer sob o argumento de "terra arrasada", "cofre vazio". Chega de assistirmos passivamente essa história se repetir: DESVIOS - COFRE VAZIO - IMPUNIDADE.
Vamos exigir providências de quem assume ou a responsabilização deste por condescendência criminosa e improbidade administrativa.

Anônimo disse...

se os servidores estaduais e municipais se unisssem e saissem desse individualismo,seria bem feito agirem e rápido, mas essas caixinhas que se formam, uma grevinha aqui, uma grevinha ali, nada resolve, hajam ,exijam auditoria completa, representem contra esse prefeito antes que sejam voces, de novo os prejudicados, mas as categorias precisam se unir, caso contrario...

Anônimo disse...

acho que coordenadores, diretores, ou o que seja, no serviço público, deveriam fazer uma provinha básica, passar por sabatina de uma banca isenta e ate poderiam ser indicados politicos, mas se nao tiverem competencia técnica, nao assumiriam! esses chefes arrogantes e que nao sabem respeitar servidor, teriam que ter outra atitude! essa tradição de apadrinhagem rídicula, precisa acabar.

Anônimo disse...

acho que coordenadores, diretores, ou o que seja, no serviço público, deveriam fazer uma provinha básica, passar por sabatina de uma banca isenta e ate poderiam ser indicados politicos, mas se nao tiverem competencia técnica, nao assumiriam! esses chefes arrogantes e que nao sabem respeitar servidor, teriam que ter outra atitude! essa tradição de apadrinhagem rídicula, precisa acabar.