Joaquim Cardoso de Magalhães Barata foi um político de perfil caudilhesco, com um rígido senso de autoridade e disciplina, algo compatível com sua formação castrense. Seu populismo o fez ser incensado pelas massas e contribuiu para torná-lo o maior líder político já produzido no Pará, onde comandava com mãos de ferro o PSD, o Partido Social Democrata. Ele introduziu no Pará o governo itinerante, levando às populações do interior, historicamente abandonadas, a presença do poder público. Barata também instituiu as audiências públicas, recebendo semanalmente o povo, para ouvir os reclamos dos humildes e resolver, se assim fosse possível, os problemas que lhe eram levados, estabelecendo uma interlocução direta com o eleitorado. No mais, embora seu inspirador fosse pessoalmente probro e inclusive tenha morrido pobre, o baratismo sempre esteve associado ao jogo do bicho e ao contrabando, que mantinham pródigos propinodutos nos quais se abastecia o PSD, legenda que politicamente se confundia com Barata. Este, presumivelmente, coonestava a corrupção, na perspectiva, muito frequente entre os inquilinos do poder de que os fins justificam os meios. Barata, resumindo, era leniente em relação a corrupção, desde que não se deixasse contaminar pessoalmente por ela, embora dela se valendo como um recurso para manter-se no poder. Foi no entorno do caudilho que despontou, inicialmente associado ao contrabando, outra figura lendária do jornalismo paraense, Romulo Maiorana, fundador do grupo de comunicação que inclui o jornal O Liberal e a TV Liberal, afiliada da TV Globo, da qual é viúva Lucidéa Batista Maiorana, sobrinha de Barata, mas de origem humilde e passado estigmatizante, imposto pela adversidade.
Quanto a agressão ao proprietário da Folha, a ilação feita é de que a intenção teria sido constranger Paulo Maranhão, no pressuposto de que a humilhação imposta pela agressão o fizesse silenciar a respeito do episódio, o que o tornaria vulnerável ao escárnio quando o fato fosse tornado público. Do que se encarregou Armando Correia, um dos nomes mais importantes na hierarquia do governo e a quem algumas versões atribuem a autoria intelectual da agressão a Paulo Maranhão, tese cultivada pela própria vítima. Tonificando essa hipótese, coube justamente a Armando Correia, diante do silêncio inicial de Paulo Maranhão, dar divulgação pública de que fora instaurado um inquérito, a pretexto de que a agressão seria um crime de ordem pública, cuja apuração independia da vontade da vítima. Foi a partir do noticiário sobre a instalação do inquérito que Paulo Maranhão apresentou publicamente sua versão. Desde então e enquanto Armando Corrêa foi vivo, a Folha só se referia a ele como “Armando Trampa”, acrescentando ao sobrenome Correia um dos sinônimos de excremento. De resto, no revide diante da agressão sofrida, Paulo Maranhão redigiu um editorial demolidor, para dizer o mínimo. “Cada um dá o que tem, e o governo do nosso Estado não tem senão merda para dar”, disparou ácido, no editorial, Paulo Maranhão, reconhecido como um dos mais brilhantes jornalistas da sua geração.
Um comentário :
Foi seu paraente Barata? Tem tudo a ver com sua inflibilidade; mas enquanto posava de honesto, seus asseclas roubavam e matavam... Era uma flor de lotús no meio da lama...
Postar um comentário