Os pais, com os filhos, driblando os perigos, na Praça da República. |
LÚCIA *
Contextualizando o lado comercial e político vale lembrar que o Dia da Criança foi criado na década de 20 do século passado, pelo deputado federal Galdino do Valle Filho. Os deputados aprovaram e o dia 12 de outubro foi oficializado como Dia da Criança pelo presidente Arthur Bernardes, por meio do decreto nº 4867, de 5 de novembro de 1924. A ONU, porém, oficializou o dia 20 de novembro como o dia universal da criança.
Todos são enfáticos em dizer que a data de hoje é puramente comercial. Concordo. Mas podemos observar que embora houvesse interesses políticos no gesto do então deputado Galdino, ele iniciou um processo de se pensar nas crianças pelo menos uma vez ao ano, visto que a sociologia apresenta resultados de pesquisas que expressam o quanto a historia do mundo ocidental delegou à infância o pior lado da sua estrutura social. Neste sentido ocorreram transformações que não cabe aqui expor. Quanto ao Brasil, chegamos ao século XXI com um importante documento que limita abusos de teor jurídico ao trato com a infância e impõe responsabilidades a quem antes usava o assistencialismo como desculpa para a omissão em relação ao verdadeiro cuidado com a infância e a adolescência. Refiro-me ao Estatuto da Criança e do Adolescente uma lei de duas décadas e ainda mal interpretada por muitos.
A dificuldade de interpretação parte principalmente de alguns políticos. Porque para entendê-la, seria preciso desprendimento, compromisso e honestidade, para colocar em prática dois dos mais completos artigos do ECA. Primeiro o artigo 4º, que coloca claramente o dever dos gestores em proporcionar saúde, educação, esporte, lazer, dignidade, respeito à liberdade e à convivência familiar e comunitária; em seguida o artigo 5º, ao determinar que nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Infelizmente, nenhuma dos artigos acima citados são levados à serio pelos governantes do nosso Estado. O prefeito de Belém, por exemplo, coloca a integridade física das crianças em risco sem nenhum constrangimento. O risco iminente está ao nos depararmos com a triste situação em que se encontra a Praça da República hoje, em pleno Dia das Crianças e, diga-se de passagem, três dias depois do Círio de Nazaré. Toda a parafernália de ferros, madeira e outros materiais utilizados para a montagem das arquibancadas continuam no mesmo lugar, como se a procissão tivesse acabado de passar. O risco que uma criança corre em se machucar naquele lugar, em ferros velhos, causa angústia e um sentimento de revolta. Esse homem deveria ser acionado criminalmente por isso.
O (des)prefeito e seus “seguidores” são de uma irresponsabilidade impressionante. Nada justifica tamanho descaso com o espaço público e seus pequenos visitantes que hoje tentaram brincar com seus brinquedos novos ou simplesmente correr, pular e aproveitar o dia. Os pais que tentaram levar seus pequeninos para aproveitarem o espaço público estavam com medo de soltar as mãos de seus filhos. Além disso, a sujeira e o mal cheiro imperavam, e o pouquíssimo espaço que existia era também disputado pelo camelôs.
Como podemos concluir, aqui em Belém ainda estamos na era da “desimportância” da infância. Maltratar crianças também inclui obstruir o seu direito de brincar.
Pois bem, enquanto vemos a imundície da cidade, Duciomar Costa atravessa regiões para aproveitar o feriado em Brasília, utilizando-se do nosso dinheiro. Viajou ontem, véspera de feriado. Façamos os cálculos considerando a dinâmica da capital federal. Segunda feira, o dito cujo não trabalhou. Ressaca do Cirio. Ele também não trabalhou na terça-feira, pois iniciou escala no vôo das dezesseis horas mais ou menos. Quarta feira, feriado. Quinta e sexta feira, os políticos de Brasília, não mais estão em Brasília. Resta sábado e domingo. “Tudo isso patrocinado por nós da “empresa” TURISDIOTAS, com nosso slogan promocional: “Vá com nosso dinheiro, nóis deixa”.
A viagem para a “Disney” do Duciomar está inclusiva em um pacote de sete dias. Um doce para quem adivinhar o brinquedo favorito do alcaíde nesse tour federal. Nada contra. O problema é que somos nós e as crianças, “jogadas” naquela praça imunda, que estamos pagando!
Fonte fidedigna relata que o prefeito viajou ao lado de Luiz Afonso Seffer. Conversavam animadamente, acrescenta o passageiro anônimo, mas idôneo, do vôo. Compreensível, portanto, o “apreço” do prefeito pelas crianças.
* Lúcia é mãe, além de assistente social e colaboradora do blog.
6 comentários :
As praças de Belém, foram transformadas em academias para dultos. É uma falta de respeito do governo municipal com as nossas crianças, ferindo os Direitos da Criança. O que fazer, para mudar essa situação?
LEMBRO que neste estado o famoso Sefer pedofilo foi inocentado mesmo com todas as provas do que fez com a garota que trouxe do interior para satisfazer seus instintos doentios.Triste sociedade a que deixa desprotegida a infancia.
Pelo menos no núcleo urbano há praças. Ontem estive no pobre ( ou miserável) bairro da Brasília, distrito do outeiro. Ali constatei o quanto as crianças são desprovidas dos direitos mais básicos, como o de se divertir. A Brasília mais parece uma terra arrasada, lá não há cinemas, teatro, bibliotecas, praças. Aliás, a única praça do bairro transformou-se num espaço de bebedeira e festas de aparelhagem. O único "divertimento" delas é o de conviver no meio de adultos (com os próprios pais) nos bares em meio a bebidas alcoólicas, sem contar outros tipos de drogas, ouvindo patéticos tecnobregas ou assistirem partidas de futebol na única arena particular. Essa situação de descaso a qual são submetidas nossas crianças e adolecentes se repetem nos bairros e distritos periféricos da cidade.
Uma cidade que tem um prefeito desta natureza, não pode ser feliz. Felicidade é ver a criança sendo tratada com dignidade. E este prefeito não faz por merecer uma cidade chamada Belém. Será que ele não vê o descaso que Belém está vivendo ?? Ele passa de carro no Entroncamento a partir das 18h ? Ele anda de bicicleta na bela ciclovia que ele criou na Augusto Montenegro ? Mas o que esperar dos vereadores vendilhões, de uma justiça que absolve os "pseudo-poderosos" (Seffer). Resta a revolta, diante da inoperância de quem poderia tirar este "prefeito" dee Belém.
Risco iminente de acidente é o que as crianças correm ao bricarem nas sucatas retorcidas e enferrujadas do que um dia já foram brinquedos, localizados ali na praça Amazonas.Se é que já não ocorreu.
O Dudu permanece no poder pelas manobras ardilosas de um Desembargador, ex-Presidente do TRE/PA, que tem o filho agraciado pelo nefasto DUDU com a chefia da Secretaria Jurídica do Município.
Há esse Desembargador foi o relator do caso Seffer, ou seja, o que apresentou o voto inocentando o pedófilo por suposta falta de prova, contrariando decisão de primeiro grau que havia condenado o ex-deputado pervertido.
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