terça-feira, 14 de junho de 2011

SEPARATISMO – Divisão da escassez

Francisco Sidou *

Na Câmara Federal e no Senado, em votação apressada e simbólica de lideranças, aprovou-se a realização do plebiscito para a criação dos  Estados do Tapajós e de Carajás. Um detalhe chama a atenção nesse "esforço concentrado": o projeto original do desmembramento do Pará foi de autoria de um senador de Rondônia,  enquanto seus principais defensores, afora os "deputados paraenses diretamente interessados" , são de outros Estados da Federação, incluindo poderosos empresários do agronegócio do Sul do Pará e Tocantins, além de influentes políticos maranhenses. Não por acaso, a campanha pró divisão será milionária, sob a batuta do famoso Duda Mendonça.  Outro detalhe curioso: pelo menos três  líderes separatistas paraenses estão envolvidos até o pescoço em processos na Justiça pela prática de variados delitos tendo como origem a má aplicação do dinheiro público. Como acreditar na sinceri dade de seus propósitos ? Será que lhes move o sincero desejo de promover desenvolvimento e paz social às populações dos  novos Estados ? Ou será que não estão somente  de “olho gordo”  em novos cargos de governadores, senadores, deputados federais e estaduais, novos Tribunais de Justiça e de Contas, novas  Assembléias Legislativas,  mais DAS para abrigar parentes e afilhados e  muitas obras a serem executadas e superfaturadas?
Os recentes escândalos descobertos na Assembléia Legislativa do Pará servem de exemplo didático do "modus operandi" desses “profissionais”, insaciáveis na busca pelo poder e  enriquecimento fácil com o dinheiro do povo, lesado d uplamente, como eleitor e como contribuinte compulsório. Os separatistas não estão nada preocupados com os custos dos novos estados, estimados em R$- 5 bilhões só para obras de infra-estrutura , afora os custos de manutenção , em torno de R$-2,5 bilhões anuais para cada novo estado. Nesse caso, quem vai pagar a conta é o contribuinte brasileiro. Por isso,  Roberto Pompeu de Toledo, articulista de VEJA, sugeriu que o plebiscito sobre a divisão do Pará deveria ser de âmbito nacional e não apenas restrito aos paraenses.
Outro aspecto que deve acender a luz de advertência  para a população paraense é a tentativa meio solerte dos líderes separatistas em obstar a consulta a todo o povo paraense e restringir  o plebiscito apenas "à população diretamente interessada", que eles entendem sendo apenas os atuais habitantes das áreas a serem emancipadas. Chegam ao cúmulo de tentar trapacear na interpretação da própria Constituição. Os que defendem a consulta somente na área a ser emancipada alegam que assim "reza" a Constituição Federal ao asseverar, no terceiro parágrafo do artigo 18 que, sobre a divisão, deve ser consultada “a população diretamente interessada”. A definição, todavia, do que é “a população dire tamente interessada” está na lei 9.709, de 1998, que  remete à Carta Magna e coloca fim à quizília ao declarar que população diretamente interessada é “tanto a do território que se pretende desmembrar quanto a do que sofrerá desmembramento”.
De forma cristalina, smj,  será esse o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a extensão da cobertura geográfica do plebiscito para criação dos Estados de Carajás e Tapajós,  caso chegue até lá essa questiúncula provocada por interesses menores dos que querem ganhar o plebiscito na "marra". Não passarão. O que  deveriam  fazer era expor  seus argumentos  em debates com a participação de técnicos e estudiosos, de forma a esclarecer a população paraense sobre a extensão da medida separatista, sua  viabilidade econômica, além de suas  implicações de ordem  administrativa, social  e cultural.
Esse deve ser o objetivo maior do Comitê em Defesa do Pará, criado pela Associação Comercial do Pará, cuja instalação contou com grande afluência de público, onde se misturavam, democraticamente,  políticos de expressão, empresários vitoriosos, artistas consagrados, líderes comunitários e sindicais, representando as diversas camadas da  sociedade paraense. É disso que precisamos. Um amplo movimento que possa despertar o sentimento cabano do povo paraense. E de um debate que possa esclarecer e não confundir. É falacioso, por exemplo, esse argumento  de que o Pará é quase ingovernável devido suas dis tâncias continentais  e  que só a divisão territorial trará o desenvolvimento para as duas regiões desmembradas.  Ora, se tamanho pequeno fosse  condição favorável a boas práticas de gestão pública, Sergipe seria o Estado mais desenvolvido do Brasil. Por outro lado, não se promove desenvolvimento ou prosperidade com a divisão da pobreza e da escassez.

* Francisco Sidou é jornalista – E-mail: chicosidou@bol.com.br

17 comentários :

luís otávio disse...

A chamada do acreditado jornalista Francisco Sidou constitui momento de importante reflexão sobre a temática do separatismo, onde se encondem interesses inconfessáveis.Por isso, necessário ficar de olhos abertos para o apressado plebiscito, cujo objetivo maior é formalizar o "engolimento" das riquezas do território paraense, esquecendo os "proponentes" de discutir a questão de forma mais ampla, mostrando as implicações que advirão com o loteamento do Estado.

marcelo disse...

Barata vamos troca de capital de Belém Pará marabá sem dividi o Pará seria ideal.você concorda comigo sim ou não.

Anônimo disse...

A verdade tem que ser dita. A criação de Carajás e Tapajós, especialmente o primeiro, serve apenas aos interesses escusos desses forasteiros imundos que só trouxeram desgraça ao Pará. Éramos um estado pacífico até a chegada dessa corja que só trouxe violência, invasão de terras, grilagem, pistolagem, receberam terra de graça no regime militar e hoje envergonham nosso estado na mídia com desgraças em série. O povo paraense precisa deixar de ser trouxa e ficar recebendo bem essa laia de criminosos e vagabundos que aqui chegam de todos os cantos do país querendo apenas se dar bem em cima de nós. Como tolerar as hordas de migrantes, especialmente maranhenses sem nenhuma qualificação que aqui chegam pelo trem da Vale com passagem paga pela quadrilha Sarney? Como tolerar essa malta do centro-oeste e do sudeste que aqui chega se achando donos do estado e querendo dividir nosso território na maior cara-de-pau? Acorda Pará, chega de sermos explorados por essa escória, como se não bastassem os péssimos políticos que temos

Anônimo disse...

http://www.webartigos.com/articles/68324/1/Descentralizacao-Administrativa-do-Para-Tapajos-e-Carajas/pagina1.html

Anônimo disse...

Há bastante tempo, políticos oriundos de outros estados juntamente com empresários ávidos por diheiro. Lutam num jogo sujo, pela separação de nosso estado. Convivo com o povo de Conceição do Araguaia, e ele se denomina de outro estado, tudo isso vindo do puro veneno desses elementos de outras paragens. Vê-se claramente a ganância e nunca o propósito pelo desenvolvimento. São políticos que se elegem pregando a separação em detrimento das necessidades do estado. Por si só, desonestos em seus propósitos. Portanto, pessoal, nada de entregar nossas riquesas esquadrinhadas meticulosamente para fins de posse, deles, não para a nossa. Eu declaro minha revolta pelo plebiscito visto que é uma manobra suja de um punhados de patifes.

Anônimo disse...

Quando os nordestinos fugiram da seca para São Paulo, o máximo que conseguiam de emprego era trabalhar como peão de obra. Aqui no Pará, o povo vindo do sul e do centro para o sul do estado (principalmente), fincaram raizes num patamar de elite. Aos poucos foram tomando conta do espaço e os paraenses vivaram seus empregados. Agora esse povo que não toma tacacá e come maniçoba quer ficar com que sempre foi nosso. Ocupar a terra com qualidade deveria ter sido prioridade dos governos que passaram.

marcelo disse...

Barata no sul do Pará não tem ninguém paraense nato eu sou um dele tem 25 anos nasci em Marabá, meus pais cearenses, o governo federal que incentivou meus pais vim para esta região. Me falar um que paraense nato que nasceu sul do Pará

Anônimo disse...

O ex-governador do Estado Hélio Gueiros a quando da entrevista dada ao jornalista Elias Pinto (blog. de 18.4.2011), disse, e se aplica, por oportuno, que o Golpe de 64 apunhalou o nosso Estado em favor do Amazonas. Foi uma política nacional de esvaziamento do Pará. Deram para Manaus a Zona Franca, levaram pra lá o Comando Militar da Amazônia, construíram lá um Aeroporto para receber qualquer tipo de aeronave, construíram um hotel cinco estrelas e obrigaram o Pará a ficar marcando passo... Ficamos a nos vangloriar de sermos a maior província mineral do mundo com o direito de ficar apenas com os buracos etc. Ainda continuamos amargando o processo de perdas: a da Petrobrás, a de sediar a Copa do Mundo de 2014,onde Manaus foi herdeira de mais esse quinhão. E vai por aí. Se não ficarmos atentos poderemos ser mandados "pra tonga, da milonga, do cabuletê".

Anônimo disse...

Se Sidou não quer a divisão, deseja a manutenção do status quo, pois se depender dos políticos eleitos pelos paroaras, não vão fazer nada agora nem nunca. Posição cômoda, hein Sidou? Conheces o Toca, Sidou? Conheceste o Toca quando era de Goiás? Em caso positivo, pergunta pros goianos e tocantinenses se eles têm saudades ou querem o retorno ao que eram antes.

Anônimo disse...

Opinião confortável, né Sidou? Mas assim, até eu. Vai morar em Marabala pra ver o que é bom ...

Valdair Aguirre disse...

Tenho lido as manifestações contrarias as divisão do estado e ralato o seguinte, moro no Pará desde 1983, será que não sou paraense,e quando cheguei aqui no sul do Pará recem formado, pela U.F.Pr.para trabalhar e dar minha contribuição a educação desta região, não encontrei nem um destes paraenses que hoje nos chamam de forasteiros, dispostos a se mudarem pra cá e tambem darem sua contribuição ao desenvolvimento desta região,como Biólogo e professor estou aqui a 28 anos construindo o Pará que os ditos paraenses, não querem ajudar a construir, pois não deixam o conforto da capital, para aqui viverem, construir suas familias e desenvolver esta região, quando aqui cheguei tinha médicos,advogados,engenheiros e outros profissionais de nivel superior raro muito raro um paraense.convido aqueles que são contra a divisão do estado virem pra cá, voces que são médicos, dentistas,engenheiros e outras profissoes, venham pra , Curionópolis, São felix do Xingu,Ourilandia, pro sul do Pará, trabalhar e defender a união, se não podem deixar o conforto da Capital, vote pela divisão, que nós os sulparaenses brasileiros do Rio Grande do Sul ao Amapá do Rio grande do Norte a o Acre vamos continuar aqui, construindo um novo estado sem o conforto de Belém,vote pela divisão, pela falta de estradas, de hospitais,de segurança,de educação, da falta de estrutura onde os brasileiros que aqui moram morrem todo dia por falta de assistencia do estado, enfim quando falam em gastos pela construção de um novo estado, pra mim não é mais do que obrigação do estado manter o minimo de estrutura para os brasileiros que pagam os seus impostos e não vêem um retorno proporcional aquilo que produzimos e contribuimos com nossos impostos.Dizem os contrarios a divisão que nos queremos empregos, só um dado pra reflexao, de todos os funcionários públicos do Pará, somente 4% trabalham aqui o resto está em Belem, sou pela divisão, e pergunto quem depois de uma divisão , seja municipio ou estado, quer hoje voltar para o municipio ou estado que que lhes deu origem.todos creceram e se desenvolveram sozinhos uns mais outros menos mas se desenvolveram, por tudo isto, sou a favor da divisão.

Anônimo disse...

O futebol paraense está dividido, o clube do Remo é pró-separação, pra vê se consegue uma vaga na série D; e o Paysandu faz campanha contra, com o seguinte slogan: "queremos o Pará igual ao remo, sem divisão". Eta maldade!

Anônimo disse...

Não há, nunca houve, nem poderá haver, proibição de qualquer cidadão, seja de qual unidade da federação for, morar no Sul do Pará (no Norte, no Leste ou no Oeste). Louvável que assim o façam:até os estrangeiros poderão fazê-lo e o fazem. A capital Belém também padece de males semelhantes, na educação, na saúde, na segurança pública etc. A proposta de Divisão do Estado merece discussão mais ampla, por exemplo: se representará o aprofundamento da pobreza para a maioria da população: se representará, em contrapartida,a concentração das riquezas nas maõs dos poderosos (empresários, latifundiários e alguns políticos corruptos). Como ficará a parte que restará ao Estado, região onde se concentra a maior faixa de pobreza? O debate não deve ficar por conta da emoção !

Antonio Nascimento disse...

Barata,

Gostaria de expressar minha opinião a respeito desta questão tão importante para todos nós paraenses e amazônidas: Tive a oportunidade de conhecer e trabalhar em praticamente todas as regiões do estado e percebo que o movimento separatista é reflexo de um contexto historico de ocupação desordenada e descaso com a população local fruto da falta de políticas públicas e principalmente da ausência do Estado nessas regiões. devemos valorizar a contribuição que muitos migrantes realizaram para o desenvolvimento deste estado respeitando seus sentimentos, pois muitos adotaram o Pará como sua terra natal possuindo um sentimento muito especial por este estado. Portanto ao invés de ficarmos debatendo qual estado/região/cidade é mais favorecido ou não. devemos é aproveitar a oportunidade e fomentar um sentimento de união entre todos que optaram pelo estado do Pará como sua casa e exigírmos do poder público estadual e das suas lideranças locais a aplicação de políticas públicas que propiciem melhorias na saúde, educação, segurança,etc..., promovendo a integração de um estado tão maravilhoso como o Estado do Pará.

Um grande abraço.

Antonio Nascimento disse...

Barata,

Aliás, recebi a informação de que caso o pleblicito realmente seja realizado, segundo determinação do TRE somente poderão participar do pleito os eleitores que possuirem o seu título eleitoral registrado no estado do Pará. acredito que inviablizaria a participação da grande maioria da população de fora do estado, sendo essa a grande maioria interessada e como todos sabemos que a grande maioria da população do oeste e sul do Pára é oriunda de outros estado. como ficaria essa situação?? ela não promoveria uma corrida desenfreada aos tribunais eleitorais para regularização de títulos para conquistar esses grande parcela de votos?? qual o custo real deste processo?? seria a start'up para intensificar o coronelismo e os votos de cabreto como apenas massa de manobra? ou tudo isso serial irrelevante? sem graves consequências social para o estado?? vamos abrir essa discursão.

Um grande abraço.

Anônimo disse...

Independente de qualquer coisa, é extremamente lamentavel que o povo do maravilhoso estado do Pará(meu estado),fiquem se degladiando se são a favor ou contra a divisão,quando deveriam observar que, os politicos tão interessados, no desmembramento do Pará,não são paraenses, como Giovanni Queiroz, que deveria lutar pela divisão do seu estado, que é São Paulo.É preciso ser muito imbecil para acreditar nas boas intenções dos politicos separatistas,que mais uma vez,demonstram seus veradeiros propósitos, para qualquer pessoa mais sensata.Proponho que após o plebiscito,Giovanni e sua turma sumam das terras paroaras para sempre;porque creio que o Pará continuará a ser grane e forte.PARá,AME-O OU DEIXE-O.

Anônimo disse...

O maior líder do Movimento de Separatismo, basicamente pela criação do Estado de Carajás é o deputado Giovanni Queiroz (PDT).É médico e nasceu em Campina Verde-MG. Os outros separatistas, são :-Lira Maia (DEM), de Santarém-PA; Helenilson Pontes (PPS), de Santarém-PA; Airton Faleito (PT), líder do desgoverno Ana Júlia;Alexandre Von, de Santarém-PA;Bernadete Ten Caten (PT), do RGS; Josefina Carmo (PMDB),de Óbidos-PA; Parcifal Pontes (PMDB), de Tucuruí-PA; Tião Miranda (PTB), de Marabá-PA; Zequinha Marinho (PSC), de Araguacema-GO;Asdrúbal Bentes (PMDB), de Umaitá-AM; Zé Geraldo (PT), de São Gabriel-ES; Paulo Rocha (PT), de Curuçã-PA;Miriquinho Batista (PT), de Abaetetuba-PA; Wandencolck Gonçalves (PSDB), de Itupiranga-PA; José Priante (PMDB), de Belém-PA. e, pra fechar, Flexa Ribeiro, de Belém-PA. O maior número de defensores da "divisão" está nas hostes do PT e PMDB, dos quais seis não são paraenses.