Segue, abaixo, a transcrição da entrevista concedida por Hélio Gueiros a Elias Pinto (foto), publicada pelo Diário do Pará em 31 de março de 2002, como parte de uma ampla reportagem intitulada "Os duelistas", tendo como subtítulo "Capítulos de uma história da polêmica no Pará". A matéria trata dos grandes polemistas nacionais, até chegar ao Pará.
“Não tive grandes polêmicas pessoais”, assegura Hélio Gueiros
O jornalista, ex-senador, ex-governador e ex-prefeito Hélio Gueiros, indo na contracorrente da opinião estabelecida nos meios jornalístico e político, sentencia: “Não tive grandes polêmicas pessoais”. E acrescenta: “Comecei minha vida jornalística em um órgão de partido, que era O Liberal, e lá a coisa era na base do ‘bate-boca’. De um lado, A Folha do Norte, com o velho Paulo Maranhão malhando o general Magalhães Barata e, do outro, nós de O Liberal rebatendo na mesma moeda”.
Gueiros destaca um episódio na sua polêmica biografia: “Ao tempo do governo Jarbas Passarinho, tive um debate de mais de quatro horas pela televisão sobre temas políticos e administrativos. Ao final, quem gostava do Jarbas dizia que ele tinha me estraçalhado. Quem não gostava do Jarbas, dizia que eu é que havia estraçalhado o meu contendor. De onde se deve concluir que a coisa foi pau a pau, mano a mano”.
Perguntado sobre que fatos, ou assuntos, mereceriam o bom combate, a boa polêmica a ser travada hoje no Pará, o atual colunista político do Diário observa: “Acho que nos dias de hoje, o bom combate seria em favor do nosso Pará. O golpe de 64 apunhalou o nosso Estado em favor do Amazonas. O governo revolucionário achava que o Pará já estava bem desenvolvido e o certo era fazer com que o Amazonas chegasse ao nosso nível. Foi uma política nacional o esvaziamento do Pará. Deram para Manaus a Zona Franca, levaram para lá o Comando Militar da Amazônia, construíram lá um aeroporto com capacidade para receber qualquer tipo de aeronave, construíram um hotel cinco estrelas e obrigaram o Pará a ficar marcando passo até o Amazonas chegar ao mesmo ponto. Só que o Amazonas chegou a esse ponto, ultrapassou o Pará e nós ficamos a nos vangloriar que somos a maior província mineral do mundo com o direito de ficar, apenas, com os buracos, à semelhança do que fizeram com o Amapá. Agora mesmo acabam com a Sudam e com os incentivos fiscais e ninguém protestou”.
Há exatos 11 anos, dois meses depois de ter deixado o governo do Estado, Hélio Gueiros remeteu – usando como intermediário o diretor superintendente de A Província do Pará, Roberto Jares Martins – uma ofensiva (para se valer de um eufemismo) carta ao jornalista Lúcio Flávio Pinto. A carta, datada de 18 de abril de 1991, foi publicada naquela que seria a edição inaugural (maio de 1991) do retorno do jornal Bandeira 3, por isso mesmo natimorto, edição zero que instantaneamente entrou para a história, história negra como a primeira página do jornal, toda escura, “de luto”, como advertência aos leitores.
Recordado da passagem dos 11 anos desse episódio, a Hélio Gueiros foi feita a seguinte pergunta: “O senhor acha que o contexto de então justificaria o tom daquela carta? Por outro lado, como o senhor a analisa, da perspectiva de hoje. De qualquer maneira, o senhor fique à vontade para responder, ou desconsiderar, esta última pergunta”. A resposta de Gueiros: “Embora você me desse a liberdade de não responder à terceira pergunta, respondo. Poderia escrever um tratado de mil páginas tentando explicar a minha reação, mas não adiantaria nada. Não se pode nem se deve justificar o injustificável”.
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