quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

FÁBRICA ESPERANÇA – Debate partidarizado

A concluir de uma série de comentários anônimos feitos no blog, nos quais é fácil identificar as digitais dos áulicos de aluguel, lamentavelmente o debate em torno dos rumos e destino da Fábrica Esperança acabou partidarizado. Tentam, por exemplo, caracterizar a fábrica como um reduto da deputada petista Regina Barata, algo que não corresponde aos fatos. Em verdade, a Fábrica Esperança acabou por ser, ao longo do governo Ana Júlia, uma espécie de Faixa de Gaza, porque, como esta, não chega a ser formalmente de ninguém.
Por conta de sua independência em relação ao Palácio dos Despachos, Regina Barata foi maltratada, até a exaustão, pela ex-governadora Ana Júlia Carepa. Já no último ano do seu mandato Ana Júlia destinou a parlamentar petista o cargo de diretor geral da Fábrica Esperança e alguns outros cargos subalternos. E tanto é assim que Simone Barata, a preposta de Regina Barata nomeada diretora geral, não dispunha de autonomia de voo para substituir um único diretor.
Na realidade, a Fábrica Esperança floresceu à margem dos governos Jatene e Ana Júlia. Ela foi fundada e menosprezada no primeiro governo Simão Jatene, que se estende de 2003 a 2006. É emblemático, sobre o desdém tucano, que os empregados da fábrica, a quando da implantação dela, tenham ficado de quatro a seis meses sem receber seus salários. Na administração Ana Júlia Carepa o Palácio dos Despachos ignorou solenemente a Fábrica Esperança, chegando até a atrasar o pagamento dos salários por quase ou mais de 45 dias. O projeto só chamou atenção dos petralhas quando técnicos do Ministério da Justiça manifestaram admiração pela proposta que baliza a criação da Fábrica Esperança.
É natural que os vencedores queiram governar com os seus. Tanto quanto é legitimo que queiram implementar suas propostas. O que soa perigoso é negligenciar com a qualidade da gestão pública, para privilegiar os seus. Ou desdenhar do respeito às minorias. Ou, pior ainda, alimentar o revanchismo. O pudor ético e a tolerância são princípios inegociáveis para quem, preza, de fato, o regime democrático.

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