Recebi e transcrevo o comentário de uma internauta, que se assina Lúcia, sobre o problema da violência que medra entre adolescentes e jovens. O comentário é intitulado “Uma história sem heróis” e segue abaixo, na íntegra:
O cenário de violência dentro e fora das escolas, não é “privilégio” apenas do estado do Pará, mis especificamente em Belém. Esta informação é óbvia para pesquisadores e gestores da educação. O que parece ser absurdo, é a forma de trabalhar tão séria questão, aqueles que deveriam pelo menos buscar modelos inovadores de elaborar estratégias de enfrentamento. Um exemplo dessa incongruência, desqualifica a Secretaria de educação do Estado de São Paulo, nas atitudes que decidiu tomar, após o vandalismo de alunos de numa escola pública da capital. Transferir os indisciplinados, ou seja, transferir o problema para outra escola pública.
O inacreditável da situação, é que, segundo consta na noticia veiculada pela imprensa, o corpo docente pediu apoio dos mais variados setores antes de tudo acontecer. Ministério Público, Juizado da Infância e Juventude, Conselho Tutelar. Nada conseguiu evitar o pior. Não houve o devido retorno à escola. Por que?
Enquanto isso...
.Em Belém, a poucos dias, a TV mostrou cenas de violência entre duas alunas do Colégio Paes de Carvalho em plena luz do dia e em frente a sede da 8ª Região Militar do Exército. Outras, e tantas outras vezes cenas iguais e piores foram noticiadas. A realidade é catastrófica. Uma geração inteira parece estar destinada ao fracasso.
Daqui a poucos anos, a juventude que hoje teria que estar queimando “pestanas” como se dizia antigamente, diante dos livros, estará queimando colchões nos presídios do país inteiro. Aliás, é a mais trágica forma de transferir o problema: de Uma Secretaria de Educação para a Secretaria de Segurança Publica, com o agravante de ser a sociedade inteira a pagar duas vezes por um serviço que não foi feito. A sociedade entrega seu filho para a instituição educacional cuidar, esta não consegue fazer o trabalho por dois motivos: o produto veio com defeitos e não havia uma equipe de “reparos” que embora qualificada não tem o apoio e nem capacitação continuada para reverter os estragos feitos anteriormente e porque o cruzar de braços de uns anulou o trabalho de outros. Isso tudo patrocinado pela “Grande Máquina”, o Estado que está em constante crise existencial. Uma seqüencia de erros que será cobrada pelos próprios usuários deste maquinário enferrujado que é a política de educação.
De fato, a imagem colocada por Gilberto Dimenstein, no título de seu livro, é perfeita: O Cidadão de Papel (Prêmio Jabuti 1994). Prova disso é o Estatuto da Criança e do Adolescente seguindo na contramão no que se refere à educação. Usam-se primeiro os artigos do processo sócio-educativo, quando deveriam ser priorizados os diretos fundamentais, logo em suas primeiras páginas. Por causa disso, o ECA transformou-se numa lei que é vista com tantas más interpretações que, se tivesse sido devidamente aplicado nestes 18 anos de sua existência, a realidade seria outra. Uma lei que completou maioridade massacrada pelos adultos.
O que aqueles jovens fizeram na escola em São Paulo, ironicamente num bairro chamado Belém, acaba sendo, diante de tantos outros acontecimentos idênticos, um pedido desesperado de socorro desses meninos e meninas que perderam suas referencias, seja familiar, seja social. Diante dessa tragédia antropológica e antropofágica, transferir o problema, só trará mais prejuízos. O pior deles. A morte de uma geração que nasceu da indiferença e continua na invisibilidade.
Segue a noticia que motivou minha reflexão:
Secretaria transfere de escola depredada em São Paulo
14/11 - 09:44 , atualizada às 12:17 14/11 - Redação com Agência Estado
SÃO PAULO - Pelo menos seis alunos apontados pela Secretaria de Educação como responsáveis pelo quebra-quebra de quarta-feira na Escola Estadual Amadeu Amaral, no Belém, zona leste de São Paulo, vão ser transferidos. A direção identificou outros envolvidos na confusão, mas a secretaria optou por não informar o total de estudantes que serão encaminhados a outros colégios porque os pais ainda não haviam sido comunicados.
O gasto para recuperar a escola será de R$ 180 mil. O local receberá novos móveis no lugar dos depredados e dos mais antigos.
A Polícia Militar instaurou inquérito para investigar as denúncias de que estudantes teriam sido agredidos pelos soldados que foram conter o vandalismo. Alguns alunos afirmam que foram trancados em salas pelos policiais e apanharam. Segundo eles, os PMs estavam sem identificação. Quatro alunos feridos registraram ocorrência. “Não deixavam a gente falar. Chegaram batendo”, contou T., de 13 anos.
Quinze dias antes da confusão, a diretora Maria Regina de Negreiros pediu ajuda à Vara da Infância e Juventude para tentar resolver problemas de indisciplina, agressões e invasão da unidade. Ela também acionou o Conselho Tutelar nesta semana. Segundo a promotora Luciana Bergamo, Maria Regina entrou em contato com o Ministério Público no fim de outubro, cerca de um mês após assumir a direção.
“Na semana passada, ela mostrou fotos de alunos no telhado e de luminárias, janelas e carteiras destruídas.” Na segunda-feira, quando houve mais uma depredação, a diretora procurou novamente o MP. Luciana soube que já havia um BO por danos ao patrimônio, de agosto. Cinco jovens envolvidos no episódio foram ouvidos por ela.
O caso
Os alunos da Escola Estadual Amadeu Amaral, no Belém, zona leste de São Paulo, depredaram nesta quarta-feira o colégio aos gritos. O tumulto começou após uma briga entre duas alunas.
Os professores não conseguiram controlar a situação. Pedras e carteiras foram arremessadas nos vidros, portas arrombadas, tapas e socos fizeram os professores, acuados, se trancarem dentro de uma sala.
A “rebelião” só terminou por volta das 12 horas com a entrada da Polícia Militar, acionada por vizinhos e funcionários da unidade.
O cenário de violência dentro e fora das escolas, não é “privilégio” apenas do estado do Pará, mis especificamente em Belém. Esta informação é óbvia para pesquisadores e gestores da educação. O que parece ser absurdo, é a forma de trabalhar tão séria questão, aqueles que deveriam pelo menos buscar modelos inovadores de elaborar estratégias de enfrentamento. Um exemplo dessa incongruência, desqualifica a Secretaria de educação do Estado de São Paulo, nas atitudes que decidiu tomar, após o vandalismo de alunos de numa escola pública da capital. Transferir os indisciplinados, ou seja, transferir o problema para outra escola pública.
O inacreditável da situação, é que, segundo consta na noticia veiculada pela imprensa, o corpo docente pediu apoio dos mais variados setores antes de tudo acontecer. Ministério Público, Juizado da Infância e Juventude, Conselho Tutelar. Nada conseguiu evitar o pior. Não houve o devido retorno à escola. Por que?
Enquanto isso...
.Em Belém, a poucos dias, a TV mostrou cenas de violência entre duas alunas do Colégio Paes de Carvalho em plena luz do dia e em frente a sede da 8ª Região Militar do Exército. Outras, e tantas outras vezes cenas iguais e piores foram noticiadas. A realidade é catastrófica. Uma geração inteira parece estar destinada ao fracasso.
Daqui a poucos anos, a juventude que hoje teria que estar queimando “pestanas” como se dizia antigamente, diante dos livros, estará queimando colchões nos presídios do país inteiro. Aliás, é a mais trágica forma de transferir o problema: de Uma Secretaria de Educação para a Secretaria de Segurança Publica, com o agravante de ser a sociedade inteira a pagar duas vezes por um serviço que não foi feito. A sociedade entrega seu filho para a instituição educacional cuidar, esta não consegue fazer o trabalho por dois motivos: o produto veio com defeitos e não havia uma equipe de “reparos” que embora qualificada não tem o apoio e nem capacitação continuada para reverter os estragos feitos anteriormente e porque o cruzar de braços de uns anulou o trabalho de outros. Isso tudo patrocinado pela “Grande Máquina”, o Estado que está em constante crise existencial. Uma seqüencia de erros que será cobrada pelos próprios usuários deste maquinário enferrujado que é a política de educação.
De fato, a imagem colocada por Gilberto Dimenstein, no título de seu livro, é perfeita: O Cidadão de Papel (Prêmio Jabuti 1994). Prova disso é o Estatuto da Criança e do Adolescente seguindo na contramão no que se refere à educação. Usam-se primeiro os artigos do processo sócio-educativo, quando deveriam ser priorizados os diretos fundamentais, logo em suas primeiras páginas. Por causa disso, o ECA transformou-se numa lei que é vista com tantas más interpretações que, se tivesse sido devidamente aplicado nestes 18 anos de sua existência, a realidade seria outra. Uma lei que completou maioridade massacrada pelos adultos.
O que aqueles jovens fizeram na escola em São Paulo, ironicamente num bairro chamado Belém, acaba sendo, diante de tantos outros acontecimentos idênticos, um pedido desesperado de socorro desses meninos e meninas que perderam suas referencias, seja familiar, seja social. Diante dessa tragédia antropológica e antropofágica, transferir o problema, só trará mais prejuízos. O pior deles. A morte de uma geração que nasceu da indiferença e continua na invisibilidade.
Segue a noticia que motivou minha reflexão:
Secretaria transfere de escola depredada em São Paulo
14/11 - 09:44 , atualizada às 12:17 14/11 - Redação com Agência Estado
SÃO PAULO - Pelo menos seis alunos apontados pela Secretaria de Educação como responsáveis pelo quebra-quebra de quarta-feira na Escola Estadual Amadeu Amaral, no Belém, zona leste de São Paulo, vão ser transferidos. A direção identificou outros envolvidos na confusão, mas a secretaria optou por não informar o total de estudantes que serão encaminhados a outros colégios porque os pais ainda não haviam sido comunicados.
O gasto para recuperar a escola será de R$ 180 mil. O local receberá novos móveis no lugar dos depredados e dos mais antigos.
A Polícia Militar instaurou inquérito para investigar as denúncias de que estudantes teriam sido agredidos pelos soldados que foram conter o vandalismo. Alguns alunos afirmam que foram trancados em salas pelos policiais e apanharam. Segundo eles, os PMs estavam sem identificação. Quatro alunos feridos registraram ocorrência. “Não deixavam a gente falar. Chegaram batendo”, contou T., de 13 anos.
Quinze dias antes da confusão, a diretora Maria Regina de Negreiros pediu ajuda à Vara da Infância e Juventude para tentar resolver problemas de indisciplina, agressões e invasão da unidade. Ela também acionou o Conselho Tutelar nesta semana. Segundo a promotora Luciana Bergamo, Maria Regina entrou em contato com o Ministério Público no fim de outubro, cerca de um mês após assumir a direção.
“Na semana passada, ela mostrou fotos de alunos no telhado e de luminárias, janelas e carteiras destruídas.” Na segunda-feira, quando houve mais uma depredação, a diretora procurou novamente o MP. Luciana soube que já havia um BO por danos ao patrimônio, de agosto. Cinco jovens envolvidos no episódio foram ouvidos por ela.
O caso
Os alunos da Escola Estadual Amadeu Amaral, no Belém, zona leste de São Paulo, depredaram nesta quarta-feira o colégio aos gritos. O tumulto começou após uma briga entre duas alunas.
Os professores não conseguiram controlar a situação. Pedras e carteiras foram arremessadas nos vidros, portas arrombadas, tapas e socos fizeram os professores, acuados, se trancarem dentro de uma sala.
A “rebelião” só terminou por volta das 12 horas com a entrada da Polícia Militar, acionada por vizinhos e funcionários da unidade.
4 comentários :
é preciso de fato que alguma coisa mude
dificil é saber por onde começar,Lucia.vc vê que os aspirantes ao poder e aquels que la estão, nem tocam no assunto, não sabem o que dizer.so quem é professor sabe oque é isso: viver acuado todo dia, acho melhor incluir no nosso salario adicional de periculosidade e insalubridade porque as escolas nao oferecem conforto pra ninguem, quanto mais segurança
vítimas da indiferença, tanto em sp quanto aqui.as pessaos so pensam em seus umbigos é so ver aqui, a briga é feia, mas pra salvar a pele deles, os pobres que esperem.
Aff... Como a imprensa aumeeenta as coisas e cobre de forma tão sensacionalista! As 2 meninas que birgaram na praça da bandeira não eram nem alunas do "Paes de Carvalho"! Agora qualquer coisa que acontece na praça já é culpa da escola!?
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