NILDA BARATA*
O que significa redimensionar para a atual gestão da UFPA (Universidade Federal do Pará) e, mais particularmente, para a Progep (Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas)? Se excluir o atendimento de Psicologia Pediátrica é redimensionar, entendo que o redimensionamento culminará num retrocesso no que concerne ao atendimento na Pediatria. Não se concebe atender crianças sem abordar sua família, sem entender a dinâmica do cuidador, sem instrumentalizar a família e o paciente pediátrico, em como lidar com a doença crônica.
Como funcionária pública devo submeter-me às determinações superiores, em respeito a hierarquia da instituição. Tenho, porém, o direito de cobrar explicações – e explicações convincentes – de quem se arvora a senhor do destino de outrem. E penso ser dever de gestores comprometidos com ética, sobretudo em tempos de democracia plena, justificar suas decisões, até para imprimir transparências aos seus atos.
O xis da questão - Não estou aqui advogando em causa própria. Preocupa-me, por uma questão de princípio, o precedente aberto. Afinal, a injustiça cometida contra um é a ameaça feita contra todos. Este é o xis da questão.
Para ser objetiva, vou logo aos fatos. Por volta do dia 5 de agosto passado, fui informada pela diretora do ICS (Instituto de Ciências da Saúde) que seria transferida da Pediatria para o SAPS (Serviço de Assistência Psicossocial ao Discente). Este, segundo informe da página oficial da UFPA (http://www.portal.ufpa.br/imprensa/noticia.php?cod=2508), conta com quatro psicólogas e meta de 303 pessoas atendidas no ano de 2007 e mais 11 no ano em curso. Naquela altura fiz as perguntas que não querem calar: por que me transferir? Quais os motivos? E a discrepância entre os setores? Obtive como resposta que tratava-se de uma decisão da Progep, com base no redimensionamento. E só.
Histórico - Há seis anos trabalho na Pediatria. Em setembro de 2002 fui cedida do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza para o antigo Departamento de Atenção Materno-Infantil II e, desde então, trabalho junto à equipe de Pediatras e Especialistas no Ambulatório de Pediatria, que funciona nas dependências da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Mais recentemente, com o novo reordenamento da saúde, os pediatras generalistas foram alocados nas unidades de saúde, porém os especialistas continuaram na Santa Casa. Até a presente data não se tem notícia da saída dos profissionais da UFPA da Santa Casa. Assim, continuava a desempenhar minhas funções de psicóloga clínica e da saúde, dando suporte à graduação do curso de Medicina na equipe multidisciplinar, juntamente com profissionais de um vasto leque de especialidades.
Este elenco inclui especialistas atuando em áreas diversas, como Dermatologia; Cardiologia; Gastroenterologia; Pneumologia; Reumatologia; Ambulatório de Obesidade Infantil, em parceria com a nutrição da Santa Casa. e que atende cerca de 300 crianças obesas; e Ambulatório de Genitália Ambígua, nesse caso em parceria com a equipe de saúde da Santa Casa e que atende cerca de 150 crianças, indígenas inclusive.
Investimento inócuo - Vale ressaltar que, a quando da implantação desse serviço, fiz treinamento no Hospital de Clinicas da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, sob os auspícios da UFPA. Daí a inevitável e constrangedora constatação de que, aparentemente, a UFPA fomenta a especialização e depois esvazia o serviço, mandando para o ralo os recursos públicos investidos! Resumindo: tratou-se de um investimento inócuo.
Todas as especialidades citadas anteriormente tratam de doenças crônicas. Essas patologias trazem a necessidade da atenção multidisciplinar em saúde, segundo o modelo biopsicossocial, de acordo com o qual profissionais médicos e não médicos trabalham em parceria. Estávamos afinados. Eu era a única psicóloga com experiência de mais de 20 anos na área da saúde, mais especificamente no atendimento de crianças.
Contra-senso – Diante do exposto emerge a inevitável indagação: é ou não é um contra-senso desarticular um ambulatório inteiro, que representa a graduação, no momento que o curso de Medicina recebe a nota que recebeu e está sob supervisão do MEC? Mas o contra-senso não fica por aí. E os pacientes? São crianças! E tinham com o meu trabalho uma alternativa para tratar das suas dores emocionais e resgatar a auto-estima, potencializando os efeitos do tratamento.
Redimensionamento é algo muito sério para ser tratado de forma autocrática. Para que atinja seus objetivos, é indispensável que ele seja implementado para humanizar as relações de trabalho e otimizar a produção do servidor público. Para tanto, a condição sine qua non é o diálogo. Sem isso, prevalecerá o obscurantismo, o contraponto do contraditório, essência da academia, do saber e do bem-estar comum.
* Nilda Barata é psicóloga (CRP 727-6), formada pela Universidade Federal do Pará, Mestre em Teoria e Pesquisa do Comportamento, pela UFPA. E-mail: nildabarata@hotmail.com
O que significa redimensionar para a atual gestão da UFPA (Universidade Federal do Pará) e, mais particularmente, para a Progep (Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas)? Se excluir o atendimento de Psicologia Pediátrica é redimensionar, entendo que o redimensionamento culminará num retrocesso no que concerne ao atendimento na Pediatria. Não se concebe atender crianças sem abordar sua família, sem entender a dinâmica do cuidador, sem instrumentalizar a família e o paciente pediátrico, em como lidar com a doença crônica.
Como funcionária pública devo submeter-me às determinações superiores, em respeito a hierarquia da instituição. Tenho, porém, o direito de cobrar explicações – e explicações convincentes – de quem se arvora a senhor do destino de outrem. E penso ser dever de gestores comprometidos com ética, sobretudo em tempos de democracia plena, justificar suas decisões, até para imprimir transparências aos seus atos.
O xis da questão - Não estou aqui advogando em causa própria. Preocupa-me, por uma questão de princípio, o precedente aberto. Afinal, a injustiça cometida contra um é a ameaça feita contra todos. Este é o xis da questão.
Para ser objetiva, vou logo aos fatos. Por volta do dia 5 de agosto passado, fui informada pela diretora do ICS (Instituto de Ciências da Saúde) que seria transferida da Pediatria para o SAPS (Serviço de Assistência Psicossocial ao Discente). Este, segundo informe da página oficial da UFPA (http://www.portal.ufpa.br/imprensa/noticia.php?cod=2508), conta com quatro psicólogas e meta de 303 pessoas atendidas no ano de 2007 e mais 11 no ano em curso. Naquela altura fiz as perguntas que não querem calar: por que me transferir? Quais os motivos? E a discrepância entre os setores? Obtive como resposta que tratava-se de uma decisão da Progep, com base no redimensionamento. E só.
Histórico - Há seis anos trabalho na Pediatria. Em setembro de 2002 fui cedida do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza para o antigo Departamento de Atenção Materno-Infantil II e, desde então, trabalho junto à equipe de Pediatras e Especialistas no Ambulatório de Pediatria, que funciona nas dependências da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Mais recentemente, com o novo reordenamento da saúde, os pediatras generalistas foram alocados nas unidades de saúde, porém os especialistas continuaram na Santa Casa. Até a presente data não se tem notícia da saída dos profissionais da UFPA da Santa Casa. Assim, continuava a desempenhar minhas funções de psicóloga clínica e da saúde, dando suporte à graduação do curso de Medicina na equipe multidisciplinar, juntamente com profissionais de um vasto leque de especialidades.
Este elenco inclui especialistas atuando em áreas diversas, como Dermatologia; Cardiologia; Gastroenterologia; Pneumologia; Reumatologia; Ambulatório de Obesidade Infantil, em parceria com a nutrição da Santa Casa. e que atende cerca de 300 crianças obesas; e Ambulatório de Genitália Ambígua, nesse caso em parceria com a equipe de saúde da Santa Casa e que atende cerca de 150 crianças, indígenas inclusive.
Investimento inócuo - Vale ressaltar que, a quando da implantação desse serviço, fiz treinamento no Hospital de Clinicas da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, sob os auspícios da UFPA. Daí a inevitável e constrangedora constatação de que, aparentemente, a UFPA fomenta a especialização e depois esvazia o serviço, mandando para o ralo os recursos públicos investidos! Resumindo: tratou-se de um investimento inócuo.
Todas as especialidades citadas anteriormente tratam de doenças crônicas. Essas patologias trazem a necessidade da atenção multidisciplinar em saúde, segundo o modelo biopsicossocial, de acordo com o qual profissionais médicos e não médicos trabalham em parceria. Estávamos afinados. Eu era a única psicóloga com experiência de mais de 20 anos na área da saúde, mais especificamente no atendimento de crianças.
Contra-senso – Diante do exposto emerge a inevitável indagação: é ou não é um contra-senso desarticular um ambulatório inteiro, que representa a graduação, no momento que o curso de Medicina recebe a nota que recebeu e está sob supervisão do MEC? Mas o contra-senso não fica por aí. E os pacientes? São crianças! E tinham com o meu trabalho uma alternativa para tratar das suas dores emocionais e resgatar a auto-estima, potencializando os efeitos do tratamento.
Redimensionamento é algo muito sério para ser tratado de forma autocrática. Para que atinja seus objetivos, é indispensável que ele seja implementado para humanizar as relações de trabalho e otimizar a produção do servidor público. Para tanto, a condição sine qua non é o diálogo. Sem isso, prevalecerá o obscurantismo, o contraponto do contraditório, essência da academia, do saber e do bem-estar comum.
* Nilda Barata é psicóloga (CRP 727-6), formada pela Universidade Federal do Pará, Mestre em Teoria e Pesquisa do Comportamento, pela UFPA. E-mail: nildabarata@hotmail.com
12 comentários :
Muito bem doutora,pra você Barata o quanto SIBELE CAETANO E SUA EQUIPE SÃO MENTIROSOS e este ncaso desta profissional não é o unico,no total podemos computar mais de 190 pessoas que de um certa maneira sofreram algum tipo de constrangimento pessoal e tentativa de desmoralização profissional.
Querida,
Sinceramente vc acha que foi só a PROGEP? ou sua diretora do CCS não está se escondendo por trás de tudo.
Tem horas que penso que vcs são ingenuos de mais para o meu gosto.
Todos os dirigentes indicaram que não queriam em suas Unidades.
Esses dirigentes são o máximo se escondendo em baixo da saia da PROGEP.
hahahahahahahahahahahaha
Parabéns, Nilda. Até que enfim alguém teve a coragem de desmascarar essa administração atual de nossa UFPA>
Vamos colocar os pingos nos ii. Que a Dr. Nilda foi prejudicada em sua auto-estima parece algo óbvio, segundo o seu relato.
Mas algumas questões levantadas pela psicóloga, a mim, carecem de esclarecimentos, tipo: a equipe multidisciplinar da qual ela fazia parte deixou de existir, mesmo? Será que desarticulariam uma equipe multidisciplinar de saúde apenas para prejudicar alguém? Será que a Congregação do Instituto de Ciências da Saúde não se pronunciaria sobre esta atitude tresloucada de deasarticular uma equipe multidisciplinar inteira sem razão aparente?
Ocorre que a questão principal, obviamente, é outra e é mais preocupante.
O redimensionamento de pessoal da UFPA está sendo utilizado como ponto de referência para atingir a candidatura da profa. Regina Feio. É o que dá pra perceber, caro Barata e leitores, das manifestações das chapas de oposição à reitoria. E é exatamente aí que está o grande problema, pois se esse povo reza só essa ladainha (do redimensionamento) isso é um indicador de que não há o que discutir.
Vocês já viram crítica sistemática, tal qual é feita contra o redimensionamento, à pós-graduação? Às atividades extensionistas? À Universidade Multicampi? À política de infra-estrutura física? Ao Restaurante Universitario? Às estratégias de captação de recursos? Ao incentivo à pesquisa? À relação universidade-empresa? Enfim, nada disso parece ter importância: só o redimensionamento importa.
Isso é ruim.
Demonstra visão curta da UFPA e de seus desafios. Superficialidade. Mediocridade. Desconhecimento. Oportunismo.
Sobre o grau de estrabismo na técnica ao implementar o redimensionamento, não poderia um programa dessa natureza dar certo logo de prima, pelo menos se considerarmos que a inovadora política de pessoal da UFPA tem menos de quatro anos. (E não podemos esquecer que a UFPA foi uma das três primeiras IFES a implementar o programa).
Claro que os opositores dirão:
- Não deveria ser assim; deveria ser assado etc. etc. etc." Sofismas.
Daí, BArata, é esperar que alunos, professores e funcionários escolham o melhor projeto de universidade para a UFPA. Eu, voto pela continuidade do projeto que vem alcançando os bons resultados que toda a sociedade paraense conhece. Eu voto em Regina Feio para reitora da UFPA.
Barata:
Este comentário, ainda que provocado por uma situação particular, serve muito bem para dar uma idéia do panorama da saúde pública como um todo no estado do Pará.
Enquanto se sucedem os episódios dessastrosos de mortes por negligência de atendimento e o estado registra índices de produtividade baixíssimos em relação a outros do Brasil, mais se vê essas "arrumações de cabide-de-emprêgo" na saúde pública.
Ninguém está preocupado com a vida do usuário pobre do SUS. Estão sim, com o poder, para garantir colocações. Isso acontece na UEPA, na SESPA, na SESMA, nas autarquias, etc. Tá brabo!
Meu caro anônimo da 1.22
Regina Feio não tem a capacidade de liderança de Alex, nem sua capacidade mobilização, nem articulação institucional. Regina Feio não lidera nem em odontologia. Não seja irresponsável com a UFPA. Entregar a a universidade para o comando de Regina é levar a instituição para o buraco. Regina é sectária, perigosa e cheio de ressentimento. Desista, mas Regina vai perder até dentro do ICS.
Anônimo das 1:22,
Vc tem razão em uma coisa, há problemas gritantes na Pós-graduação, na Extensão, na graduação( vcs bem o sabem no ICS-medicina), Restaurante Universitário, Multicampi, etc, etc.
Vc precisa frequentar as reuniões-sem compromisso- dos outros candidatos a reitor da UFPA. Isso ajudará e muito a ampliar seus horizontes, pois saberá que eles e têm críticas construtivas e propostas para o que vc elencou e muito mais.
No entanto, nenhum deles e a maioria de nós servidores docentes e técnicos-administrativos, não pode negar que a política de redimensionamento da UFPA tem erros (para não usar outra denominação)que precisam ser corrigidos pelo novo(a) reitor(a) e sua equipe. dentre esses "erros" os casos com da psicóloga Nilda Barata, Cleide Raiol e tantos outros.
A situação caótica do quadro sanitário do Pará,exposta pelas centenas de mortes de crianças recém-nascidas na (a)Fundação Sta. Casa, descaso com os pacientes nos Hospitais Ofir Loyola e Hospital das Clínicas, além falta de organização e funcionamento da Atenção Básica, dentro outros descalabros, passa também pelo tipo de gestão acadêmica desfocada da realidade dos cursos da área da Saúde,nos públicos (UEPA e UFPA)e privados (Cesupa,Unama etc.). Gestores despreparados e descompromissados com o Sistema Único de Saúde. Infelizmente, a filosofia, os princípios e as estratégias do SUS estão somente nos discursos da maioria dos gestores e governantes. O controle social do SUS que deveria ser exercitado nesses cursos ainda é desconhecido por grande parte dos docentes. Meu caro Barata, a coisa está braba e pode ficar mais Feia caso a Regina seja imposta como Reitora à comunidade da UFPA.
Ao anônimo de 10.11, das 20:37,
Vc é o ingênuo do momento ou é o cínico?
Os erros do redimensionamento, publicizados aos quatro cantos do Pará, são justamente os ocasionados pela "negociata" entre PROGEP( SIBELE< PAULA IVANA>) e os diretores de Institutos, Núcleos, etc. O que desvirtuou a execução da referida política.
"Coitadinha" da Progep, coitadinhas da Sibele e Paula Ivana...enganadas pelas maldades dos dirigentes da Unidades da UFPA!!!
Ao Anônimo da 1:22
Você deveria se informar mais antes de falar. A questão do Redimensionamento é muito mais ampla do que você pensa, uma vez que o mesmo está vínculado ao Plano Institucional da Universidade Federal do Pará. Diz respeito a melhorar a qualidade dos serviços desenvolvidos; melhorar o nível de satisfação da comunidade universitária quanto aos serviços executados; Potencializar as competências; Dotar as Unidades Acadêmicas e Administrativas de pessoal em quantidade suficiente e com competências alinhadas à natureza dos serviços desenvolvidos. Se isso tudo não tem haver com a Pós-Graduação, com a Extensão, com a Multi-campi, com a infra, com captação de recursos, etc, então o que é Plano Institucional da Universidade Federal do Pará. Reduzir a discussão do Redimensionamento a questão "utilizado como ponto de referência para atingir a candidatura da profa. Regina Feio." é querer simplificar demais a discussão, é querer buscar, como dizia minha querida avó, "chifre em cabeça de cavalo". Gosto não se discute, apenas se lamenta. O voto é seu e você dá pra quem quiser. Mas que o Programa foi utilizado de forma inadequada, seja pelos dirigentes da Unidades ou pela Progep, isso não resta dúvida. Reconhecer os erros não é demérito, é uma virtude. Embora poucos, nessa UFPA, os tenham ou os valorize.
Vc resumiu muito bem, anônimo antes de mim!!!
Eu estou redimensionado... "Encostado na própria PROGEP", há dois meses e fora da minha formação/ cargo de concursado. E, aí? Qual é a contribuição de qualidade que estou dando pra Instituição? Que visão, pesquisa, estudo...a Progep fez ao meu respeito?
Temos uma esperança de que os equívocos serão corrigidos e uma política de redimensionamento com a escuta de ambos os lados (Unidade/chefia e servidor(a))e acompanhamento, sistemático, do servido no local de trabalho. Discretamente, sem alarde, sem manchete, com ética.
Todos, eu digo, todos sr. Barata e os demais que me leem,os candidatos a reitor(a) se comprometem em suas falas e nas notas escritas distribuidas no campus, com a "REVISÃO" do redimensionamento.
Pura política? Não acredito.
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