SOB CENSURA, POR DETERMINAÇÃO DOS JUIZES TÂNIA BATISTELO, JOSÉ CORIOLANO DA SILVEIRA, LUIZ GUSTAVO VIOLA CARDOSO, ANA PATRICIA NUNES ALVES FERNANDES, LUANA SANTALICES, ANA LÚCIA BENTES LYNCH, CARMEN CARVALHO, ANA SELMA DA SILVA TIMÓTEO E BETANIA DE FIGUEIREDO PESSOA BATISTA - E-mail: augustoebarata@gmail.com
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
BLOG – MPE pede, PGE endossa e TJ impõe censura
O juiz Luiz Gustavo Viola Cardoso: postura servil, em liminar graciosa... |
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... na esteira da submissão de Caio Trindade, procurador-geral do Estado. |
Uma
aventura processual, entre o patético e o hilário. Assim pode ser resumida a
ação judicial ajuizada pelo Estado do Pará, via PGE, a Procuradoria-Geral do
Estado, atendendo solicitação do MPE, o Ministério Público Estadual, impondo,
na prática, a censura ao Blog do Barata. O
pretexto para a lambança, digna dos cúmplices retroativos da ditadura militar,
foi uma suposta “campanha de satanização e perseguição ao Parquet Estaudal
(sic), isto em virtude da atuação de alguns dos seus membros, bem como por conta
do direcionamento de questões administrativas da instituições, cujas decisões
(sic) não concorda”. Se a petição inicial, subscrita pelo procurador-geral do
Estado, Caio Trindade, e por Ricardo Seffer, procurador do Estado, soa
graciosa, a liminar do juiz substituto Luiz Gustavo Viola Cardoso é um primor
em matéria de estultícia servil. O magistrado determina que eu retire e
abstenha-me de veicular no blog, “ou qualquer outra publicação” de minha
autoria, “expressões ofensivas, injuriosas, pejorativas e grotescas dirigidas a
instituição Ministério Público do Estado do Pará e seus órgãos administrativos,
sob pena de multa pessoal diária”, que o magistrado arbitra em R$ 1 mil, “sem
prejuízo da prática de crime e sanções civis”.
Pelos
seus termos, a petição inicial exibe a profundidade intelectual de um livro de
auto-ajuda e fatalmente soa graciosa, ao tentar blindar contra críticas o
Ministério Público Estadual, valendo-se, para tanto, de malabarismos
semânticos. “Oportunamente, desde já requer-se que a liminar deixe claro que a
limitação refere-se exclusivamente às referências feitas à instituição MPE/PA,
não abrangendo a citação pessoal de qualquer dos seus membros, cujos interesses
não são objeto da presente ação”, sublinha uma passagem da inicial, reveladora
da intenção de impor um interdito proibitório, diante de eventuais malfeitos
perpetrados em nome da instituição. E se dúvida houvesse, sobre essa motivação
oculta, ela seria dissipada diante dos termos que fui obrigado a deletar, sob o
aval do juiz substituto Luiz Gustavo Viola Cardoso, cuja manifestação vagueia
entre a obtusidade togada e o arrivismo próprio dos magistrados que, mirando na
ascensão funcional, submetem-se aos caprichos dos poderosos de plantão, como
boys qualificados. Ao tratar de circunstanciais falcatruas e/ou deslizes éticos
do MPE e seus membros estou proibido de utilizar-me dos seguintes termos, “e
congêneres”: “tramoia” (sic), “silêncio obsequioso”, “sinecuras”, “orgia de
sinecuras” e ”trem da alegria”.
Em
tese, o procurador-geral do Estado, Caio Trindade, cumpre o seu papel. Em tese,
porque ele se notabilizou pela subserviência diante dos despautérios dos
poderosos de plantão. No caso da ação ajuizada contra mim, impondo-me na
prática a execrável censura, bancada pela estultícia servil do juiz Luiz
Gustavo Viola Cardoso, Trindade comportou-se como um digno boy qualificado dos
inquilinos do poder. Antes de encontrar quem se dispusesse a fazer o serviço
sujo, a pedido da maioria dos procuradores de Justiça, ele acionou um
competente e experiente procurador do Estado, que recusou-se a endossar a
lambança, por não encontrar amparo para a ação judicial pretendida. Incansável,
ele obstinadamente insistiu na lambança, até encontrar quem se dispusesse a com
ele subscrever a aventura processual.
O
imbróglio remete, fatalmente, ao desabafo do jornalista Paulo Maranhão, após
sofrer um ignominioso banho de fezes dos áulicos do ex-governador e ex-interventor
Magalhães Barata, ao qual a Folha do
Norte, jornal da família Maranhão, fazia tenaz oposição. “Cada um dá o que tem, e o governo do
nosso Estado não tem senão merda para dar”, sentenciou o jornalista, na
ocasião.
A
História, como se sabe, se repete como farsa. Mas a sentença de Paulo Maranhão
perdura atual. Ainda que a merda, hoje, seja em sentido figurado. Embora
perdure fétida, por força do odor ao qual remetem os xerimbabos dos inquilinos
do poder - togados, ou não.
BLOG – Sandice digna dos anos de chumbo
Nada
mais ilustrativo da litigância de má-fé na qual se constitui a ação ajuizada
pela PGE que a proibição do Blog do Barata utilizar a
expressão “silêncio obsequioso”, ao tratar do MPE. A lambança se constitui em
uma sandice digna dos anos de chumbo da ditadura militar que impôs ao Brasil,
de 1964 a 1985, a noite negra do obscurantismo. O mais grave, é que a marmota
teve o aval de um magistrado, ocorrendo em pleno regime democrático, na
contramão dos postulados democráticos.
A
expressão silêncio obsequioso designa,
originalmente, o recesso temporário, na pregação e publicação de textos, solicitado
a eclesiásticos que preguem ou divulguem princípios que estejam na contramão da
doutrina da Igreja Católica. Na linguagem cotidiana, prosaica, a expressão
designa, por analogia, o mutismo de quem nele se abriga para evitar mal-estar ou
retaliações.
É
emblemático da estultícia e da má-fé que permeiam, juntas e misturadas, a
liminar do juiz Luiz Gustavo Viola Cardoso, que envereda pelo subjetivismo tão
caro aos esbirros togados, para impor a Lei
da Mordaça ao Blog do Barata.
Particularmente quando determina que fico proibido de valer-me de “expressões
ofensivas, injuriosas, pejorativas e grotescas dirigidas a instituição
Ministério Público do Estado do Pará e seus órgãos administrativos”. O que
distingue a crítica própria do exercício pleno das liberdades democráticas,
motivadas pelo interesse público, do que o magistrado entende como “expressões
ofensivas, injuriosas, pejorativas e grotescas dirigidas a instituição
Ministério Público do Estado do Pará e seus órgãos administrativos”? É aí, precisamente aí, que o obscuro magistrado pretende manter-me refém de sua pusilanimidade, ficando à vontade para criminalizar a crítica democrática.
BLOG – O que está por trás do contencioso
Dentro
do ordenamento jurídico democrático, a censura, como regra, acaba por se
constituir na ditadura dos corruptos, o que no Pará é potencializado pelo sistemático
aval do TJ, um prostíbulo sem marafonas, no qual, em lugar do sexo, vende-se
consciências, respeitadas as exceções que confirmam a regra. Não por acaso, da
censura togada, levada ao paroxismo na forma da censura prévia judicial,
costumam valer-se os inquilinos do poder e seus xerimbabos, quando flagrados em
malfeitos, ou na expectativa de que isso possa ocorrer.
Neste
caso específico, o ignominioso é o MPE, o Ministério Público Estadual, por
princípio o fiscal da lei, agredir o ordenamento jurídico democrático, ao reivindicar
a censura, em um pedido servilmente coonestado pela PGE, a Procuradoria-Geral
do Estado, em uma aberração acatada por um obscuro juiz substituto, Luiz
Gustavo Viola Cardoso, cujos termos da liminar sugere ficar sob o risco de uma
iminente convulsão cerebral, na possibilidade de ter duas idéias concomitantes.
O
que está por trás de toda essa lambança, além da proverbial vendeta dos poderosos
de plantão e seus cúmplices, é amordaçar o Blog do Barata durante o
processo eleitoral do MPE, o Ministério Público do Estado do Pará. Além, é claro, da pretensão de Caio Trindade em habilitar-se, com sua dedicação servil, a chegar ao desembargo, com o aval antecipado do governador tucano Simão Jatene.
BLOG – Estrepolias dos doutos fiscais da lei
O
que conspira contra a imagem do MPE não é o Blog do Barata com
suas eventuais denúncias, mas os malfeitos ou deslizes éticos nos quais foram
flagradas algumas das cabeças coroadas da instituição, protegidas pela omertà, que turbina o corporativismo,
combustível da impunidade. O que macula a imagem do MPE é procurador de Justiça
ser flagrado dirigindo bêbado, pela Polícia Rodoviária Federal, como ocorreu com Ricardo Albuquerque da Silva, conforme
revelou a TV Liberal, no Jornal Liberal 1ª Edição de 31 de outubro de 2011, com o
auxílio de imagens. Silva acabou impune, na esteira de uma falha insanável que
tornou nulo o flagrante. Este foi o álibi do qual se serviu, para inocentá-lo, o CNMP, o Conselho Nacional do Ministério Público, o valhacouto do corporativismo.
Execrável
é o procurador-geral de Justiça licenciado, Marcos Antônio Ferreira das Neves, atrelar o MPE ao governo Simão Jatene, mirando na sua recondução ao cargo. Ou cultivar despudoradamente o patrimonialismo e abrigar
na instituição, tão logo empossado, o namoradinho da filha, Gil Henrique Mendonça Farias, aparentemente
órfão de maiores predicados intelectuais e que acabou no 551º lugar, com a nota
de 68,25, no concurso do MPE para analista jurídico. Igualmente
execrável é Neves ter contemplado, com um cargo comissionado no MPE, o
amigo-de-fé-irmão-camarada André Ricardo Otoni Vieira, do qual é também
sócio em várias empresas, o que configura a tradicional promiscuidade entre o
público e o privado.
Imoral é o mesmo Marcos Antônio Ferreira das Neves, como
procurador-geral de Justiça, criar uma avalancha de cargos comissionados, mais
de 200 cargos, para ser exato, em detrimento do concurso público, na contramão
do que o MPE cobra daqueles a quem fiscaliza. Imoral é o MPE permanecer
silente, diante do PCCR da Alepa,
o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração da Assembleia Legislativa do
Pará, declarado inconstitucional pelo próprio Ministério Público Estadual, que depois calou-se a respeito, em um meia-volta, volver, em troca da aprovação de projetos de interesse do MPE.
Eticamente condenável é o MPE contratar,
por preço questionável e sem licitação, a Fundação Carlos Chagas, para
organizar e realizar concurso promovido pela instituição. Ou condoer-se – com razão,
diga-se – diante da repulsiva matança de cães em Santa Cruz do Arari, município
do Pará, mas manter-se silente diante das recorrentes mortes de bebês na Santa
Casas de Misericórdia do Pará, presumivelmente porque qualquer cobrança
fatalmente evidenciaria o desleixo, para com a saúde pública, do governador
tucano Simão Jatene.
Representa um escárnio ao contribuinte a
impunidade do promotor de Justiça Franklin Lobato Prado. Suspeito do crime de
usura, diante dos fortes indícios de prática de agiotagem, Franklin Lobato Prado foi denunciado
criminalmente pelo próprio Ministério Público Estadual, acusado de fraudar
documentos, para viabilizar sua ascensão funcional. A denúncia, de responsabilidade do procurador de
Justiça Ricardo Albuquerque da Silva, o pinguço aloprado, foi rejeitada, por conter - por incompetência ou má-fé - um erro
insanável, pelo desembargador João Maroja, com a ressalva que, corrigido o
equívoco apontado, nada impedia o MPE de reingressar com a ação no TJ. Em lugar
de corrigir o erro insanável, o MPE optou por recorrer da decisão, sugerindo
apostar na prescrição do processo, o que manterá Franklin Lobato Prado impune.
A
propósito, vale repetir, porque para lá de pertinente, o que aqui já foi dito:
quem discorda, quem debate, quem esclarece, não representa o menor perigo. O
perigo vem, sempre, de quem concorda, de quem se acomoda, de quem é
subserviente por cálculo, vocação, formação e interesse. Quem é a favor, sim, é
perigoso e caríssimo, porque seu silêncio vale ouro.
BLOG – A ação ajuizada pela PGE
Abaixo,
a reprodução da ação ajuizada pela PGE, a Procuradoria-Geral do Estado. Clique
sobre as imagens, para melhor poder ler.
BLOG – A liminar do juiz
Abaixo,
a reprodução da liminar do juiz Luiz Gustavo Viola Cardoso, da qual tomei ciência na última quinta-feira, 30 de outubro, ao ser despertado, às 7h30 da manhã, com a presença de um oficial de Justiça de idade crepuscular e um figurino algo démodé. Clique
sobre as imagens, para melhor poder ler.
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
ANÁLISE – Helder, um líder emergente, avalia Corrêa
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Roberto Corrêa: bom desempenho fortaleceu Helder. |
“Enfrentando a máquina estatal e seus derivativos de uma agressiva
escuderia midiática, Helder conseguiu totalizar 1,721 milhões de votos,
anunciando com isso o surgimento de uma inconteste liderança, pronta a assumir
e ocupar o cenário político paraense nas próximas décadas.” Esta é a avaliação
que o cientista político Roberto Corrêa faz da sucessão estadual do Pará, em um
balanço das eleições de 2014, na qual o governador Simão Jatene, do PSDB,
obteve a reeleição, com 51,9% dos votos válidos, contra 48,1% de Helder
Barbalho, do PMDB. Helder é filho e herdeiro político do senador e
ex-governador Jader Barbalho, o morubixaba da legenda no Estado e a mais
longeva liderança política da história do Pará.
Professor de carreira da UFPA, a
Universidade Federal do Pará, Roberto Corrêa é um dos mais respeitados
intelectuais da sua geração. Ele notabilizou-se não só pela sagacidade
intelectual, como pela elegância com que administra o contraditório, na esteira
de uma proverbial bonomia. Essa bonomia, porém, jamais o impediu de externar
suas convicções, ainda que respeitando a opinião de quem dele eventualmente
discorde, elogiável virtude a qual se dá o nome de coragem moral.
Em
entrevista ao Blog do Barata, Corrêa manifesta a convicção
pétrea de que Helder Barbalho revela-se uma liderança emergente, com luz
própria, a despeito da personalidade solar do pai e patrono político, Jader
Barbalho. “Algo que decorre não apenas do
prestígio do pai, mas e muito em função das habilidades de Helder em fazer-se
respeitar pela capacidade política de articulação”, assinala. “Ou seja: Helder
Barbalho é ele e suas circunstâncias, que incluem a história do pai, Jader
Barbalho, e da mãe, deputada federal Elcione Barbalho”, salienta.
ANÁLISE – As parcas opções de Jatene
Sobre
o discurso de tom rancoroso de Simão Jatene, mesmo depois de ter a reeleição
ungida pelas urnas, Roberto Corrêa entende que deverá ser convenientemente
deletado, diante dos desdobramentos políticos da reeleição da presidente Dilma
Rousseff. “Os desdobramentos dessa cena de partida
ainda encontram-se influenciados pelas mágoas da campanha. Há que esperar o
surgimento de novas composições, que haverão de surgir, tanto em nível nacional,
como local”, enfatiza.
Seja
como for, Corrêa entende que Jatene é refém das circunstâncias. “Jatene tem dificuldade de descentralizar o comando do governo e, com
isso, terá dificuldade de favorecer o surgimento de uma liderança capaz
disputar o próximo governo. Nomes como o de Zenaldo Coutinho e de Manoel
Pioneiro podem aparecer sem que tenham necessariamente substantivo apoio de
Simão Jatene”, analisa. “O PMDB, no entanto, tem esse nome que deverá continuar
avançando nas preferências do eleitorado. O nome de Helder Barbalho”,
acrescenta.
ANÁLISE – O uso da máquina e o poder econômico
“Levanto a hipótese de que o uso da
máquina, em articulação com o poder econômico, fez a diferença no dia da
eleição”, declara Roberto Corrêa, ao ser indagado sobre as causas do desfecho
da eleição para o governo do Pará, com a vitória do governador Simão Jatene
(PSDB), reeleito, sobre Helder Barbalho (PMDB). “Na minha apreciação, não houve
falha no desempenho de Helder, tanto no programa eleitoral gratuito como nos
debates. Helder mostrou segurança e seu desempenho foi positivo”, sublinhou
Corrêa, em entrevista ao Blog do Barata, que segue abaixo.
A derrota de Helder Barbalho, o candidato ao governo do Pará pelo PMDB,
representa o fim do ciclo do seu pai e patrono político, o senador e
ex-governador Jader Barbalho, hoje com 70 anos e que perpetuou seu nome como a
mais longeva liderança política da história do Pará?
Não vejo
apenas pelo ângulo da longevidade política de Jáder Barbalho, algo importante
para a dominância regional peemedebista, mas e principalmente pelos efeitos
diretos dessa longevidade, em associação com as qualidades performáticas de
Helder Barbalho que, em resposta a uma eleição polarizada, teve sua liderança
reconhecida e demonstrada, como bem atesta a enorme votação conquistada tanto
no primeiro como no segundo turno destas, que foram as eleições mais
concorridas da história recente da política paraense. Enfrentando a máquina
estatal e seus derivativos de uma agressiva escuderia midiática, Helder conseguiu
totalizar 1,721 milhão de votos, anunciando com isso o surgimento de uma
inconteste liderança, pronta a assumir e ocupar o cenário político paraense nas
próximas décadas.
Como é
praxe em políticos de perfil solar, Jader Barbalho jamais admitiu sombras no
PMDB, partido que no Pará se confunde com o seu nome, inibindo a emergência de
lideranças com luz própria. Helder Barbalho teria tempo para ganhar vida
própria e habilitar-se a comandar o PMDB, sem estar a reboque do pai e patrono,
como ocorreu até aqui?
Tendo a ver
esse aspecto particular da luminosidade política do líder maior, como algo
comum a todas as agremiações partidárias fortes. Partidos fortes como PMDB,
PSDB e PT, em razão da busca por maximização de voto, tendem a se tornar
parecidos naquilo que chamamos de coalizão de líderes. Seja Jader Barbalho e
Temer, no PMDB; Serra, FHC e Alkmin, no PSDB ; ou Lula, no PT. A luminosidade
dessas lideranças não as tornam de uma hora para outra caudilhos partidários,
mas homens necessários para a busca do consenso nas disputas internas – aquilo
que os ingleses chamam de desavenças no “Jardim Secreto”. A verdade é que tais
lideranças, para avançarem nas decisões intra e interpartidárias, necessárias
indispensáveis às vitórias eleitorais, terão sempre de contar com o apoio de
lideranças territorialmente dispersas, sobretudo aquelas que no exercício de
mandatos de representação (deputados e senadores) ou em funções executivas
(prefeitos), usufruam de ativos de poder. Jader Barbalho, se é líder inconteste
no PMDB, é porque trabalhou sempre com essa orientação estratégica. Por outro
lado, é da capacidade de articulação de Jader que Helder Barbalho aparece como
projeto viável de sua sucessão no PMDB. Algo que decorre não apenas do
prestígio do pai, mas, e muito, em função das habilidades de Helder em fazer-se
respeitar pela capacidade política de articulação. Ou seja: Helder Barbalho é
ele e suas circunstâncias, que incluem a história do pai, Jader Barbalho, e da
mãe, deputada federal Elcione Barbalho.
Para além
da escandalosa utilização da máquina administrativa estadual pelo governador
tucano Simão Jatene, Helder Barbalho foi vítima do caráter plebiscitário que
acaba ganhando qualquer eleição majoritária na qual se envolva, direta ou
indiretamente, Jader Barbalho?
Eleições
plebiscitárias são inevitáveis em decorrência do avanço da democracia, em
ambiente institucional ainda dominado pelo uso abusivo da máquina pública. No
Para esse padrão de campanha ficou muito evidente no segundo turno quando, na
base do tudo ou nada, a maquina pública escolheu os bairros pobres de Belém e
os municípios pobres do Marajó para reverter as tendências de voto que no
primeiro turno eram francamente favoráveis a Helder Barbalho. A figura de Jader
Barbalho, mesmo não sendo candidato, foi utilizada na campanha para
desorientação do eleitor, que se apresentava utilizados para enfraquecer essa
tendência no segundo turno.
Até onde o
estigma de quinta-essência da corrupção, que aderiu de forma aparentemente
indelével a Jader Barbalho, conspirou contra Helder Barbalho, nesta eleição
para o governo do Pará? Ou faltou ao candidato peemedebista uma biografia
política mais alentada, mais consistente, de forma a não ser tomado como um
mero preposto do pai e patrono político?
Acredito que
os ataques a Jáder Barbalho, como patrono da candidatura Helder, tenham sido
usados com essa intenção, mas a principal causa da vitória de Jatene no segundo
turno tem a ver mais com as ações deliberadas do poder econômico. Prova disso é
que no primeiro turno Helder Barbalho teve mais votos que Jatene, em que pese a
propaganda contra Jader ter sido utilizada na mesma intensidade.
O
marketing eleitoral de Helder Barbalho foi, aparentemente, perfeito, ao manter
na defensiva o adversário, mais preocupado em responder às denúncias de
malfeitos feitas no horário político do candidato peemedebista, que
pessoalmente deteve-se em um discurso propositivo, embora cobrando promessas
não cumpridas por Simão Jatene. No que Helder Barbalho falhou, ou Simão Jatene
soube melhor explorar, para reverter um cenário profundamente adverso e acabar
reeleito, em apenas 21 dias?
Na minha
apreciação, não houve falha no desempenho de Helder, tanto no programa
eleitoral gratuito como nos debates. Helder mostrou segurança e seu desempenho
foi positivo. Levanto a hipótese de que o uso da máquina, em articulação com o
poder econômico, fez a diferença no dia da eleição.
Simão
Jatene ganha um terceiro mandato como governador com o Pará politicamente
dividido quase meio a meio, com adversários que chegam ao fim da campanha como
um pote até aqui de mágoas. Sob esse cenário, o que se pode esperar do novo
mandato de Simão Jatene, considerando que, para o bem ou para o mal, a política
no Pará passa, necessariamente, por Jader Barbalho?
Os
desdobramentos dessa cena de partida ainda encontram-se influenciados pelas
mágoas da campanha. Há que esperar o surgimento de novas composições que
haverão de surgir tanto em nível nacional como local. No entanto, uma coisa é
certa: Jatene tem dificuldade de descentralizar o comando do governo e, com
isso, terá dificuldade de favorecer o surgimento de uma liderança capaz
disputar o próximo governo. Nomes como o de Zenaldo Coutinho e de Manoel
Pioneiro podem aparecer sem que tenham necessariamente substantivo apoio de
Simão Jatene. O PMDB, no entanto, tem esse nome que deverá continuar avançando
nas preferências do eleitorado. O nome de Helder Barbalho.
E no plano
nacional, como deve se comportar o governo Dilma Rousseff, considerando que o
senador Aécio Neves sai da disputa eleitoral cacifado por uma expressiva
votação e uma minguada diferença em relação a candidata petista, com o mérito
adicional de ter resgatado a importância histórica de Fernando Henrique
Cardoso, como o presidente da estabilidade econômica, que tornou possível Lula
ter sido o presidente da inclusão social?
Não resta
dúvida de que Aécio Neves é e será o grande nome do PSDB nas próximas eleições.
Dilma e o PT deverão buscar uma nova imagem de governo, e para tanto haverá de
enfrentar desafios normais a um partido como o PT, hoje desacreditado em suas
postulações morais. Os escândalos de corrupção do passado recente serão, a um
só tempo, objeto de desgaste do governo e objeto de argumentação em defesa do
plebiscito que busque uma reforma política capaz de reorientar o quadro
institucional brasileiro em direção a uma democracia moderna, que tenha como
princípio básico o fortalecimento dos partidos e a redução da corrupção. Sem
reforma política, nada muda. Disso sabem a situação e a oposição.
ANÁLISE – Para Canto, Jader e PMDB seguem fortes
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Américo Canto: análise no day after da sucessão estadual no Pará. |
“O
PMDB elegeu, em 2012, 27 prefeitos nos 144 municípios do Estado do Pará, fora
os municípios onde houve aliança com outros partidos. Nesta eleição de 2014 o
PMDB fez três deputados federais e oito deputados estaduais. Esse fato
demonstra que o partido é o segundo em número de parlamentares
eleitos, além de Jader Barbalho, que detêm mandato de senador da República, em
uma aliança com o governo Federal. Esse quadro é um sinalizador de que o
partido vai bem e corrobora para a manutenção de Jader no controle do mesmo. Para
ser mais claro, não visualizo Jader Barbalho afastado do controle do PMBD, a
não ser por algum motivo que extrapole questões políticas.”
Esta
é a leitura que o sociólogo Américo Canto faz do resultado das eleições de 2014
no Pará, que culminaram com a reeleição do governador Simão Jatene, do PSDB, na
disputa com o peemedebista Helder Barbalho, filho e herdeiro político do
senador e ex-governador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB paraense, que é
também a mais longevas liderança política da história do Estado. Canto é o
diretor-geral do Acertar, instituto de pesquisas de Belém, notabilizado pela
expressiva margem de acertos de suas sondagens sobre intenção de voto.
ANÁLISE – Máquina administrativa foi decisiva
Como
o cientista político Roberto Corrêa, o sociólogo Américo Canto credita a vitória de Simão Jatene ao
uso escandaloso da máquina administrativa. “Não resta dúvida que a máquina
administrativa foi determinante - tanto a do governo estadual, como dos
governos municipais de Belém e Ananindeua - para a vitória de Jatene,
principalmente na região metropolitana de Belém. A estratégia foi à mesma do
primeiro turno e Jatene só fez ampliar sua votação na região metropolitana. Da
eleição do primeiro turno para o segundo turno, Jatene ampliou sua votação em
100.284 votos, enquanto que Helder teve uma regressão de 12.171 votos. No
primeiro turno Helder obteve 485.090 votos e no segundo turno sua votação caiu
para 472.919. Esse fator foi crucial para o candidato Helder na região
metropolitana”, sublinha o diretor-geral do Instituto Acertar.
Canto
não acredita que a associação ao nome do pai e patrono político, Jader
Barbalho, tenha conspirado contra Helder Barbalho, o candidato derrotado a
governador pelo PMDB. “Talvez a falta de consistência nas denúncias, a
desconstrução, a pecha de mentiroso, tenha sido mais importante, mais forte, do
que o fato de Helder ser filho de Jader Barbalho. Se fosse assim, Helder não
teria sido vitorioso no primeiro turno. Se fosse assim, Ana Julia não teria
sido eleita governadora em 2006, com o apoio de Jader Barbalho, e Jader não
teria os 582.100 votos para senador na região metropolitana, como teve, apesar
de ter sido superado por Flexa Ribeiro, que obteve 624.510 votos”, acentua.
ANÁLISE – Erros nas pesquisas e falta de mobilização
Na interpretação de Américo Canto, equívocos
nas pesquisas que balizaram a campanha e a falta de mobilização de setores da
coligação do candidato, sobretudo na região metropolitana de Belém, explicam o
revés eleitoral amargado por Helder Barbalho. “A candidatura de Helder ganhou
maior gordura em função da inércia do governo Jatene e parece que, em princípio,
sua candidatura era uma preparação para 2018, mas com os acontecimentos acabou
ganhando volume e poderia ter sido vitoriosa, se não houvesse erros de
estratégia política, principalmente quando teve como referência pesquisas que
não condizem com a realidade política eleitoral do Estado”, assinala. “É claro
que emergem outros fatores, além das pesquisas, e um deles está relacionado à falta,
de forma mais consistente, de participação daqueles que faziam parte da aliança
política, principalmente na região metropolitana de Belém”, acrescenta Américo
Canto, na entrevista abaixo, concedida ao Blog do Barata.
A
derrota de Helder Barbalho, o candidato ao governo do Pará pelo PMDB,
representa o fim do ciclo do seu pai e patrono político, o senador e
ex-governador Jader Barbalho, hoje com 70 anos e que perpetuou seu nome como a
mais longeva liderança política da história do Pará?
O
PMDB elegeu, em 2012, 27 prefeitos nos 144 municípios do Estado do Pará, fora
os municípios onde houve aliança com outros partidos. Nesta eleição de 2014 o
PMDB fez três deputados federais e oito deputados estaduais. Esse fato
demonstra que o partido é o segundo em número de parlamentares
eleitos, além de Jader Barbalho, que detêm mandato de senador da República, em
uma aliança com o governo Federal. Esse quadro é um sinalizador de que o
partido vai bem e corrobora para a manutenção de Jader no controle do mesmo. Para
ser mais claro, não visualizo Jader Barbalho afastado do controle do PMBD, a
não ser por algum motivo que extrapole questões políticas.
Como
é praxe em políticos de perfil solar, Jader Barbalho jamais admitiu sombras no
PMDB, partido que no Pará se confunde com o seu nome, inibindo a emergência de
lideranças com luz própria. Helder Barbalho teria tempo para ganhar vida
própria e habilitar-se a comandar o PMDB, sem estar a reboque do pai e patrono,
como ocorreu até aqui?
A
princípio não vejo a possibilidade de ocorrer alguma cisão dentro do partido em
razão da liderança de qualquer um dos integrantes do partido, muito menos a de
Helder Barbalho. A candidatura de Helder ganhou maior gordura em função da
inércia do governo Jatene e parece que, em princípio, sua candidatura era uma
preparação para 2018, mas com os acontecimentos acabou ganhando volume e
poderia ter sido vitoriosa, se não houvesse erros de estratégia política,
principalmente quando teve como referência pesquisas que não condizem com a
realidade política eleitoral do Estado. É claro que emergem outros fatores,
além das pesquisas, e um deles está relacionado à falta, de forma mais
consistente, de participação daqueles que faziam parte da aliança política,
principalmente na região metropolitana de Belém.
Para
além da escandalosa utilização da máquina administrativa estadual pelo
governador tucano Simão Jatene, Helder Barbalho foi vítima do caráter
plebiscitário que acaba ganhando qualquer eleição majoritária na qual se
envolva, direta ou indiretamente, Jader Barbalho?
Nos
parece que Jatene ficou mais na defensiva que Helder, pelo menos até a
penúltima semana de campanha. Por várias vezes o programa de Jatene foi
utilizado para rebater as denúncias de escândalos que envolveram seus filhos,
dentre outros. Talvez a falta de consistência nas denúncias, a desconstrução, a
pecha de mentiroso, tenha sido mais importante, mais forte, do que o fato de
Helder ser filho de Jader Barbalho. Se fosse assim, Helder não teria sido
vitorioso no primeiro turno. Se fosse assim, Ana Julia não teria sido eleita governadora
em 2006 com o apoio de Jader Barbalho, e Jader não teria os 582.100 votos para
senador na região metropolitana como teve, apesar de ter sido superado por
Flexa Ribeiro, que obteve 624.510 votos. Não resta dúvida que a máquina
administrativa foi determinante - tanto a do governo estadual, como dos
governos municipais de Belém e Ananindeua - para a vitória de Jatene,
principalmente na região metropolitana de Belém. A estratégia foi à mesma do
primeiro turno e Jatene só fez ampliar sua votação na região metropolitana. Da
eleição do primeiro turno para o segundo turno, Jatene ampliou sua votação em
100.284 votos, enquanto que Helder teve uma regressão de 12.171 votos. No
primeiro turno Helder obteve 485.090 votos e no segundo turno sua votação caiu
para 472.919. Esse fator foi crucial para o candidato Helder na região
metropolitana.
Até
onde o estigma de quinta-essência da corrupção, que aderiu de forma
aparentemente indelével a Jader Barbalho, conspirou contra Helder Barbalho,
nesta eleição para o governo do Pará? Ou faltou ao candidato peemedebista uma
biografia política mais alentada, mais consistente, de forma a não ser tomado
como um mero preposto do pai e patrono político?
Esta
campanha não diferente de campanhas anteriores foi recheada de denuncismos.
Nesta campanha, a polarização foi entre blocos econômicos de comunicação, e
esse fato, fez se acirrar ainda mais os ânimos pelos interesses defendidos por
cada um dos grupos. Os veículos de comunicação da família Barbalho defendendo
Helder e os veículos de comunicação da família Maiorana em defesa de Jatene. Os
debates que ocorreram entre os candidatos a governador do Estado, foram de
golpes baixos, de denuncias e pouco conteúdo propositivo. Algumas vezes soava
como cinismo pelo despropósito como se dirigiam um ao outro. As pesquisas que
realizamos após o debate identificavam que muitas pessoas não estavam antenadas
com o debate e foi unânime entre os eleitores que assistiram usar a expressão
“baixaria”. Não acredito que tenha sido a pecha de corrupto que Jader carrega o
causador da derrota de Helder, mas sim sua estratégia eleitoral do segundo
turno. A campanha de Jatene ganhou mais consistência nas últimas duas semanas
antes da eleição e essa estratégia foi propositiva na região metropolitana. O
que falávamos em entrevista anterior, sobre o fato do candidato Jatene colar
seu nome ao do candidato Aécio, surtiu efeito positivo.
O
marketing eleitoral de Helder Barbalho foi, aparentemente, perfeito, ao manter
na defensiva o adversário, mais preocupado em responder às denúncias de
malfeitos feitas no horário político do candidato peemedebista, que
pessoalmente deteve-se em um discurso propositivo, embora cobrando promessas
não cumpridas por Simão Jatene. No que Helder Barbalho falhou, ou Simão Jatene
soube melhor explorar, para reverter um cenário profundamente adverso e acabar
reeleito, em apenas 21 dias?
Em
entrevista anterior falei que o segundo turno é uma nova eleição, apesar de
poucos eleitores mudarem o voto no segundo turno, assim como, comentei sobre a
participação, ou não, dos eleitos e não eleitos deputados federais e estaduais,
seria um ponto importante para ambos os candidatos. Parece que a coligação e o
grupo político de Simão Jatene foram mais consistentes e participativos no
processo eleitoral do segundo turno. Falávamos também nos votos voláteis, os
votos de Marina Silva que acabaram migrando para Aécio e as pesquisas de Helder
foram incapazes de identificar esse fato. Do primeiro turno para o segundo a
candidata Dilma Rousseff teve um incremento de 63.133 votos no Estado do Pará, o
que corresponde a um crescimento de 3%, enquanto seu opositor obteve incremento
de 502.610 votos, crescimento que atingiu 47,5%, e parcela desses votos foi
transferido para Jatene e vice-versa.
Simão
Jatene ganha um terceiro mandato como governador com o Pará politicamente
dividido quase meio a meio, com adversários que chegam ao fim da campanha como
um pote até aqui de mágoas. Sob esse cenário, o que se pode esperar do novo
mandato de Simão Jatene, considerando que, para o bem ou para o mal, a política
no Pará passa, necessariamente, por Jader Barbalho?
Observando
a correlação de forças no cenário da Assembleia Legislativa, houve uma
renovação de 61% dos deputados estaduais e o PMDB ficou com a maior bancada,
composta de oito deputados. O PSDB permaneceu com seis deputados. A maior perda
foi para o PT, que tinha oito e ficou somente com três. A correlação de forças
entre situação e oposição está em equilíbrio na Assembleia Legislativa e esse
quadro, representado pelos maiores partidos locais, demonstra que deverá haver
negociações e as mágoas de campanha deverão ser deixadas de lado, para se
tratar de assuntos de interesse da sociedade paraense, apesar de termos visto
recentemente, em entrevista concedida pelo governador, onde pareceu que o mesmo
ainda está em campanha eleitoral. Não
podemos esquecer também que dos três senadores do Estado, dois deles são de
partidos de oposição ao do atual governador do Estado do Pará. Portanto, para a
boa governabilidade, será preciso muita negociação.
E
no plano nacional, como deve se comportar o governo Dilma Rousseff,
considerando que o senador Aécio Neves sai da disputa eleitoral cacifado por
uma expressiva votação e uma minguada diferença em relação a candidata petista,
com o mérito adicional de ter resgatado a importância histórica de Fernando
Henrique Cardoso, como o presidente da estabilidade econômica, que tornou
possível Lula ter sido o presidente da inclusão social?
O
governo Dilma, diferente do governo local, permanece com a maioria no Congresso
Nacional. Entretanto, como os analistas em nível nacional vem comentando, a
oposição saiu desta eleição mais fortalecida do que em qualquer
eleição anterior. A própria presidente, em seu discurso como reeleita, já
começou a sinalizar a necessidade de união e diálogo pelo bem do País.
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
PRÊMIO FIEPA – Votação popular começou hoje
Começou nesta
segunda-feira, 27, estendendo-se até 27 de novembro, a votação popular, via
internet, do Prêmio Sistema Fiepa de
Jornalista 2014, para o qual fui indicado na categoria Melhores Profissionais do Ano – Blogueiro.
A votação pode ser feita pelo
link http://www.premiosistemafiepa.com.br/
. Basta informar o CPF e escolher aquele que
considera o melhor de cada categoria.
A primeira fase da votação,
realizada de 17 a 23 de outubro e da qual
participaram 50 profissionais de comunicação e representantes da indústria que
formaram a comissão de seleção, elegeu os cinco finalistas de cada uma das 13
categorias.
PRÊMIO FIEPA – Breve perfil do blog
Democratizar
a informação, na perspectiva de que as versões são livres, mas os fatos são
sagrados. Esta é a proposta basilar do Blog do Barata, que dá ênfase ao jornalismo
político e surge em 2005, como Pauta Livre, para em 2006 assumir a
atual identidade.
O Blog do Barata é um dos quatro blogs do Pará citados no Mapeamento da Blogosfera Brasileira, um levantamento feito pelos
alunos de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, tradicional instituição de
ensino superior de São Paulo. No total foram catalogados 100 blogs e do Pará, além do Blog do
Barata, são citados ainda os blogs Hupomnemata,
Beatles College e Pelas
Ruas de Belém. Leia
mais nos links abaixo:
JATENE – Discurso de quem cultiva o revanchismo
![]() |
Jatene (à dir.): discurso rancoroso, de quem cultiva o revanchismo. |
No rastro de sua proverbial
recalcitrância em descer do palanque, como é próprio de quem pouco tem a efetivamente
exibir em matéria de realizações, o governador reeleito do Pará, Simão Jatene
(PSDB), surpreendeu apenas, na entrevista concedida ao Jornal Liberal – 1ª
Edição, da TV Liberal, nesta segunda-feira, 27, por manter um discurso virulento,
que sinaliza para um perigoso revanchismo. Trata-se de uma postura tanto mais
deletéria, porque ele teve a reeleição ungida pelas urnas por uma minguada
diferença de votos em relação ao seu principal adversário, Helder Barbalho
(PMDB). Concluida a apuração, Jatene obteve 51,92% dos votos, contra 48,8% de
Helder, com o agravante deste ter como pai e patrono político o senador e
ex-governador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Estado, pelo qual
necessariamente passa, para o bem, ou para o mal, a política no Pará.
A política, é verdade, não
dispensa a dignidade, a despeito de ser, intrinsecamente, a arte da conciliação
e da tolerância. Como inexistem, a rigor, diferenças abissais entre Simão Jatene
e Jader Barbalho, tanto assim que estavam juntos e misturados até passado recente.
A parceria só foi esfarinhada quando o PMDB optou por sair com candidatura
própria ao governo. Logo, a repulsa aos aliados da véspera, por parte da tucanalha, a banda podre do PSDB, é tão
verdadeira quanto uísque paraguaio e deriva, tão-somente, de motivações menores,
peculiares da política paroquial.
Jader Barbalho e o PMDB
estão onde sempre estiveram, e disso Simão Jatene e seus comparsas sempre
souberam. Tanto em 2002, como em 2010, quando Jatene buscou e obteve o apoio de
Jader para eleger-se governador. Não foi Jader Barbalho e seu filho e pretenso
herdeiro político, Helder Barbalho, que deram causa à inépcia administrativa pela
qual se notabilizou Simão Jatene, no comando do governo do Pará. E nem a Jader
Barbalho se pode responsabilizar pelas suspeitas de corrupção que envolvem
Izabela Jatene e a relação promíscua que mantém com o governo de Beto Jatene,
os ilustres e subitamente prósperos rebentos de Jatene.
Sob a égide de instituições
democráticas consolidadas, caberia ao MPE, o Ministério Público Estadual, investigar
as denúncias de falcatruas envolvendo parentes e contraparentes do governador.
E ao TJ, o Tribunal de Justiça do Estado, julgar, com a mais absoluta isenção,
as denúncias eventualmente oferecidas. Lamentavelmente, no Pará, temos um TJ
submisso aos inquilinos do poder, e um MPE acintosamente atrelado ao governo
Simão Jatene, no rastro da postura servil, de boy qualificado, de Marcos
Antônio Ferreira das Neves, o procurador-geral de Justiça licenciado, que
postula a recondução ao cargo.
Soa patético, aviltante, um
governador reeleito, do alto do seu cargo, descer ao pântano das mesquinharias
e cultivar o revanchismo, tão próprios da velha política que, no seu discurso
de campanha, Simão Jatene trombeteava execrar, embora dela derive. Mas o que
esperar de alguém que abre mão de postular a reeleição, como fez Simão Jatene em
2006, porque acordara com o ex-governador tucano Almir Gabriel abdicar de sair
candidato, se o seu patrono de então desejasse candidatar-se a um terceiro
mandato como governador? O arranjo, diga-se, foi tornado público pelo próprio
Simão Jatene e é revelador do seu apreço pelo Estado e pelo respeito que devota
ao eleitorado, desdenhosamente tratados como uma mera moeda de troca.
Este é o Pará da tucanalha, a banda podre do PSDB, da
qual é ícone Simão Jatene.
ELEIÇÕES – O IVeiga e a farsa das pesquisas
Em princípio, nada contra
as pesquisas eleitorais. Da mesma forma como, em tese, soam palatáveis os
eventuais equívocos, desde que circunstanciais, episódicos, como conseqüência do
caráter volátil que pode assumir a opção do eleitor, na esteira do
emocionalismo das campanhas, principalmente quando polarizadas. O problema
emerge, e ganha contornos algo burlescos, quando os erros de prognósticos são
sistemáticos, configurando as sondagens sobre intenção de voto como acintosas
farsas, com a finalidade precípua de manipular o eleitorado. Como tornou-se
tradição no Pará, sob a leniência do TRE, o Tribunal Regional Eleitoral, que se
não dispõe, pelo menos deveria dispor de profissionais com competência para
promover uma varredura capaz de inibir a farsa das pesquisas de aluguel.
Um eloqüente exemplo desse
logro é o IVeiga, o Instituto Veiga Consultoria e Pesquisa, engajado na campanha
de Helder Barbalho, o candidato derrotado ao governo do Pará pelo PMDB. Suas
sondagens foram tomadas como parâmetro da disputa eleitoral pelo Diário do Pará, o jornal do grupo de
comunicação da família do senador e ex-governador Jader Barbalho, o morubixaba
do PMDB no Pará e do qual é filho e pretenso herdeiro político Helder Barbalho.
Na última pesquisa antes do primeiro turno das eleições de 2014, a pesquisa do
IVeiga dava Helder como eleito, sem a necessidade de segundo turno, o que por
pouco não ocorre, é verdade. Na derradeira sondagem antes do segundo turno, o
instituto prognosticou a vitória de Helder, com 56,2% dos votos válidos.
Concluida a apuração, o governador Simão Jatene, do PSDB, foi reeleito com
51,2% dos votos, contra 48,08% de Helder Barbalho. A projeção de Edir Veiga
Siqueira, o dentista que também se pretende cientista político e comanda o
IVeiga, não só ludibriou os leitores do Diário
do Pará, como presumivelmente induziu seu candidato a alguns erros no
encaminhamento da campanha. Esse ilusionismo talvez explique a postura algo
arrogante, nos últimos dias da campanha, de Helder Barbalho e sua claque de
áulicos.
ELEIÇÕES – Doxa e BMP a serviço da tucanalha
Na vala comum das pesquisas
de aluguel fazem companhia a IVeiga, a serviço dos Barbalho, a Doxa Comunicação
Integrada e a BMP, a Bureau de Marketing e Pesquisa, estas
de estreitos vínculos com a Griffo, a agência de Orly Bezerra, o marketeiro-mor
da tucanalha, notoriamente inculto, porém sagaz, um mestre das espertezas.
Salta aos olhos, no cotejo entre as sondagens dos três institutos, as
divergências abissalmente distintas. Uma evidência de que a preocupação
precípua era contemplar as expectativas dos candidatos a serviços dos quais se
encontravam os institutos.
Não por acaso, o IVeiga foi
adotado pelo Diário do Pará, o jornal
dos Barbalho. E das pesquisas sobre intenção de voto do Doxa e do BMP lançou
mão O Liberal, o principal jornal do
grupo de comunicação da família Maiorana, inimiga figadal do senador e
ex-governador Jader Barbalho. O jornal adotou a candidatura de Simão Jatene e fez
uma oposição implacável a Helder Barbalho, inclusive lançando mão na edição de
domingo, 26, de uma pesquisa da Doxa Comunicação Integrada, favorável ao
candidato tucano, feita logo após o primeiro turno. Na mesma edição, O Liberal tratou com discrição a
pesquisa do Ibope encomendada pela TV Liberal, afiliada da Rede Globo de
Televisão, que registrava um empate técnico entre Jatene e Helder.
ELEIÇÕES – Custos abaixo dos preços de mercado
Há um aspecto revelador da
parca credibilidade da maioria das pesquisas de intenção de voto que
supostamente mensuraram as inclinações do eleitorado do Pará nas eleições deste
ano. IVeiga, Doxa e BMP declaram ter realizado as pesquisas com recursos
próprios, sem que tenham porte para tanto, mesmo a custos significativamente
abaixo dos preços de mercado. “Isso não existe!”, sentencia uma fonte do Blog do Barata, com conhecimento de causa.
Nas eleições deste ano, a
IVeiga desponta como o instituto que mais realizou sondagens sobre intenção de
voto, em um total de 13 pesquisas, supostamente com recursos próprios, a um
custo total de R$ 195 mil. O custo de cada uma das pesquisas foi orçado em R$ 15
mil, valor irrisório para uma sondagem de abrangência estadual, que costuma
oscilar entre R$ 45 mil a R$ 55 mil, a preços de mercado, conforme relatam
profissionais de competência, probidade e experiência reconhecidas, que atuam
no mercado.
A Doxa registrou nove pesquisas, também supostamente feitas com recursos
próprios, cujo custo total foi de R$ 270 mil. O custo médio de cada uma das
sondagens feitas pela Doxa foi de R$ 30 mil, o dobro do custo unitário das
pesquisas do IVeiga.
O BMP, o Bureau de Marketing e Pesquisa,
de Renato Conduru, servidor público estadual e cujo instituto tem como cliente
a Griffo, de Orly Bezerra, realizou seis sondagens, a um custo total de R$ 330
mil. O custo de cada uma das seis pesquisas foi de R$ 55 mil.
ELEIÇÕES – A pergunta que não quer calar
“Qual a razão de
divergências tão abissais entre pesquisas, se elas têm um mesmo alvo e utilizam
metodologias semelhantes, embora diferindo quanto ao número de entrevistados e
municípios pesquisados?” Esta é a pergunta que não quer calar, formulada por um
respeitado profissional do mercado, abrigado no off, para evitar constrangimentos. “Nessa
guerra de números, quem perde é o eleitor que não sabe em quem acreditar”, observa.
“No final, é possível que aqueles com maior cara-de-pau ainda venham dizer que
se aproximaram dos resultados oficiais e que seus levantamentos estavam
corretos. Tem aqueles que procuraram ter referência imediata as pesquisas
publicadas pelo Ibope, chegando a se gabar que se aproximaram dos resultados deste”,
acrescenta.
Esse mesmo profissional,
indagado a respeito, concorda que nenhum dos institutos acima citados – IVeiga,
Doxa Comunicação Integrada, e BMP, a Bureau de
Marketing e Pesquisa – tem capital suficiente para bancar, com recursos
próprios, tantas pesquisas sobre intenção de voto de abrangência estadual. “Esse
tipo de coisa põe em xeque não só as pesquisas, como os profissionais
encarregados de executá-las”, admite o profissional ouvido pelo Blog do
Barata. “É dinheiro demais para empresas
regionais”, acentua, lembrando que, somados, os custos das pesquisas feitas por
IVeiga, Doxa e BMP, supostamente com recursos próprios, chegam a quase R$ 1
milhão. Isso excluído o Alvo, outro instituto de pesquisas do Pará, cujas sondagens,
também supostamente realizadas com recursos próprios, foram impugnadas pela
Justiça Eleitoral.
ELEIÇÕES – Engodo prejudica profissionais sérios
![]() |
Edir Veiga Siqueira: exemplo da farsa das pesquisas manipuladas. |
Há um consenso, entre os
profissionais sérios que atuam no mercado de pesquisas de opinião, segundo o
qual os institutos atrelados a partidos políticos e candidatos conspiram contra
a credibilidade das sondagens sobre intenção de voto. A própria balela das
pesquisas supostamente feitas com recursos próprios, principalmente sob custos
incompatíveis com os preços de mercado, é reveladora da falta de credibilidade
dessas sondagens. “Repetindo a máxima célebre, não existe almoço gratuito”,
ironiza uma fonte do Blog do Barata. E
salienta, cáustico: “A primeira vítima desse embuste, desse estelionato
eleitoral, é o eleitor”
Como não poderia deixar de
ser, porque recente demais para ser esquecido, figura como exemplo eloqüente de
farsa das pesquisas de intenção de voto no Pará, Edir Veiga Siqueira, o
dentista que se pretende cientista social e ostenta uma turbulenta vida
pregressa. Na derradeira pesquisa de intenção de voto, que serviu de manchete
para a edição do Diário do Pará de
domingo, 26, ele apontava a vitória de Helder Barbalho, o candidato derrotado
do PMDB na disputa pelo governo do Estado, com uma vantagem de mais de 12
pontos percentuais. “Esse tipo de gente prejudica as empresas que tem nas pesquisas sua fonte de renda, que não aparecem no
mercado somente em anos eleitorais. Infelizmente, a Justiça Eleitoral se
revelou incapaz de inibir a divulgação de pesquisas fraudadas”, lamenta outra
fonte do Blog do Barata.
domingo, 26 de outubro de 2014
ELEIÇÕES – Empate técnico entre Helder e Jatene
![]() |
Jatene e Helder: em pé de igualdade, segundo a pesquisa do Ibope. |
Pesquisa divulgada pelo
Ibope neste sábado, 25, aponta um empate técnico entre os candidatos ao governo
do Pará, Helder Barbalho, do PMDB, e Simão Jatene, do PSDB, sem que nenhum dos
dois exiba, sequer, uma vantagem numérica sobre o adversário. Segundo a pesquisa,
encomendada pela TV Liberal, afiliada da Rede Globo de Televisão, ambos os
candidatos exibem 50% das intenções de voto, considerando os votos válidos, que
excluem os
percentuais de branco, nulo e indecisos
A
sondagem do Ibope ouviu 812 eleitores, em 42 municípios do Estado, de 21 a 23
de outubro. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais, ou para
menos. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal
Regional Eleitoral do Pará sob registro nº PA-00054/2014 e no Tribunal Superior
Eleitoral sob protocolo no BR-01182/2014.
Por exibir um histórico de recorrentes tentativas de
manipulação do eleitorado, na esteira da terceirização de suas pesquisas no
Pará, convém receber com reservas os números do Ibope.
ELEIÇÕES – A duvidosa credibilidade do IVeiga
Pelo simples fato do
instituto estar a serviço da campanha de Helder Barbalho, o candidato a
governador do Pará pelo PMDB, convém também cultivar a prudência diante da mais
recente pesquisa eleitoral do IVeiga. O instituto é de credibilidade duvidosa,
para dizer o mínimo, até pela turbulenta vida pregressa de quem o comanda –
Edir Veiga Siqueira, o dentista com veleidades a cientista social, defenestrado do PT, nos anos 80 do século passado, sob a suspeita de falcatruas.
A pesquisa do IVeiga, que
serve de manchete para a edição deste domingo do Diário do Pará, o jornal do grupo de comunicação dos Barbalho,
revela que hoje Helder Barbalho ostenta 56,2 % das intenções de voto, contra
43,7% de Simão Jatene, considerados os votos válidos, que excluem os percentuais de brancos,
nulos e indecisos. Isso significa que o candidato peemedebista abriu uma
vantagem de 12,5 pontos percentuais em relação ao seu adversário.
Na pesquisa estimulada, na
qual o eleitor precisa lembrar do nome dos
candidatos, a sondagem do IVeiga
registra que Helder Barbalho tem 49,8% das
intenções de voto, contra 38,7% de Jatene. Os votos brancos e nulos somam 6% e
5,6% não souberam ou não responderam. Já na pesquisa espontânea – quando o
eleitor precisa lembrar do nome dos candidatos -, Helder ostenta 48,8% das
intenções de voto, contra 38,3% de Jatene. Os brancos e nulos somaram 5,8% e os
eleitores que não souberam ou não opinaram chegaram a 7,2%.
No primeiro turno, o IVeiga
descartou a possibilidade de segundo turno. E anabolizou a vantagem de Helder
Barbalho sobre Simão Jatene. Feita a apuração, as urnas não ratificaram os
prognósticos do IVeiga, ainda que o Diário
do Pará, o jornal do grupo de comunicação da família Barbalho, insista em
afirmar o contrário, na clara intenção de valorizar as projeções favoráveis a
Helder.
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