No plano pessoal, Djalma Chaves foi um dignificante exemplo de filho, marido, pai e avô amoroso e dedicado à família. Virtudes que nele podem ser identificadas não pela condescendência que a morte habitualmente costuma suscitar, mas porque a prática, que é efetivamente o critério da verdade, assim evidencia. Cioso de sua privacidade, e também por saber das ignomínias das quais é capaz a natureza humana, ele tratou de blindar a família, cujo amor que nele inspirava só costumava exprimir, sem amarras, na intimidade, e mesmo assim traduzido não em palavras, mas em gestos de inequívoca generosidade, sobretudo afetiva. Não surpreende, assim, a reverência com a qual Djalma, sua esposa, filhos, genro, noras e netos sempre distinguiram dona Ângela, a Bisa, a matriarca da família, homenageada até no nome da casa de recepções da mulher e de uma das noras do advogado.
De resto, também como amigo, Djalma Chaves sempre foi especial, muito especial, como me foi possível testemunhar mais de uma vez. Meu primeiro contato com ele se deu quando fui repórter esportivo de A Província do Pará, como setorista encarregado da cobertura do Clube do Remo, no final dos anos 70 do século passado. A minha nascente amizade com o saudoso Gileno Muller Chaves, outro paradigma de competência e honradez, permitiu-me estreitar minha relação com Djalma Chaves, até dele tornar-me amigo. E foi aí que pude testemunhar de perto a dignidade própria de um homem visceralmente probo, como ele foi. A despeito dos muitos favores que dele mereci – no plano pessoal e como advogado e importante fonte -, jamais fui importunado com qualquer pedido constrangedor, diante da minha condição de jornalista e, em particular, de editor - inclusive de esportes - de O Liberal. Ao longo de mais de 30 anos de amizade, Djalma fez-me um único e prosaico pedido, fácil de ser contemplado, porque se tratava, em verdade, de um serviço de utilidade pública. No comando da FPF, juntamente com Euclides Freitas Filho, e eu na condição de editor de esportes de O Liberal, ele consultou-me sobre a possibilidade da publicação da planta baixa do Mangueirão e do entorno deste, com as orientações sobre as mudanças no acesso ao estádio e nas áreas de estacionamento, para o primeiro jogo em Belém da Seleção Brasileira. A partida, na qual o Brasil enfrentou o Chile, foi disputada em 8 de novembro de 1990, em jogo que registrou um empate de zero a zero.
2 comentários :
Caro Augusto,
Djalma Chaves sempre teve pelo Gileno o carinho de um irmão, por isso a nossa estima e a nossa gratidão.
Um abraço da lucinha e filhos
Ao jornalista Augusto Barata,
Seu depoimento a respeito de DJALMA CHAVES comoveu não só a família como a sua legião de amigos. Vou transformar na ata da próxima reunião do CD do REMO. É realmente uma grande homenagem a um homem DIGNO.
Atenciosamente,
Ronaldo Passarinho
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