domingo, 31 de agosto de 2014

ELEIÇÕES – A parceria histórica

        A recente denúncia do Diário do Pará, segundo a qual em seu atual mandato Simão Jatene já teria consumido R$ 100 milhões em propaganda oficial só com o grupo de comunicação dos Maiorana, apenas ilustra a promiscua relação dos governos tucanos com as ORM, Organizações Romulo Maiorana. Uma relação iniciada ainda no primeiro mandato do ex-governador tucano Almir Gabriel, já falecido, com o célebre contrato, travestido de convênio, entre a Funtelpa, a Fundação de Telecomunicações do Pará, e a TV Liberal. Pelo contrato – etiquetado de convênio para driblar a exigência de concorrência pública -, a Funtelpa simplesmente pagava um aluguel mensal para a TV Liberal utilizar suas 78 repetidoras e, assim, levar sua programação para o interior do Estado.
        O simulacro de convênio firmado entre a Funtelpa e a TV Liberal, celebrado ainda no primeiro mandato de Almir Gabriel como governador, quando era presidente da fundação Francisco Cézar Nunes da Silva, rendeu aos cofres da emissora dos Maiorana R$ 37 milhões ao longo de 10 anos, em valores ainda por atualizar. O último pagamento foi de R$ 467 mil. Diante da ruptura do falso convênio, pelo governo da petista Ana Júlia Carepa, os irmãos Maiorana ingressaram na Justiça com uma ação reivindicando uma indenização de mais de R$ 3 milhões, a pretexto de suposta manutenção feita nas repetidoras da Funtelpa.
        A pilhagem ao erário perdurou durante os dois mandatos de Almir e teve andamento no primeiro mandato de Simão Jatene como governador. Em um dos seus derradeiros atos, ao fim de seu primeiro mandato como governador, que se estendeu de 2003 a 2006, Simão Jatene renovou o repulsivo “convênio”, coadjuvado pelo então presidente da Funtelpa, Ney Messias, o ex-secretário estadual de Comunicação de Jatene. A lambança foi tornada sem efeito pela petista Ana Júlia Carepa, tão logo empossada como a primeira governadora eleita pelo voto direto da história do Pará.

        Mais recentemente, os Maiorana protagonizaram um imbróglio envolvendo a ORM Air Táxi Aéreo, em um contrato celebrado com o governo do Estado, com fortes indícios de falcatruas, o que justificou a execução de um mandado de busca e apreensão na empresa pelo MPE, o Ministério Público do Estado do Pará. Na ocasião, fonte idônea, sob a garantia do anonimato, revelou que alguns dos documentos coletados, no cumprimento do mandado de busca e apreensão, evidenciavam indícios de falcatruas na esteira do contrato celebrado entre o governo estadual e a ORM Air Táxi Aéreo. Chamava atenção, por exemplo, segundo essa fonte, que a documentação inicialmente examinada especificasse a origem – sempre Belém, naturalmente - e omitisse o destino dos voos. “Do que foi visto, inicialmente, apenas em um único voo, para Moju, é especificado o destino”, revelou a fonte. Essa mesma fonte citou como “inusitado” que por dois meses consecutivos, mais especificamente agosto e setembro de 2012, com base no valor da hora-voo, o custo mensal tenha sido o mesmo, algo mais de R$ 170 mil. Em outubro de 2012, acrescentou a fonte, o custo mensal ficou em pouco mais de R$ 200 mil, para em novembro e dezembro alcançar exatos R$ 148.089,00,00, “outra inusitada coincidência”. Tudo em valores por atualizar, convém assinalar.
            De resto, não faltam precedentes de tentativas de manipulação do eleitorado pelos Maiorana. Desde a época do patriarca da família, o jornalista e empresário da comunicação Romulo Maiorana, já falecido, fundador do Grupo Liberal, hoje ORM, que no passado fora contrabandista, inclusive de armas, conforme revelou o jornal O Globo, do Rio, no final dos anos 50 do século passado. Foi assim em 1982, com Romulo Maiorana ainda vivo, quando Jader Barbalho elegeu-se governador, pelo PMDB, vencendo Oziel Carneiro, do PDS, o candidatura da ditadura militar. Repetiu-se depois da morte de Romulo Maiorana, ocorrida em 1986, quando em 1990 Jader Barbalho reelegeu-se governador, pelo PMDB, derrotando o empresário Sahid Xerfan, do PTB, ex-prefeito de Belém, apoiado pelo então governador Hélio Gueiros, na ocasião um ex-peemedebista rompido com Jader, que fizera dele seu sucessor, em 1986. E voltou a ocorrer em 1998, quando o tucano Almir Gabriel, ex-PMDB, feito senador por Jader Barbalho em 1986, obteve um segundo mandato como governador, pelo PSDB, vencendo seu ex-patrono político, com a escandalosa utilização da máquina administrativa estadual e o escancarado apoio dos Maiorana. Em passado mais recente, nas eleições municipais de 2008, o grupo de comunicação da família avalizou a candidatura a prefeito de Belém da ex-vice-governadora Valéria Vinagre Pires Franco, do DEM, apontada como favorita pelo Ibope, cujas pesquisas foram terceirizadas, mas que acabou em quarto lugar, apesar de ter feito a mais cara campanha, ficando atrás de Duciomar Costa, o nefasto Dudu, do PTB; de José Priante, do PMDB; e de Arnaldo Jordy, do PPS. Fraudes, aliás, são uma especialidade dos Maiorana, como ilustra o episódio que obrigou O Liberal a se retirar pela porta dos fundos do respeitado IVC, o Instituto Verificador de Circulação, para evitar uma constrangedora auditoria. O IVC simplesmente flagrou os Maiorana anabolizando os números que davam uma supremacia avassaladora ao seu principal jornal.


2 comentários :

Anônimo disse...

Caro barata faltou você dizer que este contrato entre Orm AIR e casa militar redundou em uma ação penal movida pela promotoria militar contra o chefe do gabinete militar e outra de improbidade administrativa contra rominho maiorana que resultou no bloqueio de bens da Orm AIR todas movidas pelo Mpm

Anônimo disse...

Isto é uma quadrilha! Bando de ladrões!