O MPE, o Ministério Público do Estado do
Pará, notabilizou-se por passar a cobrar, nos últimos anos, transparência na
condução da administração pública e, em particular, na utilização de recursos
públicos. Em 2010, o MPE, através do promotor de Justiça Alexandre Couto, ajuizou
ação civil pública, com o objetivo de
proibir o Estado do Pará de contratar, sem licitação, instituições para organizar
e executar concursos públicos, uma exigência a ser cumprida pelos poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, assim como pelo próprio MPE, TCE, Tribunal
de Contas do Estado do Pará, e TCM, Tribunal de Contas dos Municípios do Pará.
Em 2011 foi deferida liminar nessa ação civil pública, pela juíza da 3ª Vara de
Fazenda de Belém, Cynthia Zanlochi, proibindo o Estado do Pará de contratar,
sem licitação, instituição para realizar concursos públicos. Por isso soou
inusitado quando, em fevereiro deste ano, tornou-se do domínio público a
contratação pelo MPE da Fundação Carlos Chagas, com dispensa de licitação, para
organizar e executar concurso público para promotor de Justiça. Em ofício
reservado, o promotor de Justiça Alexandre Couto advertiu o procurador-geral de
Justiça, Marcos Antônio Ferreira das Neves, sobre a ação civil pública
em tramitação na 3ª Vara da Fazenda Pública, da qual resultou a concessão de
liminar, proibindo o Estado do Pará – “não o Executivo”, como ressalta Couto -
de contratar serviços para a realização de concursos com dispensa de licitação.
A advertência, porém, foi solenemente ignorada por Neves, como esclarece o promotor de Justiça
em carta aberta.
A postura imperial do procurador-geral
de Justiça, Marcos Antônio Ferreira das Neves, ao pretender enfiar goela abaixo,
do próprio MPE e do conjunto da sociedade paraense, uma escandalosa
transgressão a lei, cujo comprimento a ele, particularmente, cabe defender, levou
o promotor de Justiça Firmino Matos a instaurou
inquérito civil em 24 de fevereiro deste ano, para apurar a legalidade dos atos
administrativos e possível prática de improbidade administrativa. Subsequentemente, o também promotor de Justiça Alexandre Couto protocolou
no CNMP, o Conselho Nacional do Ministério Público, pedido de instauração de procedimento de controle administrativo contra
o ato do MPE/PA. Couto pediu ainda ao CNMP que fosse deferida liminar para
suspender quaisquer ato relativo a realização do concurso. Essa liminar foi deferida
no último dia 11, pelo juiz federal Alexandre Saliba, o relator do procedimento
de controle administrativo que tramita no Conselho Nacional do Ministério
Público. No dia seguinte ao da concessão da liminar do CNMP, 12 de março, uma
quarta-feira, o procurador-geral de Justiça Marcos Antônio Ferreira das Neves, acompanhado
do seu chefe de gabinete, Wilton Nery, fez uma “visita de cortesia” à juíza
Marisa Belini, recém nomeada para a 3ª Vara da Fazenda de Belém. Na 3ª Vara da
Fazenda de Belém tramitava a ação civil pública na esteira da qual foi
concedida liminar proibindo o Estado do Pará em contratar, sem licitação,
instituição para organizar e executar concurso público. Na segunda-feira
seguinte, 17 de março, sem análise de mérito, a juíza extinguiu a ação que se
arrastava desde 2010. A magistrada é mãe do promotor de Justiça Renato Belini
de Oliveira Costa, recentemente promovido para a 2ª Entrância, passando a atuar
em Xinguara. De acordo com fontes do MPE, em janeiro deste ano o promotor de
Justiça Renato Belini de Oliveira Costa pleiteou a remoção, por merecimento,
para a comarca de Ananindeua. A aparente conjunção de interesses mútuos - do
procurador-geral de Justiça e da magistrada, como mãe de um promotor de Justiça
ávido por ficar mais próximo da capital – turbinou as suspeitas suscitadas pela
diligente manifestação da juíza, verbalizadas abertamente nos bastidores.
4 comentários :
Menos, Barata, menos. O Dr. Renato não tem a mínima chance de conseguir remoção para Ananindeua, pois é novo na carreira e há dezenas de promotores mais antigos interessados. Atenção para especulações sem fundamento.
Menos digo eu anônimo, se vc leu a sentença e entende um pouquinho da área verás o quão absurda ela é, para PGJ nada é impossível, tão logo a poeira abaixe este rapaz certamente será beneficiado com algo, se é que já não foi, a juíza por ser mãe de um promotor, no mínimo, poderia ter se julgado suspeita, principalmente pq o caso interessava diretamente o chefe do filho dela.
26 de março de 2014 19:18, dá-lhe. O anônimo de 26 de março de 2014 05:02, nunca ouviu falar em suspeição e impedimentos que devem ser manifestados pelo magistrado em certas situações, essa seria uma delas. kkkk
Ele está em Santarém PA
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