LÚCIA *
O Dia Internacional da Mulher vinha acontecendo sem grandes emoções nos últimos anos, depois do impacto da Lei Maria da Penha. Mas enquanto representação feminina estava meio adormecido. A mulher precisava de novo ter um rosto, uma voz, em um outro cenário. Então, o Brasil escolheu uma mulher para presidente.
Faltava, porém, algo mais. Faltava quem tivesse completa isenção para falar por nós. Faltava alguém que não tivesse compromisso com poderosos, mas com a verdade e a ética. Alguém com coragem suficiente para fazer alguns homens se mexerem em seus ternos e togas. Uma pessoa destemida. Precisávamos da nossa representante em local estratégico e em frente a uma categoria profissional onde os homens estão acostumados a serem os únicos e se sentirem intocáveis. Uma mulher que não teria nenhum problema em dizer aos cidadãos e cidadãs desse país umas boas e dolorosas verdades. Dizer coisas que todos nós sabemos, mas não tínhamos quem dissesse por nós. Então o Brasil passou a conhecê-la: Eliana Calmon (foto), corregedora do Conselho Nacional de Justiça. Baiana arretada e profissional incansável na luta pela ética no Judiciário brasileiro.
Ela deixou alguns colegas sem palavras(coerentes) ao dizer publicamente que existem bandidos no Judiciário e que “meia dúzia de vagabundos” atrapalham a Justiça. Nada tão atual, tão verdadeiro e tão preso em nossa garganta. "O Brasil tem uma onça nordestina", disse Dilma Rousseff sobre Eliana Calmon. Deixando os bichos de lado, acho que finalmente o Brasil tem nossa cara, uma cara feminina, uma cara de mulher.
Eliana não diz o que diz porque é iluminada, destinada ou tocada por Deus. Eliana é culta, estudiosa e tem referências femininas irrefutáveis e contudentes como qualquer outra mulher. Ela, ao contrario de outros servidores públicos que nos decepcionam publicamente ao usar a rede social, nos brindou emseu facebook com uma atualíssima frase da filósofa russo-americana e judia Ayn Rand: "Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada".
Sinto-me muito representada por Eliana Calmon. Uma mulher como tantas que conheço. Se é para enfrentar, enfrentemos.
Feliz Dia Internacional da Mulher!
* Lúcia é assistente social e colaboradora anônima do blog.
5 comentários :
grande mulher realmente !!!!
O BRASIL AGRADECE SEU EMPENHO EM PROL DO JUSTO,ÉTICO E INOVADOR.
ALBERTO
O poder judiciário vive um processo de falência moral, principalmente na esfera de poder do TJE-PA. O trabalho dela e do CNJ tem sido uma esperança da sociedade contra a impunidade vendida através de sentenças.
Jornalista Barata,
Ela nos orgulha!!!!!
O que o nosso pobre estado precisa é que essa iluminada dê uma passada por aqui, especialmente nos poderes executivo, legislativo, judiciário, mp, eos tribunais da corrupção estadual e municipal, que estão corroídos pelo nepotismo e corruptos.
Concordo. Se ela vier aqui realmente vai ser um grande corre-corre, os corruptos vão ficar com as barbas de molho.
Se ela resolver receber reclamação certamente o CNJ vai ser pedir abertura de muitos procedimentos.
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