Jader, responsável pelo resgate político de Jarbas, nas eleições de 1986. |
Se a gafe na qual incorreu diante de Paulo
Brossard não teve maiores consequências, a não ser aranhar sua vaidade
intelectual, Jarbas Passarinho, mais à frente, pagaria um alto preço político
pela sua soberba. Nas eleições de 1982, Jarbas patrocinou a candidatura do
empresário Oziel Carneiro ao governo estadual, pelo PDS, o Partido Democrático
Social, a legenda de sustentação do regime militar, que sucedeu a Arena, a
Aliança Renovadora Nacional, na reforma partidária promovida pelo governo do
general-presidente João Figueiredo. Candidato à reeleição ao Senado, em um
surto de empáfia política Jarbas dispensou o recurso à sublegenda, pela qual o
um mesmo partido poderia lançar até três candidatos, com o mais votado
agregando a votação dos demais. O erro de calculo político foi fatal. O PMDB
elegeria Jader Barbalho governador, com o decisivo apoio do governador Alacid
Nunes, o coronel que dividiu com Jarbas o proscênio da política paraense com
Jarbas, também catapultado pelo golpe de 1º de abril de 1964 e que viria a
tornar-se seu arqui-inimigo. Na disputa para o Senado, o PMDB valeu-se da
sublegenda, lançando três candidatos – o jornalista e ex-deputado cassado Hélio
Gueiros, o deputado federal João Menezes e Itair Silva, um respeitado advogado
trabalhista. Assim, Jarbas acabou derrotado por Hélio Gueiros, em um tropeço
fatal, diante da redemocratização que consolidaria o poder de Jader Barbalho
como uma liderança em ascensão, favorecido pelo alvorecer da Nova República,
cujo marco é a eleição do ex-presidente Tancredo Neves no colégio eleitoral,
derrotando o ex-governador paulista Paulo Maluf, o candidato da ditadura
militar. O nome de Maluf provocou uma dissidência irremediável na base parlamentar do governo do general-presidente João Figueiredo, agregando à oposição parcelas originárias do regime militar, do que resultou a Aliança Democrática, pela qual elegeu-se Tancredo Neves, do PMDB, ao qual retornou após fundar o PP, Partido Popular.
Remetido ao limbo político, embora
respeitado e benquisto em Brasília, Jarbas seria resgatado eleitoralmente em
1986, ironicamente, por Jader Barbalho, que abdicou de lançar-se candidato ao
Senado para permanecer no comando da máquina administrativa estadual e comandar
a sua sucessão como governador. O resgate político de Jarbas fez parte da estratégia para aniquilar politicamente o ex-governador Alacid Nunes, que turbinara a candidatura de Jader em 1982, para depois, ao vê-lo eleito, pretender manietá-lo, na pretensão de retornar ao Palácio Lauro Sodré, então sede do governo. Sagaz, Jader rompeu com Alacid e cooptou o grupo político do ex-governador. Assim, o morubixaba do PMDB no Pará bancou a
candidatura ao Senado do adversário de 1982, a despeito de Jarbas não poder
fazer sua campanha, para poder prestar assistência à esposa, dona Ruth, vítima
de um câncer ao qual não sobreviveu. “Vá cuidar da dona Ruth que eu cuido da
sua campanha”, tranquilizou Jader, segundo relato do próprio Jarbas, que a
despeito do recorrente discurso de defesa intransigente da probidade não se
constrangeu em associar-se a quem já tinha seu nome envolvido em sucessivas
denúncias de corrupção. Promessa feita, promessa cumprida, diga-se. Jarbas
retornou ao Senado, patrocinado por Jader, teve sobre si os holofotes da mídia
ao presidir a CPI do Orçamento, regando-lhe o ego, o que certamente serviu para
aplacar a dor pela perda de dona Ruth. O preço pela benemerência política da
qual foi beneficiário seria amargamente pago oito anos depois. Em 1994, Jader
abreviou seu segundo mandato como governador para sair candidato ao Senado, compelindo Jarbas a tornar-se, mesmo a contragosto,
candidato ao governo, em disputa na qual acabou derrotado pelo tucano Almir
Gabriel, já no segundo turno do pleito, no seu derradeiro e fatal tropeço
eleitoral, agravado pela idade.
RETIFICAÇÃO - O blog errou, como observou internauta anônimo, ao informar originalmente que em 1994 teria sido disputa uma única vaga ao Senado. Em verdade foram duas. Por cálculo político, Jader Barbalho optou por sair candidato a senador, compelindo Jarbas Passarinho, já sem a capilaridade eleitoral do passado, a disputar o governo estadual, com o apoio do PMDB. A retificação foi devidamente contemplada.
RETIFICAÇÃO - O blog errou, como observou internauta anônimo, ao informar originalmente que em 1994 teria sido disputa uma única vaga ao Senado. Em verdade foram duas. Por cálculo político, Jader Barbalho optou por sair candidato a senador, compelindo Jarbas Passarinho, já sem a capilaridade eleitoral do passado, a disputar o governo estadual, com o apoio do PMDB. A retificação foi devidamente contemplada.
Um comentário :
erraste mais uma vez, barata. quando requentares novamente esse post, faz a correção. Em 1994 elegeram-se Jader e Ademir Andrade. Eram duas vagas; faz as contas:
1994 - jader e Ademir
2002 - ana júlia e Duciomar
2010 - flexa e jader
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