terça-feira, 28 de junho de 2016

UFPA – “Nossa chapa foi a primeira a provocar um grande debate na universidade”, sublinha João Weyl

João Weyl: "Nossa candidatura cresceu muito nas últimas semanas."

“Nós estamos bastantes otimistas, pois nossa candidatura cresceu muito nas últimas três semanas. As pessoas começam a se dar conta de que as chapas oriundas da atual gestão não conseguem atender às demandas da comunidade universitária. Temos trabalhado muito para fazer uma campanha ética, honesta, transparente e coletiva. Além disso, a gente avalia que já sai vitorioso dessa disputa. Há tempos a UFPA não se discutia. Nossa chapa foi a primeira em anos a provocar um grande debate na universidade.”
Esta é a avaliação feita pelo professor João Weyl sobre a sua campanha, na reta final da eleição para reitor da UFPA, em entrevista ao Blog do Barata. Embora balizado por matizes ideológicos de esquerda, ele conduz uma campanha à margem das amarras político-partidárias, o que explica estar a uma distância abissal do PT, a despeito de ser um militante histórico do partido, que sustenta a candidatura de Emmanuel Tourinho, o candidato da reitoria. “Fomos os primeiros a pautar, como oposição programática, a defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade. Fomos os primeiros a denunciar o alarmante estado do ensino de graduação - e hoje, outros candidatos resolveram surfar nessa linha, mas não fizeram, tiveram sete anos para isso e não priorizam os estudantes”, acentua. Weyl deplora enfaticamente o vale-tudo eleitoral. “É muito ruim para a universidade que em seu ambiente se replique o pior da política partidária”, adverte. Mas arremata a a entrevista com uma profissão de fé: “A gente tem muito otimismo e acredita que a universidade não será mais a mesma depois dessa eleição. O debate das questões vai continuar na pauta. Contudo, a gente também acredita que não se poderá mais gerir a UFPA de modo pouco transparente.”

Nesta resta final de campanha, como o senhor avalia suas chances e quais as eventuais contribuições da sua candidatura ao processo eleitoral?

Nós estamos bastantes otimistas, pois nossa candidatura cresceu muito nas últimas três semanas. As pessoas começam a se dar conta de que as chapas oriundas da atual gestão não conseguem atender às demandas da comunidade universitária. Temos trabalhado muito para fazer uma campanha ética, honesta, transparente e coletiva. Além disso, a gente avalia que já sai vitorioso dessa disputa. Há tempos a UFPA não se discutia. Nossa chapa foi a primeira em anos a provocar um grande debate na universidade. Se fores avaliar, nessa disputa antecipada pelo próprio ex-reitor, fomos os primeiros a pautar, como oposição programática, a defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade. Fomos os primeiros a denunciar o alarmante estado do ensino de graduação - e hoje, outros candidatos resolveram surfar nessa linha, mas não fizeram, tiveram sete anos para isso e não priorizam os estudantes. Desde o início a gente tem falado dos problemas e apresentado saídas para eles. Fizemos "Rodas de Conversa" com as unidades no campus do Guamá, nos campi do interior e em unidades que estão fora da cidade universitária, como o Hospital Barros Barreto. Além disso, também conversamos com diversos movimentos sociais. Diante disso, nós temos clareza de como a gestão da UFPA deixou de ouvir sua comunidade, negligenciou a participação nos grandes debates que importam para o futuro da região e perdeu o foco na democracia.

Quais as reflexões que sugerem a atmosfera sob a qual se dá a atual disputa pela reitoria da UFPA?

Lamentavelmente a gente percebe com tristeza e preocupação como algumas campanhas têm se conduzido a disputa. Além da visível ostentação da propaganda e uso da máquina, temos presenciado o uso de artifícios fraudulentos e escusos em certas condutas como coação e pressão sobre servidores, uso de dados confidenciais (e-mails institucionais, por exemplo) e a "pesquisa eleitoral" claramente duvidosa. Ou seja, o debate está sendo suplantado pela ganância pela permanência no poder. É muito ruim para a universidade que em seu ambiente se replique o pior da política partidária. As candidaturas da gestão - porque tem três chapas que saíram da atual administração - não representam nenhuma mudança, não apresentam alternativas viáveis para os desafios que a universidade apresenta hoje. É mesmo muito triste que o debate não avance e disputa se restrinja à troca de favores e à pressão sobre pessoas

Como fica a UFPA, como instituição, ao cabo desse processo eleitoral, considerando as circunstâncias sob as quais ele se deu, com recorrentes denúncias de uso da máquina administrativa, abuso de poder econômico e coerção de eleitores?


A gente tem muito otimismo e acredita que a universidade não será mais a mesma depois dessa eleição. O debate das questões vai continuar na pauta. Contudo, a gente também acredita que não se poderá mais gerir a UFPA de modo pouco transparente, sem participação e de modo clientelista. Temos esperança de que as irregularidades sejam devidamente apuradas pela Justiça, pois não podemos deixar que os desvios fiquem impunes.

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