terça-feira, 21 de junho de 2016

UFPA – A entrevista de Weyl para a Adufpa

“Acreditamos que temos condições de, em conjunto com a comunidade universitária, restabelecer na universidade a prática democrática. Além disso, pensamos que há tempos se instalou na maior universidade pública da Amazônia um conjunto de práticas e condutas que estão destruindo o nosso maior patrimônio, que é a garantia de que a academia é o locus privilegiado para a pluralidade, a coletividade e o estímulo ao pensamento. A UFPA se distanciou das grandes questões que importam para a região, não se pode deixar isso continuar. Se olharmos para o passado não muito distante, vemos que gestores saem da UFPA para seus próprios projetos políticos – personalistas, aliás - e a universidade os serviu como um tipo de trampolim. Não pretendemos seguir esse caminho. A universidade tem sido a nossa vida e nossa vida sempre será a UFPA.”
Assim o professor João Weyl, ex-vice-reitor pró-tempore da Unifesspa, a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, justifica sua candidatura a reitor da UFPA, a Universidade Federal do Pará, em entrevista concedida ao jornal da Adufpa, a Associação dos Docentes da UFPA, que também ouviu os demais candidatos. Na entrevista, que o Blog do Barata reproduz abaixo, Weyl responde a um luque de questionamentos, que inclui indagações sobre como, se eleito, pretende administrar os impactos do ajuste fiscal, de que forma tratará as reivindicações dos vários segmentos funcionais e sobre suas propostas relacionadas à carreira docente

Por que decidiu ser candidato (a) à reitor (a) da UFPA?

Representamos um grupo de pessoas da comunidade universitária formado por técnicos-administrativos, docentes e estudantes, que há algum tempo discute a UFPA e as estratégias de fomentar o debate das grandes questões da nossa universidade. Foi esse grupo que democraticamente nos escolheu para essa disputa. E é com muita honra que a gente empresta nossa experiência de gestão acadêmica e administrativa para concorrer à eleição para reitor. O professor Armando Lirio, nosso candidato a vice, também tem longa história de vida dedicada ao ensino e à pesquisa, mas também aos movimentos sociais e a programas de economia solidária e gestão pública. Acreditamos que temos condições de, em conjunto com a comunidade universitária, restabelecer na universidade a prática democrática. Além disso, pensamos que há tempos se instalou na maior universidade pública da Amazônia um conjunto de práticas e condutas que estão destruindo o nosso maior patrimônio, que é a garantia de que a academia é o locus privilegiado para a pluralidade, a coletividade e o estímulo ao pensamento. A UFPA se distanciou das grandes questões que importam para a região, não se pode deixar isso continuar. Se olharmos para o passado não muito distante, vemos que gestores saem da UFPA para seus próprios projetos políticos – personalistas, aliás - e a universidade os serviu como um tipo de trampolim. Não pretendemos seguir esse caminho. A universidade tem sido a nossa vida e nossa vida sempre será a UFPA.

Como você pretende administrar os impactos do ajuste fiscal na Universidade e qual relação será estabelecida com a iniciativa privada?

O ajuste fiscal demandará ainda mais do gestor ou gestora da UFPA competência, bom senso, transparência e democracia na tomada de decisão para a distribuição das verbas de custeio e investimentos. A centralização precisa ser vencida. Se eleitos, na nossa gestão, acabaremos com a política de balcão que se estabeleceu na universidade – que em grande parte ignora as áreas que necessitam de ações emergenciais. O nosso pensamento sobre as parcerias com a iniciativa privada é que essas devem ocorrer sempre tendo como base o interesse público e não o interesse exclusivo dos donos do dinheiro. Isso é fácil de se delimitar se as ações são implementadas de modo transparente. Vamos implantar um portal de transparência dos investimentos ancorado na nossa página. Assim, a comunidade terá acesso ao volume de investimentos feitos em todas as áreas, sejam recursos de origem público ou privado. A Fadesp também precisa estar inserida nessa prestação de contas mais detalhada. Chega de caixas fechadas. A UFPA é pública e deve prestar contas de forma mais transparente e detalhada a todos e todas.

Como você pretende estabelecer relações com as entidades representativas da UFPA acerca das reivindicações apresentadas pelas categorias?

Nossa proposta de gestão está assentada no compromisso com o diálogo. Esperamos estabelecer canais diretos de comunicação com as entidades que representam as categorias da UFPA e construir agendas que possam pautar não apenas os interesses das categorias, mas que, também sejam agendas políticas, com as quais possamos construir debates públicos e nos juntar a grandes reivindicações sociais. O momento político do país exige uma universidade aberta para a sociedade e também disposta ao diálogo franco. 
Temos algumas propostas específicas que dependem de uma articulação direta com as entidades, como a instalação de um grupo de trabalho que torne viável a implementação da jornada continuada, reivindicação antiga dos técnicos-administrativos da UFPA; a construção de uma Política Institucional de Incentivo à Qualificação e de aproveitamento dos técnicos-administrativos nas atividades de pesquisa e extensão; a construindo de uma nova política de assistência estudantil e a construção de uma agenda política que apoie a defesa das reivindicações dos docentes frente à situação de desmonte que vivenciamos no Brasil de Temer.

Quais suas principais propostas relacionadas à carreira docente?


Queremos afirmar o nosso compromisso com o fortalecimento da carreira docente, para que ela se torne atrativa e não permita a perda de talentos e possa também ser convidativa para pesquisadores de outras regiões do país e do exterior. Temos que discutir as condições de trabalho na UFPA, principalmente no que diz respeito a espaço físico como sala para docentes e grupos de pesquisa nas várias unidades. Percebemos uma grande sobrecarga de trabalho, principalmente relacionada ao produtivismo que se estabeleceu na pesquisa e na pós-graduação. As resoluções e regime de trabalho possuem uma característica de controle e não de estímulo ao desenvolvimento da carreira docente e não contemplam o volume de atividades acadêmicas e administrativas realizada no ensino, na pesquisa e na extensão. É necessário reestabelecer a distribuição da carga horária no Plano de Trabalho Individual dos docentes de maneira anual e não semestral, com isso, esperamos contribuir para uma melhor distribuição da carga horária docente nos quatros períodos letivos da universidade. Também queremos construir em conjunto com os docentes uma estratégia de melhor aproveitamento do nosso quadro docente de doutores em programas de pós-graduação e de pesquisa, há muitos doutores fora da pós-graduação, precisamos definir programas de estímulo e apoio, inclusive voltado para a expansão da pós nos campi do interior.

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