“Acreditamos que
temos condições de, em conjunto com a comunidade universitária, restabelecer na
universidade a prática democrática. Além disso, pensamos que há tempos se
instalou na maior universidade pública da Amazônia um conjunto de práticas e
condutas que estão destruindo o nosso maior patrimônio, que é a garantia de que
a academia é o locus privilegiado
para a pluralidade, a coletividade e o estímulo ao pensamento. A UFPA se
distanciou das grandes questões que importam para a região, não se pode deixar
isso continuar. Se olharmos para o passado não muito distante, vemos que
gestores saem da UFPA para seus próprios projetos políticos – personalistas,
aliás - e a universidade os serviu como um tipo de trampolim. Não pretendemos
seguir esse caminho. A universidade tem sido a nossa vida e nossa vida sempre
será a UFPA.”
Assim o
professor João Weyl, ex-vice-reitor
pró-tempore da Unifesspa, a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará,
justifica sua candidatura a reitor da UFPA, a Universidade Federal do Pará, em
entrevista concedida ao jornal da Adufpa, a Associação dos Docentes da UFPA, que também ouviu os demais candidatos. Na
entrevista, que o Blog do Barata reproduz
abaixo, Weyl responde a um luque de questionamentos, que inclui indagações
sobre como, se eleito, pretende administrar os impactos do ajuste fiscal, de
que forma tratará as reivindicações dos vários segmentos funcionais e sobre
suas propostas relacionadas à carreira docente
Por que decidiu ser candidato (a) à reitor (a) da
UFPA?
Representamos um
grupo de pessoas da comunidade universitária formado por
técnicos-administrativos, docentes e estudantes, que há algum tempo discute a UFPA
e as estratégias de fomentar o debate das grandes questões da nossa
universidade. Foi esse grupo que democraticamente nos escolheu para essa
disputa. E é com muita honra que a gente empresta nossa experiência de gestão
acadêmica e administrativa para concorrer à eleição para reitor. O professor
Armando Lirio, nosso candidato a vice, também tem longa história de vida
dedicada ao ensino e à pesquisa, mas também aos movimentos sociais e a
programas de economia solidária e gestão pública. Acreditamos que temos
condições de, em conjunto com a comunidade universitária, restabelecer na
universidade a prática democrática. Além disso, pensamos que há tempos se
instalou na maior universidade pública da Amazônia um conjunto de práticas e
condutas que estão destruindo o nosso maior patrimônio, que é a garantia de que
a academia é o locus privilegiado
para a pluralidade, a coletividade e o estímulo ao pensamento. A UFPA se
distanciou das grandes questões que importam para a região, não se pode deixar
isso continuar. Se olharmos para o passado não muito distante, vemos que
gestores saem da UFPA para seus próprios projetos políticos – personalistas,
aliás - e a universidade os serviu como um tipo de trampolim. Não pretendemos
seguir esse caminho. A universidade tem sido a nossa vida e nossa vida sempre
será a UFPA.
Como você pretende administrar os impactos do
ajuste fiscal na Universidade e qual relação será estabelecida com a iniciativa
privada?
O ajuste fiscal
demandará ainda mais do gestor ou gestora da UFPA competência, bom senso,
transparência e democracia na tomada de decisão para a distribuição das verbas
de custeio e investimentos. A centralização precisa ser vencida. Se eleitos, na
nossa gestão, acabaremos com a política de balcão que se estabeleceu na universidade
– que em grande parte ignora as áreas que necessitam de ações emergenciais. O
nosso pensamento sobre as parcerias com a iniciativa privada é que essas devem
ocorrer sempre tendo como base o interesse público e não o interesse exclusivo
dos donos do dinheiro. Isso é fácil de se delimitar se as ações são
implementadas de modo transparente. Vamos implantar um portal de transparência
dos investimentos ancorado na nossa página. Assim, a comunidade terá acesso ao
volume de investimentos feitos em todas as áreas, sejam recursos de origem
público ou privado. A Fadesp também precisa estar inserida nessa prestação de
contas mais detalhada. Chega de caixas fechadas. A UFPA é pública e deve
prestar contas de forma mais transparente e detalhada a todos e todas.
Como você pretende estabelecer relações com as
entidades representativas da UFPA acerca das reivindicações apresentadas pelas
categorias?
Nossa proposta de gestão está assentada no
compromisso com o diálogo. Esperamos estabelecer canais diretos de comunicação
com as entidades que representam as categorias da UFPA e construir agendas que
possam pautar não apenas os interesses das categorias, mas que, também sejam
agendas políticas, com as quais possamos construir debates públicos e nos
juntar a grandes reivindicações sociais. O momento político do país exige uma
universidade aberta para a sociedade e também disposta ao diálogo franco.
Temos algumas propostas específicas que
dependem de uma articulação direta com as entidades, como a instalação de
um grupo de trabalho que torne viável a implementação da jornada
continuada, reivindicação antiga dos técnicos-administrativos da UFPA;
a construção de uma Política Institucional de Incentivo à Qualificação
e de aproveitamento dos técnicos-administrativos nas atividades de pesquisa e
extensão; a construindo de uma nova política de assistência estudantil e a
construção de uma agenda política que apoie a defesa das reivindicações dos
docentes frente à situação de desmonte que vivenciamos no Brasil de Temer.
Quais suas principais propostas relacionadas à
carreira docente?
Queremos afirmar o nosso compromisso com o
fortalecimento da carreira docente, para que ela se torne atrativa e não
permita a perda de talentos e possa também ser convidativa para pesquisadores
de outras regiões do país e do exterior. Temos que discutir as condições de
trabalho na UFPA, principalmente no que diz respeito a espaço físico como sala
para docentes e grupos de pesquisa nas várias unidades. Percebemos uma grande
sobrecarga de trabalho, principalmente relacionada ao produtivismo que se
estabeleceu na pesquisa e na pós-graduação. As resoluções e regime de trabalho
possuem uma característica de controle e não de estímulo ao desenvolvimento da
carreira docente e não contemplam o volume de atividades acadêmicas e
administrativas realizada no ensino, na pesquisa e na extensão. É necessário
reestabelecer a distribuição da carga horária no Plano de Trabalho Individual
dos docentes de maneira anual e não semestral, com isso, esperamos contribuir
para uma melhor distribuição da carga horária docente nos quatros períodos
letivos da universidade. Também queremos construir em conjunto com os docentes
uma estratégia de melhor aproveitamento do nosso quadro docente de doutores em
programas de pós-graduação e de pesquisa, há muitos doutores fora da pós-graduação,
precisamos definir programas de estímulo e apoio, inclusive voltado para a
expansão da pós nos campi do interior.
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