Em sentido horário: Tourinho, Ortiz e Weyl, protagonistas da sucessão. |
Prevista para
quarta-feira da próxima semana, 29, a eleição para reitor da UFPA, a
Universidade Federal do Pará, está, hoje, polarizada entre os professores Emmanuel
Tourinho, ex-pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, o candidato da situação, e
Edson Ortiz, ex-pró-reitor de Administração, uma candidatura de oposição, que
emerge das entranhas da atual gestão, depois de ser perfidamente preterida pelo
ex-reitor Carlos Maneschy. É nesse cenário que desponta a candidatura do
professor João Weyl, ex-vice-reitor
pró-tempore da Unifesspa, a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, cuja
maior ambição é abrir um debate, para além da disputa eleitoral, sobre as
propostas para o futuro da UFPA. Sob essa perspectiva, é natural que o grupo
que ele representa almeje tornar-se algo mais que um dos segmentos residuais
que povoam a universidade, na esteira dos quais emergem, por exemplo, as
candidaturas dos professores Erick Pedreira, identificada com setores do PSDB,
e Vera Jacob, associada ao PSol.
Seja como for, até os
próprios adversários reconhecem, pelo menos nos bastidores, a polarização entre
Emmanoel Tourinho e Edson Ortiz. Favorecido pela utilização da máquina
administrativa e beneficiado pela exiguidade da campanha eleitoral, que
conspira contra a oposição, Tourinho tem o apoio do
ex-reitor Carlos Maneschy, candidato a prefeito de Belém pelo PMDB, legenda que
se junta ao PT no aval à sua candidatura, que também é apoiada pelo atual
reitor, Horácio Schneider, que cumpre
um mandato tampão, ao qual se somam forças periféricas, como PC do B, via UJS, União da Juventude Socialista, e, surpreendentemente, o Levante da Juventude, um movimento originário da esquerda radical que surgiu inspirado por bandeiras éticas. Ele é acossado por Ortiz, um candidato suprapartidário, cujo principal cacife, além da
postura respeitosa e afável, é a teia de relações, pessoais e profissionais,
sedimentadas ao longo de 38 anos de vida acadêmica, cujo corolário é um voto
extremamente fidelizado, que independe do fisiologismo do qual é refém a
candidatura de Tourinho, ainda turbinada por pressões avassaladoras, no limite
da coação pura e simples, segundo recorrentes denúncias. Nos comitês eleitorais
de Ortiz e Weyl o denominador comum, além do caráter apartidário de ambas as candidaturas, são denúncias a propósito do cerco
coercitivo aos eleitores por parte da tropa de choque da campanha de Tourinho. “Jamais
se viu algo assim na universidade. Chegam a questionar por que você curtiu a
postagem de um candidato adversário no Facebook, ou por que você não usa o
boton do Tourinho”, desabafa um professor. “Isso é péssimo para a instituição”,
observa outra fonte da UFPA, que expressa seu temor pelas sequelas dessa
atmosfera de intolerância. Um temor que medra com vigor, principalmente entre
aqueles que se preocupam em privilegiar o princípio do contraditório, condição sine qua non para o debate democrático,
pressuposto basilar para a busca da excelência acadêmica. Esse temor alimenta o
medo do revanchismo, cultivado pelos setores mais radicais do status quo acadêmico, tão deletério
quanto o sectarismo dos segmentos mais à esquerda do espectro ideológico,
também representados na universidade.
2 comentários :
Eu também nunca vi nada assim. Gente tão intolerante.
Falta o senhor comentar sobre o processo administrativo do professor Gilmar (que se diz representante do interior e o professor Tourinho diz que é o único candidato a reitor com vice do interior), sou do interior e ele não me representa!
Havia um processo contra ele, o qual foi esquecido... Acho que Maneschy sentou em cima e esqueceu de responder!
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