Greve no Diário e no DOL: demissões , na retaliação dos Barbalho. |
Está marcada para esta terça-feira, 17, às 8h45, na 5ª Vara do Trabalho de
Belém, a audiência na ação coletiva ajuizada pelo Sindicato dos Jornalistas do
Pará contra a RBA, a Rede Brasil Amazônia de Comunicação - que inclui os
veículos Diário do Pará, DOL, o Diário Online, e RBA TV. O grupo, fundado e administrado pela
família do senador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará, demitiu os
jornalistas Amanda Aguiar, Felipe Melo, Cris Paiva e Adison Ferrera, que
estiveram à frente da histórica greve dos jornalistas realizada no mês de
setembro. As demissões ocorreram imediatamente após o período de estabilidade
firmado no acordo coletivo que marcou o fim do movimento paredista. Há,
portanto, claros indícios de que se trata de perseguição.
Minimizando o episódio, em entrevista ao
Portal Imprensa, o diretor-geral do grupo, Camilo Centeno, afirmou que as
demissões constituem uma decisão meramente administrativa e negou que tenham
sido motivadas pelo sentimento de vingança. Camilo Centeno disse que estas são
acusações "totalmente infundadas". "O grupo tem mais de 800
pessoas, estamos falando de quatro demissões. O número é absurdamente ridículo,
é mínimo. É uma rotina, a empresa faz os ajustes conforme a necessidade dela.
São ex-funcionários que por algum motivo não interessavam mais à gerência, não
entendo essa ideia de retaliação", disse.
Os quatro jornalistas foram desligados
no dia 18 de novembro. Como agravante, as condições em que foram realizadas as
demissões: no hall de entrada da empresa. Os trabalhadores foram impedidos de
adentrar o prédio, submetidos à assinatura dos documentos no balcão de
recepção, em uma situação vexatória.
Assédio - As perseguições no grupo RBA começaram muito antes das demissões dos
jornalistas Amanda Aguiar, Felipe Melo, Cris Paiva e Adison Ferrera. Antes de
iniciado o movimento paredista, a própria Cris Paiva, então produtora da TV
RBA, foi dispensada sem justa causa, após divulgar seu contracheque numa rede
social, em meio ao início da campanha Jornalista Vale Mais. O caso teve grande
repercussão em Belém. Cris foi readmitida - e mandada embora novamente dois
meses depois, desta vez de forma definitiva.
O grupo da família do senador Jader Barbalho
também já havia desligado arbitrariamente o jornalista Leonardo Fernandes,
repórter no jornal Diário do Pará,
tão logo a greve foi anunciada, em 16 de setembro. Leonardo era um dos
jornalistas mais engajados na organização do movimento Jornalista Vale Mais.
Na cronologia das retaliações, o retorno
dos grevistas ao trabalho foi marcado pela surpresa. Todos os jornalistas que
aderiram ao movimento foram remanejados para outros horários e editorias, em
uma generalizada dança das cadeiras.
Ficou explícita a perseguição quando profissionais do caderno de Cidades foram transferidos para o
caderno de Polícia, considerado de
menor importância, até mesmo pela estrutura dispensada aos profissionais que
atuam nessa área, como, por exemplo, só dispor dos carros mais sucateados da
empresa. Os grevistas ainda perderam o direito de assinar os próprios textos –
mesmo que eles rendessem páginas inteiras e manchetes de primeira página ou de
capas dos cadernos. Cada editor dava uma explicação diferente para o fato.
Também há suspeita de que a empresa tenha pago uma “bonificação” de R$ 300,00
para os funcionários que não aderiram à greve. O assédio moral tem se tornado
ainda mais intenso na redação do Diário
Online.
Mobilização
- No dia 20 de novembro, um ato público
realizado em frente à sede da empresa, em uma das vias de maior circulação da
capital paraense, reuniu jornalistas, movimentos sociais e demais apoiadores do
movimento Jornalista Vale Mais, em um manifesto contra o assédio moral e as
demissões arbitrárias no grupo RBA.
A campanha teve seguimento no dia 29 de
novembro, última sexta-feira do mês, quando foi organizado um “dia de luto” em
repúdio a qualquer tipo de perseguição e retaliação a jornalistas do Pará. A
ação intitulada Black Friday #JornalistaValeMais mobilizou a categoria.
Diversos jornalistas compareceram às redações e demais empresas de comunicação
vestindo negro.
A ação coletiva ajuizada contra a RBA
pede a reintegração dos trabalhadores demitidos e indenização por danos morais
– já que o direito de greve é assegurado pela Constituição Federal. “Os
trabalhadores desta empresa se utilizaram de um direito constitucional para
garantir melhores condições de trabalho e salários mais dignos, pensando na
melhoria da produção e da qualidade da empresa, e também na valorização do
profissional jornalista. É inadmissível que o grupo RBA trate os seus
funcionários como inimigos e aplique um processo de perseguição contra os que
lutaram por melhorias, ferindo o direito de greve”, afirma a comissão de
trabalhadores.
Sobre a
greve - A greve dos jornalistas do Diário do Pará, Portal Diário Online e TV RBA, no final de
setembro, durou uma semana. O acordo entre o Sinjor/PA e o grupo RBA, que
viabilizou o retorno ao trabalho, assegurou a elevação do piso salarial da
categoria de R$ 1.000,00 para R$ 1.300,00, a partir do dia 1º de outubro, com
nova atualização para R$ 1.500,00 em abril de 2014. Assegurou, também, a
estabilidade no emprego por 45 dias e o pagamento dos dias parados. Os
grevistas também garantiram equipamentos de segurança para equipes que cobrem a
editoria de polícia e distribuição de botas, capas e guarda-chuvas para todos
os jornalistas da empresa.
Saiba mais
- Audiência na ação coletiva ajuizada
pelo Sindicato dos Jornalistas do Pará contra a Rede Brasil Amazônia de
Comunicação. Nesta terça, 17 de dezembro, às 8h45, na 5ª Vara do Trabalho de
Belém (travessa Dom Pedro I, 750, bairro do Umarizal).
Acesse
Nenhum comentário :
Postar um comentário