Edmilson Rodrigues: "Seguimos conscientizando os eleitores a rejeitarem e denunciarem toda forma de corrupção eleitoral". |
Líder das pesquisas de intenção de voto, o deputado federal Edmilson
Rodrigues (PSOL) revela-se, previsivelmente, confiante na vitória na disputa
pela Prefeitura de Belém, cacifado pela experiência acumulada em dois mandatos
como prefeito da capital paraense, para os quais foi sucessivamente eleito em
1996 e 2000, quando ainda no PT, do qual foi militante histórico e dele se
retirou na esteira do escândalo do mensalão. A despeito disso, ele não
subestima as ameaças que representam o uso da máquina administrativa e a
interferência do poder econômico, das quais foi vítima em 2012, quando no
segundo turno acabou derrotado pelo atual prefeito, Zenaldo Coutinho (PSDB),
candidato à reeleição e protagonista de uma administração caótica, sustentada
pela propaganda enganosa. “Sobre o uso da máquina, como você ressalta,
ela é capaz sim de influenciar no resultado da eleição. Por isso, seguimos
conscientizando os eleitores a rejeitarem e também a denunciarem toda forma de
corrupção eleitoral, pois R$ 50 reais no bolso hoje, não paga a vida do parente
perdida por falta de atendimento de saúde, amanhã, ou mesmo a falta de
iluminação pública que vá facilitar um assalto, por exemplo”, observa Edmilson,
em entrevista ao Blog do Barata. Por isso seu otimismo. “Tenho confiança na
vitória e que a soberania popular não será fraudada”, sublinha.
Ao clamor público diante da escalada da criminalidade em Belém, Edmilson responde com a promessa de criação de uma Secretaria
Municipal de Segurança e Prevenção da Violência. “Sabemos que a segurança
pública é competência do estado, mas o município não pode se omitir. O meu primeiro
ato administrativo será a criação da Secretaria Municipal de Segurança e
Prevenção da Violência. Vamos ampliar o efetivo da Guarda Municipal por meio da
realização de concurso público e vamos implementar uma política municipal de segurança”,
proclama. Sem esquecer de salientar suas prioridades, em matéria de saúde,
educação e saneamento. “Destaco entre as pautas prioritárias, na saúde, o
funcionamento 24 horas de uma unidade básica em cada distrito. Na educação,
vamos implantar o tempo integral. No saneamento, vamos concluir a macrodrenagem
do Tucunduba e da Estrada Nova, além de fazer a manutenção da macrodrenagem da
Bacia do Uma”, acrescenta.
Seja porque encontra-se na zona de conforto, com as pesquisas de intenção
de voto que apontam seu favoritismo, seja porque reviu suas idiossincrasias, o
candidato do PSOL, hoje, revela-se a uma distância abissal do prefeito do
passado, que mostrava-se irascível diante de questionamentos incômodos. Assim,
por exemplo, indagado sobre a condenação por improbidade administrativa, em
primeira instância, Edmilson reage com tranquilidade, embora limitando-se a respondê-la
apenas parcialmente. Ao abordar a acusação de ter patrocinado a compra, feita
sem licitação, de mais de 14 mil exemplares de livros, supostamente pagos sem ter sido
entregues; e desvio de finalidade de verbas do FNDE, o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação, ele tenta justificar-se. “Sobre
a inexigibilidade de licitação é permitida em determinadas situações. No caso,
os livros foram adquiridos após análise técnica da Coordenadoria de Educação da
Semec, tendo o respaldo da Carta de Exclusividade emitida pela Câmara
Brasileira do Livro, CBL, órgão competente para atestar que uma obra
intelectual não possui similaridade com outra”, afirma. “O TCU já firmou
entendimento que é lícita a aquisição direta de livros, por inexigibilidade de
licitação, quando feita junto a editoras que possuam contratos de exclusividade
com os autores”, pondera. “A minha história não se confunde com a dos
corruptos. Tenho plena confiança na Justiça e que a verdade vencerá”, acentua,
na entrevista concedida ao Blog do Barata, que segue abaixo.
Embora despontando como
favorito, segundo as pesquisas de intenção de voto, o senhor é candidato por um
partido de parca densidade eleitoral, em uma coligação com legendas
eleitoralmente inexpressivas. Na possibilidade de um segundo turno, o senhor
não teme que o apoio das máquinas administrativas estadual e municipal ao seu
eventual adversário – seja o delegado Éder Mauro, seja o prefeito Zenaldo
Coutinho – possa favorecer o candidato do status quo, tal qual
ocorreu em 2012?
O PSOL é um partido cada
vez mais respeitado e em franca ascensão no país. Como se sabe, quantidade não
significa necessariamente qualidade. A votação anual dos jornalistas
setorizados no Senado Federal e na Câmara dos Deputados e também a votação
aberta ao público na internet, promovidas pela revista Congresso em Foco, vem confirmando os parlamentares do PSOL como os
melhores do Brasil, todos os anos. Assim como constam na lista dos "cabeças"
do Congresso, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, o DIAP.
Tenho muito orgulho de fazer parte de uma bancada corajosa, bem preparada e
antenada com os principais anseios do povo brasileiro. Esse é o nosso maior
patrimônio.
No que tange à
coligação, fizemos as alianças possíveis para o momento eleitoral e que nos
parecem relevantes sob o ponto de vista da representação no Congresso.
A coligação "Juntos
pela Mudança" (PSOL, PDT, PV e PPL) reúne 31 deputados federais (6% do
total de vagas dentre os 27 partidos com representação) e quatro senadores
(4,9% das cadeiras dentre os 18 partidos com representação). Com todo esse
esforço, entretanto, conseguimos pouco tempo de propaganda eleitoral gratuita,
com apenas 42 segundos de televisão, por exemplo, já que a reforma eleitoral
aprovada pelo notório Eduardo Cunha veio favorecer sobremaneira os partidos que
se perpetuam no poder em detrimento dos novos e bons partidos, como o PSOL, que
têm lutado por um país mais justo e democrático.
Sobre o uso da máquina,
como você ressalta, ela é capaz sim de influenciar no resultado da eleição. Por
isso, seguimos conscientizando os eleitores a rejeitarem e também a denunciarem
toda forma de corrupção eleitoral. Pois, R$ 50 reais no bolso hoje, não paga a
vida do parente perdida por falta de atendimento de saúde, amanhã, ou mesmo a
falta de iluminação pública que vá facilitar um assalto, por exemplo. Tenho
confiança na vitória e que a soberania popular não será fraudada.
O senhor acaba de ser
condenado por improbidade administrativa, em uma sentença da qual ainda cabe
recurso. Qual a sua versão, diante das denúncias feitas, que remontam à sua passagem
pela Prefeitura de Belém: a compra, feita sem licitação, de mais de 14 mil
exemplares de livros, pagos sem ter sido entregues; e desvio de finalidade de
verbas do FNDE, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação?
Não há condenação
transitada em julgado contra mim. A decisão de primeiro grau referida na sua
pergunta já está com seus efeitos suspensos. Como se sabe, decisões judiciais
estão sujeitas a erros. Causou estranheza uma decisão judicial divulgada a
poucos dias do início da campanha eleitoral, ainda mais sobre supostas
irregularidades de mais de 12 anos atrás.
Sobre a inexigibilidade
de licitação é permitida em determinadas situações. No caso, os livros foram
adquiridos após análise técnica da Coordenadoria de Educação da Semec, tendo o
respaldo da Carta de Exclusividade emitida pela Câmara Brasileira do Livro, CBL,
órgão competente para atestar que uma obra intelectual não possui similaridade
com outra. O TCU já firmou entendimento que é lícita a aquisição direta de
livros, por inexigibilidade de licitação, quando feita junto a editoras que
possuam contratos de exclusividade com os autores para editoração e
comercialização das obras (acórdão n.º 3.290/2011-plenário, TC-030.180/2010-4,
relator ministro José Jorge, 7.12.2011).
Mesmo que não tendo
diretamente conduzido a licitação ou realizado o controle de material da Semec,
cumpri a obrigação de gestor ao adquirir os livros didáticos para os alunos da
rede pública municipal. Não houve dolo ou má fé. A minha história não se
confunde com a dos corruptos. Tenho plena confiança na Justiça e que a verdade
vencerá.
"Não há condenação transitada
em julgado contra mim. O TCU já
firmou entendimento que é lícita
a aquisição direta de livros, por
inexigibilidade de licitação, quando
as editoras possuam contratos de
exclusividade com os autores.”
Embora dela ainda caiba
recurso, essa sentença, no calor da campanha, sobretudo na eventualidade de um
segundo turno e sob os desdobramentos do escândalo do petrolão, não poderá
conspirar contra sua candidatura?
Não acredito, pois
prevalecerá a vontade de mudança de cerca de 80% de nossa população e no apoio
decidido que recebo todos os dias de pessoas das mais diversas profissões e
segmentos sociais. Isso se reflete nas pesquisas realizadas por variados e
respeitados institutos de pesquisa, que me apontam em primeiro lugar nas
intenções de voto em Belém, sinalizam que nossas propostas têm recebido
crescente apoio, como é o caso das unidades de saúde 24 horas em todos os
distritos e a construção do Hospital Municipal Materno Infantil.
É natural que os
vencedores governem com os seus. Tanto quanto é natural buscar a sustentação
parlamentar cooptando setores da oposição, o que implica na partilha de cargos
pelo Executivo. Se eleito, como o senhor pretende garantir o apoio dos seus
aliados e dos vereadores em geral, para suas propostas de gestão, sem ceder à
tentação do aparelhamento da administração municipal?
A aliança política tem
como base o programa de governo que foi democraticamente construído pela
sociedade de Belém. É em torno dessa proposta de mudança e de participação que
devem se reunir todos aqueles dispostos a colaborar com um novo tempo para
nossa capital. Nossas alianças serão pautadas dentro dos princípios da ética e
do respeito com o erário, princípios estes que sempre nortearam a minha vida
pública e também a privada. Quem me conhece, já sabe que o diálogo comigo
sempre se dará nesses termos. Não há possibilidade de ser diferente.
“Destaco como prioritária, na saúde, o
o funcionamento 24 horas de uma unidade
em cada distrito. Na educação, vamos
implantar o tempo integral. No
saneamento,
vamos concluir a macrodrenagem
do
Tucunduba e da Estrada Nova,
além de fazer a
manutenção
da macrodrenagem da Bacia do Una.”
O senhor é novamente
candidato à Prefeitura de Belém com propostas ousadas, que privilegiam a
segurança pública, a educação e a saúde. Como o senhor pretende implementar
suas propostas, diante da escassez de recursos, com a arrecadação municipal
previsivelmente em queda, devido a conjuntura recessiva, em um município que
muito depende do repasse de recursos da União e do estado, com o agravante de
ter amargado três sucessivas administrações ruinosas?
É verdade que há muito
trabalho a ser feito por Belém e que, obviamente, estaremos lutando contra as
limitações orçamentárias. As nossas propostas serão implementadas ao longo dos
próximos quatro anos. Teremos uma gestão transparente e participativa.
Destaco entre as pautas
que considero prioritárias, na saúde, o funcionamento 24 horas de uma unidade
básica de saúde em cada distrito; médicos, remédios e insumos em todas as
unidades para garantir o atendimento à população; implantação do programa Saúde
em Casa, que levará profissionais de saúde até às residências para o
atendimento preventivo; e a construção do Hospital Municipal Materno Infantil. Na
educação, vamos implantar gradualmente o tempo integral, com atividades de
esporte, lazer, cultura e artes no turno alternativo ao curso regular; e
implantar os Centros de Esporte em cada distrito, para estimular a prática de
variadas modalidades esportivas a todos os segmentos sociais. No saneamento,
vamos concluir, em cooperação com o estado, a macrodrenagem do Tucunduba e da
Estrada Nova, além de fazer a manutenção da macrodrenagem da Bacia do Una,
combatendo os pontos críticos de alagamento; e fazer um mutirão emergencial de
coleta de lixo e de entulhos e implantação gradual da coleta seletiva.
Entre suas propostas de
gestão figura a criação de uma secretaria municipal de segurança, para conter a
escalada da violência, o problema que mais preocupa a população de Belém,
conforme revelam as pesquisas de opinião. O que o senhor pretende fazer de
prático, para pelo menos aplacar a escalada da criminalidade em Belém? Seus
planos incluem o aumento do contingente da Guarda Municipal? O senhor pretende
estabelecer alguma parceria com os governos estadual e federal? Cogita, por
exemplo, solicitar o auxílio da Força Nacional de Segurança Pública?
Sabemos que a segurança
pública é competência do estado, mas o município não pode se omitir. O meu primeiro
ato administrativo será a criação da Secretaria Municipal de Segurança e
Prevenção da Violência. Vamos ampliar o efetivo da Guarda Municipal por meio da
realização de concurso público e vamos implementar uma política municipal de segurança,
cuja participação de especialistas, de representantes de outras esferas de
poder (governos federal e estadual), da sociedade e dos representantes dos
trabalhadores do setor estará garantida no conselho que vai avaliar e deliberar
sobre essa política.
Sim, diante do atual
descalabro não se pode descartar qualquer recurso, inclusive um eventual pedido
de apoio da Força Nacional, se este for o consenso entre todas as esferas
governamentais envolvidas. Mas não se resolverá a questão da segurança sem um
forte investimento social. Isto é essencial nesse processo. Queremos dar
oportunidade para adolescentes e jovens através de atividades de esporte, lazer
e cultura nas escolas e nos centros de esporte, como citei anteriormente.
Ainda, especificamente aos jovens, vamos garantir a oportunidade de trabalho
com cursos de formação técnica e também capacitação e crédito para microempreendimentos.
Outro serviço simples,
mas que vem sendo negligenciado, sobretudo nas periferias de Belém, é a
iluminação pública, apesar do recolhimento regular da contribuição de
iluminação pública. A iluminação pode contribuir para a redução da
criminalidade. Faremos a manutenção adequada e ampliaremos esse serviço e
iremos instalar, caso seja necessário, mais câmeras de monitoramento nas
principais vias públicas e logradouros.
“Não se resolverá a questão da segurança
sem um forte investimento social. Vamos
implementar uma política municipal de
segurança, cuja participação de
especialistas,
de outras esferas de poder, da sociedade
e dos representantes dos trabalhadores
do setor estará garantida.”
Belém, há muito, é uma
cidade precariamente iluminada, sobretudo na periferia. Ao mesmo tempo, o
volume dos recursos arrecadados com a taxa de iluminação e sua destinação
tornou-se uma caixa-preta. Se eleito, o que o senhor pretende fazer a respeito?
Não só a ampliação e a
melhoria da manutenção da iluminação pública, mas também da rede de câmeras de
monitoramento nas ruas de Belém, são importantes para apoiar o combate à
violência e que constam em meu programa de governo. Certamente, é inaceitável
que um cidadão pague a contribuição de iluminação pública, mas não tenha o
serviço na rua em que mora.
Com o amplo processo de
participação social em cada distrito administrativo, vamos aproximar a
administração municipal dos cidadãos elaborando os planos de bairro, que
apontarão obras e serviços prioritários com participação popular, tais como
serviços de manutenção da rede elétrica e de ruas, mas também assistência
social, educação, saúde, coleta de entulho, manutenção de praças, canteiros e
parques, conforme consta em nosso programa de governo.
5 comentários :
Que tristeza seu apoio, mas é liberdade de expressão
Lamentável o retorno desse Senhor. Muito me admira que uma pessoa que se diz tão preparado, sendo mestre e doutor,e conhecedor de tantas áreas, tenha uma visão tão reduzida. Uma pessoa que há 20 anos, inviabilizou a construção de um elevado no Entroncamento, por causa de uma praça, a praça da Biblia, o que deixou por muitos anos nós cidadãos, sofrendo aquele inferno no trânsito, o que só foi "resolvido" em 2013, com a solução existente. Aquela coisa horrorosa construída na Pedro Miranda, o "elevado da Dr. Freitas" que só passa um carro, o Terminal Pesqueiro que afundou, a ciclovia da Dr. Freitas que em alguns trechos não passava por causa dos postes de alta tensão da Eletronorte, a pavimentação ridícula realizada na Av. Augusto Montenegro, a desastrosa intervenção no transporte para a Ilha do Mosqueiro, estou falando somente de mobilidade, que supostamente é a área dele, visto que ele é arquiteto. Quem trabalhou em sua gestão, de forma mais próxima, sabe muito bem como funciona. não se diferencia em nada a politica dos outros partidos, agora estão mais especializados. Quem quer ele de volta, de alguma forma se beneficiou no seu governo anterior. Uma pena. Infelizmente o Pará está órfão de políticos sérios e/ou pelo menos competentes. E o povo continua se iludindo com esses falsos humildes.
E um dos poucos politicos do estado que tem credibilidade junto ao povo. Sera com certeza o novo prefeito.
Será lamentável se esse senhor ganhar. Vai ficar provado que o povo paraense tem memoria curta ou sofre de falta de memoria. A gestão desse moço foi desastrosa para Belém.
A eleição de Edmilson marcará o fim do império de 20 anos da tucanalha na Pará. Até que enfim.
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