domingo, 18 de setembro de 2016

SINTEPP – O obscurantismo da elite sindical




O que está em curso no imbróglio que tem no seu epicentro o professor Manoel Ovídio Franco Carvalho, em verdade, é um arremedo de expurgo stalinista, com motivações torpes, irresistíveis aos tiranetes de província e seus simulacros. Escancara-se, com isso tudo, a porteira do obscurantismo, ironicamente em um sindicato formado por profissionais dos quais se espera que sirvam de instrumento para a conscientização sobre um dos mais elementares princípios do exercício da cidadania – a liberdade é, sempre e fundamentalmente, a liberdade de quem discorda de nós. Mas a elite sindical que se apropriou do Sintepp, e o trata como se fora propriedade sua, pouco ou nada se identifica com o conjunto da categoria que em tese representa, em sua maioria formada por professores que se desdobram em pelo menos dois turnos de trabalho, às vezes três, para garantir, ao final do mês, uma renda que permita uma vida minimamente digna à família.
Parcela dos dirigentes do Sintepp, mais exatamente aqueles que militam na APS, locupletam-se com as benesses oferecidas por um sindicato que tem um total estimado de cerca de 22 mil associados e uma receita anual calculada em R$ 12 milhões, o que permite mordomias como usufruir – inclusive para fins pessoais - de uma frota de veículos que inclui um Jeep Renegade, cuja versão mais barata fica em torno de R$ 70 mil, um luxo desnecessário para as atividades sindicais. Trata-se de um dote sedutor para os profissionais da militância político-partidária, aos quais o mandato sindical serve como instrumento de barganha e fonte de benesses, daí soar quase irresistível a tentação de utilizar o contingente de sindicalizados como massa de manobra. Não surpreende, assim, que se deixem absorver pelas disputas bizantinas, à margem dos reais interesses da categoria, embora feitas em nome dela.

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