O que está em curso no
imbróglio que tem no seu epicentro o professor Manoel Ovídio Franco Carvalho,
em verdade, é um arremedo de expurgo stalinista, com motivações torpes,
irresistíveis aos tiranetes de província e seus simulacros. Escancara-se, com
isso tudo, a porteira do obscurantismo, ironicamente em um sindicato formado
por profissionais dos quais se espera que sirvam de instrumento para a
conscientização sobre um dos mais elementares princípios do exercício da
cidadania – a liberdade é, sempre e fundamentalmente, a liberdade de quem
discorda de nós. Mas a elite sindical que se apropriou do Sintepp, e o trata
como se fora propriedade sua, pouco ou nada se identifica com o conjunto da categoria
que em tese representa, em sua maioria formada por professores que se desdobram
em pelo menos dois turnos de trabalho, às vezes três, para garantir, ao final
do mês, uma renda que permita uma vida minimamente digna à família.
Parcela dos dirigentes do
Sintepp, mais exatamente aqueles que militam na APS, locupletam-se com as
benesses oferecidas por um sindicato que tem um total estimado de cerca de 22
mil associados e uma receita anual calculada em R$ 12 milhões, o que permite
mordomias como usufruir – inclusive para fins pessoais - de uma frota de
veículos que inclui um Jeep Renegade, cuja versão mais barata fica em torno de
R$ 70 mil, um luxo desnecessário para as atividades sindicais. Trata-se de um dote
sedutor para os profissionais da militância político-partidária, aos quais o
mandato sindical serve como instrumento de barganha e fonte de benesses, daí
soar quase irresistível a tentação de utilizar o contingente de sindicalizados
como massa de manobra. Não surpreende, assim, que se deixem absorver pelas
disputas bizantinas, à margem dos reais interesses da categoria, embora feitas
em nome dela.
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