terça-feira, 22 de julho de 2014

HISTÓRIA – Jango revisto por Silvio Tendler



        Para as novas gerações, em especial, porque apresentadas a uma marcante passagem da História recente, mas também para aqueles que testemunharam, alguns precocemente, aquele conturbado período, vale a pena ver ou rever “Jango”, o festejado documentário de Silvio Tendler, que pode ser acessado, via internet, pelo link abaixo:


        No documentário, Tendler, um respeitado e premiado cineasta, resgata a trajetória do ex-presidente João Goulart,, popularmente conhecido como Jango, e com ela um importante capítulo da História do Brasil. Jango foi deposto pelo golpe de 1º de abril de 1964, no rastro do qual o Brasil mergulhou na noite negra da ditadura militar, que se estendeu por 21 anos. João Goulart só retornou ao Brasil morto e seu funeral foi realizado a toque-de-caixa, por determinação expressa dos militares, que temiam manifestações populares pela morte do ex-presidente.
        O documentário, lançado exatos 20 anos após o golpe militar de 1º de abril de 1964, com o sugestivo subtítulo "Como, quando e por que se derruba um presidente", refaz a trajetória política de Jango, valendo-se de imagens de arquivo e de depoimentos de importantes personalidades políticas como Afonso Arinos, Leonel Brizola, Celso Furtado e Magalhães Pinto, entre outros.
        Eleito vice-presidente pelo voto direto, quando presidente e vice precisavam ser legitimados pelas urnas, independentemente de legendas, Jango tornou-se presidente com a traumática, porque inesperada, renúncia do ex-presidente Jânio Quadros. Para tanto, porém, teve que superar resistências dos militares, por seu passado como ministro do Trabalho de Getúlio Vargas, quando patrocinou conquistas trabalhistas que soavam intoleráveis para os setores conservadores.
        As preocupações sociais de Jango como presidente, apesar do estilo claudicante, e a mobilização das esquerdas por reformas de base, fizeram recrudescer a intolerância da caserna, oferecendo aos militares o álibi para o golpe abortado com o suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas. E também frustrado pela canhestra tentativa golpista da UDN, a União Democrática Brasileira, via o vice-presidente Café Filho, que tornou-se presidente com a morte de Vargas, diante da vitória de JK, Juscelino Kubitschek, para presidente, e de Jango, para vice-presidente, nas eleições de 3 de outubro de 1955.
        Na época, o jornalista Carlos Lacerda, publicou em seu jornal a Carta Brandi, uma falsa missiva, supostamente enviada pelo deputado argentino Antônio Jesús Brandi a Jango, atribuindo a este a intenção de importar clandestinamente armas da Argentina para armar grupos operários. Eleito posteriormente governador do Estado da Guanabara, hoje Rio de Janeiro, Lacerda estimulou até a exaustão o golpe militar de 1º de abril de 1964, mas acabou politicamente alijado pelos militares, pelos quais ainda teve seus direitos políticos cassados, ao tentar articular uma Frente Ampla com os ex-presidentes JK e Jango, dois quais fora inimigo figadal.

Nenhum comentário :