Para
as novas gerações, em especial, porque apresentadas a uma marcante passagem da
História recente, mas também para aqueles que testemunharam, alguns precocemente,
aquele conturbado período, vale a pena ver ou rever “Jango”, o festejado
documentário de Silvio Tendler, que pode ser acessado, via internet, pelo link
abaixo:
No
documentário, Tendler, um respeitado e premiado cineasta, resgata a trajetória
do ex-presidente João
Goulart,, popularmente
conhecido como Jango, e com ela um
importante capítulo da História do Brasil. Jango
foi deposto pelo golpe de 1º de abril de 1964, no rastro do qual o Brasil
mergulhou na noite negra da ditadura militar, que se estendeu por 21 anos. João
Goulart só retornou ao Brasil morto e seu funeral foi realizado a toque-de-caixa,
por determinação expressa dos militares, que temiam manifestações populares
pela morte do ex-presidente.
O
documentário, lançado exatos 20 anos após o golpe militar de 1º de abril de 1964,
com o sugestivo subtítulo "Como, quando e por que se derruba um presidente", refaz a trajetória
política de Jango, valendo-se de
imagens de arquivo e de depoimentos de importantes personalidades políticas como
Afonso Arinos, Leonel Brizola, Celso Furtado e Magalhães Pinto, entre outros.
Eleito
vice-presidente pelo voto direto, quando presidente e vice precisavam ser
legitimados pelas urnas, independentemente de legendas, Jango tornou-se
presidente com a traumática, porque inesperada, renúncia do ex-presidente Jânio
Quadros. Para tanto, porém, teve que superar resistências dos militares, por
seu passado como ministro do Trabalho de Getúlio Vargas, quando patrocinou
conquistas trabalhistas que soavam intoleráveis para os setores conservadores.
As
preocupações sociais de Jango como presidente, apesar do estilo claudicante, e
a mobilização das esquerdas por reformas de base, fizeram recrudescer a
intolerância da caserna, oferecendo aos militares o álibi para o golpe abortado
com o suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas. E também frustrado pela
canhestra tentativa golpista da UDN, a União Democrática Brasileira, via o
vice-presidente Café Filho, que tornou-se presidente com a morte de Vargas, diante
da vitória de JK, Juscelino Kubitschek, para presidente,
e de Jango, para vice-presidente, nas
eleições de 3 de outubro de 1955.
Na época, o jornalista Carlos Lacerda,
publicou em seu jornal a Carta Brandi,
uma falsa missiva, supostamente enviada pelo deputado
argentino Antônio Jesús Brandi a Jango,
atribuindo a este a intenção de importar clandestinamente armas da Argentina
para armar grupos operários. Eleito posteriormente governador do Estado da
Guanabara, hoje Rio de Janeiro, Lacerda estimulou até a exaustão o golpe
militar de 1º de abril de 1964, mas acabou politicamente alijado pelos
militares, pelos quais ainda teve seus direitos políticos cassados, ao tentar
articular uma Frente Ampla com os ex-presidentes JK e Jango, dois quais fora inimigo figadal.
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