SOB CENSURA, POR DETERMINAÇÃO DOS JUIZES TÂNIA BATISTELO, JOSÉ CORIOLANO DA SILVEIRA, LUIZ GUSTAVO VIOLA CARDOSO, ANA PATRICIA NUNES ALVES FERNANDES, LUANA SANTALICES, ANA LÚCIA BENTES LYNCH, CARMEN CARVALHO, ANA SELMA DA SILVA TIMÓTEO E BETANIA DE FIGUEIREDO PESSOA BATISTA - E-mail: augustoebarata@gmail.com
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
ELEIÇÕES – Com a candidatura sub judice, Zenaldo é reeleito sob o ostensivo uso da máquina administrativa
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Zenaldo: candidatura sub judice e vitória com o uso da máquina pública. |
Com sua candidatura sub judice, mas anabolizada
pela ostensiva utilização das máquinas administrativas municipal e estadual, o
prefeito Zenaldo Coutinho, do PSDB, obteve a reeleição, com 52,33% dos votos válidos, contra 47,67%
do ex-prefeito Edmilson Rodrigues, do PSOL. Chama atenção, inevitavelmente, que
a minguada diferença pró-Zenaldo tenha sido inferior ao total de votos brancos
e nulos, que chega a 7,72%, somados os 2,50% de votos em branco e os 5,22% de
votos nulos, enquanto as abstenções alcançaram 21,25%, um índice alarmante, superior ao registrado no primeiro turno. Esta foi, certamente, a
mais polarizada disputa eleitoral registrada em Belém, depois das eleições estaduais
de 1982, 1990 e 1998. A derrota de Edmilson Rodrigues embute motivos que vão
bem mais além das notórias deficiências do candidato e dos erros crassos de sua
campanha, com ênfase para a repetição de um discurso que tentou ideologizar uma
disputa municipal, quando a agenda pública prioriza, na atual conjuntura, a
austeridade na administração dos gastos públicos.
A diferença abissal, entre esses pleitos do passado
recente e a disputa pela Prefeitura de Belém, este ano, foi a acintosa
utilização das máquinas administrativas municipal e estadual, tanto mais
ostensiva quando os ventos da transparência chegam, bem ou mal, ao longínquo
Pará, a terra do vale-tudo eleitoral. O que justificou a corajosa decisão do
juiz Antônio Cláudio Von Lohrmann Cruz
de cassar a candidatura do prefeito Zenaldo Coutinho, por uso da máquina pública.
O magistrado sublinhou, em sua decisão, que houve
“abuso de poder político e desvirtuamento dos recursos materiais, humanos,
financeiros e de comunicação da administração púbica”. Da cassação da
candidatura de Zenaldo Coutinho, se mantida a decisão original, resulta a
possibilidade de Belém ter novas eleições, como esclarece notícia do UOL.
Em verdade, a ação lenta e parcimoniosa da Justiça
Eleitoral no Pará, somada a um ordenamento jurídico que favorece a impunidade, estimulou
os abusos cometidos por Zenaldo Coutinho. Não custa recordar que a proliferação
de bolsões de misérias, concentrados na periferia, é terreno fértil para a
corrupção eleitoral, materializada na compra de votos, institucionalizada nos grotões dos subúrbios. A discrepância das campanhas, visível a olho nu, evidencia a
utilização da máquina pública, como ilustra a profusão de bandeiradas do
candidato tucano, movidas a dinheiro farto, em contraposição a parca mobilização do
PSOL. A vasta legião de fiscais a serviço do PSDB, cujo contraponto foi a
ausência de fiscais do PSOL em algumas seções eleitorais, é outra evidência de
que Belém assistiu, novamente, a disputa do tostão contra o milhão. São
situações que embutem ilícitos difíceis de comprovar, é fato, mas que servem de
indícios para entrever as recorrentes burlas a legislação eleitoral. Qual o custo
dessa fartura e de onde veio a dinheirama que sustentou a campanha tucana? Esta
é a pergunta que não quer calar.
ELEIÇÕES – Desdém pela Justiça
Nada mais emblemático do menosprezo, do desdém pela
Justiça, que as primeiras declarações do prefeito Zenaldo Coutinho, após o
anúncio do resultado do segundo turno da eleição para a Prefeitura de Belém.
Tratar com metáfora futebolística, referindo-se como “tapetão”
a decisão da Justiça Eleitoral cassando sua candidatura, mantida sub judice, soa
a uma empáfia, a um desrespeito, que ultrapassa os limites toleráveis.
Zenaldo poderia ter um mínimo de respeito pelo menos por
si próprio e nos poupar do moleque que se revelou, com a declaração feita,
imprópria para quem supostamente pretenderia administrar Belém “na paz”.
Belém e seus eleitores merecem respeito. Ainda que a
noção de respeito possa ser uma abstração para o moleque travestido de
prefeito.
ELEIÇÕES – O recorrente uso da máquina pública
O uso da máquina pública, frequentemente de forma
escandalosa, confunde-se com as disputas eleitorais no Pará. Na sucessão
estadual de 1982, ela serviu para ajudar a eleger governador Jader Barbalho, do
PMDB, com o decisivo apoio do então governador Alacid Nunes, que rompera com o
Palácio do Planalto, na esteira do seu rompimento com seu arquiinimigo, o
senador Jarbas Passarinho, corolário da animosidade entre os dois coronéis
catapultados para o proscênio político pelo golpe militar de 1º de abril de
1964. Com isso, Alacid contrapôs o uso da máquina administrativa estadual a utilização
da máquina administrativa federal, posta a serviço da candidatura de Oziel
Carneiro, do PDS, o Partido Social Democrático, sucedâneo da Arena, a Aliança
Renovadora Nacional, como legenda de sustentação parlamentar da ditadura
militar.
Em 1990, o uso da máquina pública estadual não foi
suficiente para derrotar Jader Barbalho, com o qual rompera Hélio Gueiros, depois
de por ele eleito governador em 1986, em pleito no qual Barbalho também elegeu senadores
Almir Gabriel, do PMDB, e Jarbas Passarinho, do PDS. É bem verdade que no rastro
das suas idiossincrasias, o então governador Hélio Gueiros negligenciou as
possibilidades à mão, inclusive ao não se preocupar em aplacar a animosidade do
funcionalismo público estadual, postergando a concessão de um reajuste salarial
que presumivelmente poderia ter rendido votos para seu candidato, o ex-prefeito
de Belém Sahid Xerfan, do PTB.
Depois disso, o uso da máquina pública voltaria a ser
determinante, para o desfecho da disputa, na sucessão estadual de 1998, quando
o ex-governador Almir Gabriel, que migrara do PMDB para o PSDB, obteve a reeleição, derrotando, por uma
minguada margem de votos, Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará e a mais
longeva liderança política da história do estado. A escandalosa utilização da
máquina administrativa estadual, da qual tanto se valeu para ser reeleito,
sepultou a imagem de gestor supostamente austero vendida pelo marketing
eleitoral de Almir Gabriel, que abdicaria novamente de qualquer resquício de
pudor em 2002, para fazer seu sucessor Simão Jatene, então um poste eleitoral.
O próprio Edmilson Rodrigues, como prefeito e ainda no
PT, pelo qual elegeu-se em 1996 e reelegeu-se em 2000, também renunciou a
pudores éticos em 2004, ao tentar eleger como sucessora a senadora petista Ana
Júlia Carepa, que fora sua vice no primeiro mandato e que tornou-se sua
desafeta. Apesar da animosidade entre ambos, Edmilson revelou-se um militante
disciplinado e dedicou-se com afinco à campanha de Ana Júlia, utilizando a
máquina pública municipal, para se contrapor ao uso da máquina administrativa
estadual, que o governador tucano Simão Jatene, que sucedera Almir Gabriel,
colocou a serviço da candidatura de Duciomar Costa, do PTB, aliado do PSDB. O
esforço de Edmilson foi em vão: Duciomar, anabolizado pela corrupção eleitoral patrocinada pelo Palácio dos Despachos, derrotou Ana Júlia, na disputa pela
Prefeitura de Belém.
ELEIÇÕES – Resultado do 2º turno
Zenaldo Coutinho (PSDB) - 52,33% (396.770
votos)
Brancos - 2,50% (20.579
votos)
Nulos - 5,22% (42.853 votos)
Votos
válidos - 92,28% (758.146 votos)
Total de
votos - 821.578
Abstenções - 21,25% (221.641)
ELEIÇÕES – Resultado do 1º turno
Zenaldo Coutinho (PSDB) - 31,02% (241.166
votos)
Edmilson Rodrigues (PSOL) - 29,50% (229.343
votos)
Éder Mauro (PSD) - 16,53% (128.549
votos)
Ursula Vidal (Rede) - 10,29% (79.968
votos)
Professor Maneschy (PMDB) - 9,70% (75.401
votos)
Regina Barata (PT) - 1,71% (13.332
votos)
Lélio Costa (PCdoB) - 0,76% (5.900 (votos)
Cléber Rabelo (PSTU) - 0,25% (1.919
votos)
Professor Ivanildo (PRTB) - 0,25% (1.910
votos)
Nulos – 5,27% (44.565
votos)
Brancos – 2,71% (22.928
votos)
Abstenções – 19,00% (198.238)
Votos
válidos – 92,01% (777.488)
Total de
votos - 844.981
ELEIÇÕES – Desempenho dos candidatos
1º TURNO
Zenaldo
Coutinho
– 31,2% (241.166 votos)
Edmilson
Rodrigues
– 29,50% (229.343 votos)
2º TURNO
Zenaldo
Coutinho
- 52,33% (396.770 votos)
Edmilson
Rodrigues
- 47,67% (361.376 votos)
sábado, 29 de outubro de 2016
ELEIÇÕES – Acertar aponta empate técnico, com vantagem de Edmilson. Indecisos chegam a 7,5%
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Edmilson Rodrigues: vantagem numérica, no empate técnico com Zenaldo. |
A decisão da disputa pela Prefeitura de
Belém está nas mãos do contingente de eleitores indecisos, que situa-se em
7,5%, acaba de evidenciar o DOL, o Diário Online, a versão digital do
jornal Diário do Pará, ao noticiar pesquisa de intenção de voto do Instituto Acertar, de Belém, notabilizado pela margem de acerto de
suas projeções. A pesquisa aponta um empate técnico entre os dois candidatos, com vantagem numérica do ex-prefeito Edmilson Rodrigues, do PSOL, sobre o prefeito Zenaldo Coutinho, do PSDB. Contabilizados os votos válidos - que excluem brancos, nulos e indecisos -, Edmilson Rodrigues ostenta 51,5% das intenções de voto, contra 48,5% de Zenaldo Coutinho. A margem de erro da pesquisa, na qual foram ouvidos 1.080 eleitores, é de 3,1 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Em flash antecipando parcialmente o noticiário do jornal
impresso, a versão online do Diário do
Pará revela que pesquisa do Instituto Acertar aponta um empate técnico
entre os candidatos à Prefeitura de Belém, com vantagem numérica do ex-prefeito
Edmilson Rodrigues, do PSOL, que tem 42,5% das intenções de voto, contra 40% do
prefeito Zenaldo Coutinho, do PSDB. De acordo com a pesquisa do Acertar, os votos
brancos e nulos somam 10% e o percentual de indecisos é de 7,5%. Em termos de votos válidos, a vantagem é de Edmilson, com 51,5% das intenções de voto, contra 48,5% de Zenaldo.
A notícia acrescenta que a pesquisa, na qual foram entrevistados 1.080 eleitores, foi realizada entre quinta-feira, 27, e sexta, 28, com uma margem de erro de 3,1 pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. Isso significa que, considerando a margem de erro, a chance de o resultado retratar a realidade é de 95%.
Na pesquisa anterior do Instituto Acertar, realizada entre 19 e 21 de outubro e com igual margem de erro, na qual também foram entrevistados 1.080 eleitores, contabilizados os votos válidos Edmilson ostentava 51% das intenções de voto, contra 49% de Zenaldo.
A notícia acrescenta que a pesquisa, na qual foram entrevistados 1.080 eleitores, foi realizada entre quinta-feira, 27, e sexta, 28, com uma margem de erro de 3,1 pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. Isso significa que, considerando a margem de erro, a chance de o resultado retratar a realidade é de 95%.
Na pesquisa anterior do Instituto Acertar, realizada entre 19 e 21 de outubro e com igual margem de erro, na qual também foram entrevistados 1.080 eleitores, contabilizados os votos válidos Edmilson ostentava 51% das intenções de voto, contra 49% de Zenaldo.
ELEIÇÕES – No derradeiro debate, Zenaldo tangencia, foge de críticas irrespondíveis e acena com promessas
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Edmilson Rodrigues, do PSOL: serenidade que faltou a Zenaldo Coutinho. |
No derradeiro debate entre os candidatos à
Prefeitura de Belém, promovido pela TV Liberal, afiliada da TV Globo, o ex-prefeito
Edmilson Rodrigues, do PSOL, que é deputado federal, teve o melhor desempenho
de todos os embates diretos com seu adversário. Bastou, para tanto,
concentrar-se nas realizações em seus dois mandatos como prefeito, em
contrapondo à pasmaceira da administração do prefeito Zenaldo Coutinho, do
PSDB, que postula a reeleição, a despeito de protagonizar uma administração
calamitosa. Edmilson recordou, por exemplo, ter construído 18 novas escolas, enquanto seu adversário deixou 12.500 crianças sem creches. Na falta de realizações a exibir, Zenaldo optou por tangenciar,
fugindo de críticas irrespondíveis, e optou por acenar com novas promessas, a
despeito de não ter honrado os compromissos de gestão com os quais foi eleito
em 2012, quando também defrontou-se, no segundo turno, com Edmilson. Zenaldo não explicou, por exemplo, a demissão sumária de 308 servidores da Secretaria Municipal de Saúde, para a nomeação de cabos eleitorais travestidos de servidores, às vésperas do período eleitoral. Como a agressividade abastece a veemência, mas conspira contra aquele mínimo de civilidade que se exige em um cotejo de propostas, a imagem de um gestor celerado, que o marketing eleitoral tucano tentou impingir a Edmilson Rodrigues, acabou por aderir a Zenaldo Coutinho. Não por acaso, o oportuno desabafo do candidato do PSOL ao prefeito em busca da reeleição. "Por favor, candidato, o senhor não pode transformar em realidade a cidade da fantasia!", disparou Edmilson, aludindo à propaganda enganosa de Zenaldo Coutinho, ao qual ainda acuou, com a admoestação devastadora: "Um prefeito de verdade não cruza os braços, não fica culpando a crise (econômica)!"
No aparente empenho em mostrar-se seguro,
Zenaldo acabou por exibir aquela autossuficiência própria de quem acredita que
se basta a si mesmo, o que ajuda a alimentar a animosidade natural que cerca os
poderosos em geral e os arrogantes em particular. No empenho em desqualificar o
adversário, abusou das adjetivações, às vezes em tom resvalando para o deboche,
em uma postura incompatível com aquela que se espera de um prefeito em busca da
reeleição. Depois de ser acuado com sucessivos questionamentos sobre as
promessas de campanha que não foram cumpridas, Zenaldo teve um deslize
particularmente patético, ao pretender ignorar o Mapa da Violência segundo o
qual Belém é a 26ª cidade mais violenta do mundo, a 9ª
do Brasil e a 3ª da Amazônia, de acordo com levantamento divulgado pelo Conselho
Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal, uma ONG mexicana. Pior, só mesmo quando tratou com menosprezo, pretendendo apresentar como factóide de militantes do PSOL, o protesto de professores concursados da Escola Bosque, cujas aulas foram suspensas, para a realização de filmagens de depoimentos de servidores comissionados e temporários em favor do atual prefeito. Aí, aderiu definitivamente a Zenaldo Coutinho a pecha de cínico a ele associada, por conta de suas recorrentes balelas, na esteira da campanha pela reeleição. Cinismo que permitiu ao prefeito tucano ignorar, olimpicamente, a indagação sobre o porquê de só ter construído, em quatro anos, uma única UPA, Unidade de Pronto Atendimento. Ou sobre o porquê da dívida do município saltar de R$ 300 milhões para R$ 100 milhões.
Grave, muito mais grave, e revelador de uma administração caótica, foi Zenaldo Coutinho não retorquir a denúncia de Edmilson Rodrigues, segundo o qual a situação financeira da Prefeitura de Belém é tão grave, que há o risco de não ser pago o 13º salário dos servidores públicos municipais, além de implicar em reajustes expressivos das tarifas de ônibus e do IPTU, o Imposto Predial e Territorial Urbano. Resvalando para o patético, ao fustigar Edmilson Rodrigues sobre déficit habitacional na gestão do ex-prefeito, Zenaldo Coutinho foi obrigado a ouvir calado a desmoralizante observação do adversário: "Não construiu uma única casa! Mostra projetos do governador, (realizados) com recursos federais!"
Não surpreende que, diante da sucessão de desmentidos a suas recorrentes balelas, Zenaldo Coutinho se revelasse atordoado, a ponto de confundir-se e imaginar que seria o último a ter a palavra, no encerramento do debate promovido pela TV Liberal. Algo previamente definido em sorteio, diga-se.
Grave, muito mais grave, e revelador de uma administração caótica, foi Zenaldo Coutinho não retorquir a denúncia de Edmilson Rodrigues, segundo o qual a situação financeira da Prefeitura de Belém é tão grave, que há o risco de não ser pago o 13º salário dos servidores públicos municipais, além de implicar em reajustes expressivos das tarifas de ônibus e do IPTU, o Imposto Predial e Territorial Urbano. Resvalando para o patético, ao fustigar Edmilson Rodrigues sobre déficit habitacional na gestão do ex-prefeito, Zenaldo Coutinho foi obrigado a ouvir calado a desmoralizante observação do adversário: "Não construiu uma única casa! Mostra projetos do governador, (realizados) com recursos federais!"
Não surpreende que, diante da sucessão de desmentidos a suas recorrentes balelas, Zenaldo Coutinho se revelasse atordoado, a ponto de confundir-se e imaginar que seria o último a ter a palavra, no encerramento do debate promovido pela TV Liberal. Algo previamente definido em sorteio, diga-se.
ELEIÇÕES – Edmilson mantém serenidade e decoro
No debate desta sexta-feira, na TV Liberal,
moderado com discrição e eficiência pela jornalista Zileide Silva, da TV Globo, Edmilson
Rodrigues driblou a recorrente dificuldade em manter a serenidade no calor do
contraditório, revelando o decoro que traduz o respeito ao eleitor, exatamente
o que faltou ao seu adversário. O habitual carisma de Zenaldo acabou sepultado
pelo desdém com o qual invariavelmente tratou os questionamentos com os quais
se defrontou, na visível tentativa de menosprezar o candidato do PSOL, o que
teve o efeito de um bumerangue. Dessa postura emergiu um candidato que exalou a
empáfia de quem aposta na força do poder de dissimulação e vê o grosso do
eleitorado, e mais particularmente o eleitorado carente, como a dócil massa de
manobra, sempre suscetível ao assistencialismo eleitoreiro. Dessa vez, mais do
que nunca, o discurso da paz, do diálogo, foi traído pela agressividade, sinônimo de descontrole, traduzido nas mãos trêmulas, que por vezes não conseguiu disfarçar.
O desfecho do debate, com as considerações finais dos candidatos, resumido pelo G1, é ilustrativo do que tem a dizer cada um dos postulantes a um novo mandato como prefeito de Belém. O prefeito Zenaldo Coutinho concentrou-se em promessas, por falta, obviamente, do que mostrar em matéria de realizações. "Sobre os projetos nós temos muito a fazer na nossa cidade, embora tenhamos avançado", justificou-se, ao renovar suas promessas. O ex-prefeito Edmilson Rodrigues foi cirúrgico e, por isso, mais convincente. "Muito obrigado Rede Globo, a TV Liberal, obrigado candidato, obrigado Zileide e obrigado aos que assistem e me deram a oportunidade de expressar nossas ideias e defender um programa de governo que vai mudar Belém e garantir uma cidade mais justa, mais digna, mais alegre. Uma cidade mais feliz. Se você acha que está tudo bem, essa cidade fantasiosa que aparece na TV, então você já tem candidato. Mas se você se incomoda com o sofrimento de quem vai a uma unidade de saúde e não tem médico e remédio, se incomoda com ver crianças na rua, 12.500 crianças fora da escola, dinheiros garantidos, nenhuma creche construída, endividamento do município e nenhuma obra de macrodrenagem concluída. Se você acha que a violência não existe em Belém, porque as pessoas dizem para mim, todas que eu encontro ou sofreram ou conhecem alguém que sofreu, inclusive de homicídios de familiares, parentes, amigos", fulminou, para então arrematar: "Se a gente, no entanto, sonha com uma cidade, segura, participativa, culturalmente forte, saudável, com postos 24 horas, com hospital materno-infantil, com pronto-socorro no Benguí igual, pouquinho maior, de oque o Guamá, com centros educacionais unificados para o que eu já coloquei emendas como parlamentar, para construir o primeiro no próximo ano. Se você sonha com as crianças dentro da escola, se sonha ver crianças dando segurança a suas mães que vão trabalhar porque seus filhos estão numa creche, seja creche construída por nós, seja mediante convênio com igrejas, como fizemos com igreja quadrangular, com igreja católica e tantas entidades não governamentais quando eu fui prefeito, dando dignidade e segurança as famílias. Tudo isso é possível. Desfralde nossa bandeira, consiga mais um voto, participe dessa onda de mudança!."
O desfecho do debate, com as considerações finais dos candidatos, resumido pelo G1, é ilustrativo do que tem a dizer cada um dos postulantes a um novo mandato como prefeito de Belém. O prefeito Zenaldo Coutinho concentrou-se em promessas, por falta, obviamente, do que mostrar em matéria de realizações. "Sobre os projetos nós temos muito a fazer na nossa cidade, embora tenhamos avançado", justificou-se, ao renovar suas promessas. O ex-prefeito Edmilson Rodrigues foi cirúrgico e, por isso, mais convincente. "Muito obrigado Rede Globo, a TV Liberal, obrigado candidato, obrigado Zileide e obrigado aos que assistem e me deram a oportunidade de expressar nossas ideias e defender um programa de governo que vai mudar Belém e garantir uma cidade mais justa, mais digna, mais alegre. Uma cidade mais feliz. Se você acha que está tudo bem, essa cidade fantasiosa que aparece na TV, então você já tem candidato. Mas se você se incomoda com o sofrimento de quem vai a uma unidade de saúde e não tem médico e remédio, se incomoda com ver crianças na rua, 12.500 crianças fora da escola, dinheiros garantidos, nenhuma creche construída, endividamento do município e nenhuma obra de macrodrenagem concluída. Se você acha que a violência não existe em Belém, porque as pessoas dizem para mim, todas que eu encontro ou sofreram ou conhecem alguém que sofreu, inclusive de homicídios de familiares, parentes, amigos", fulminou, para então arrematar: "Se a gente, no entanto, sonha com uma cidade, segura, participativa, culturalmente forte, saudável, com postos 24 horas, com hospital materno-infantil, com pronto-socorro no Benguí igual, pouquinho maior, de oque o Guamá, com centros educacionais unificados para o que eu já coloquei emendas como parlamentar, para construir o primeiro no próximo ano. Se você sonha com as crianças dentro da escola, se sonha ver crianças dando segurança a suas mães que vão trabalhar porque seus filhos estão numa creche, seja creche construída por nós, seja mediante convênio com igrejas, como fizemos com igreja quadrangular, com igreja católica e tantas entidades não governamentais quando eu fui prefeito, dando dignidade e segurança as famílias. Tudo isso é possível. Desfralde nossa bandeira, consiga mais um voto, participe dessa onda de mudança!."
Resta saber, é verdade, qual a repercussão
do debate em uma disputa marcada pelo equilíbrio entre os dois candidatos, que,
segundo os números mais confiáveis, protagonizam um empate técnico. Números de
acordo com os quais o desfecho da eleição está nas mãos do contingente de
indecisos de baixa renda.
domingo, 23 de outubro de 2016
ELEIÇÕES – Segundo o Instituto Acertar, Edmilson tem 42%, contra 40,5% de Zenaldo. Indecisos chegam a 8,5%
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Edmilson: vantagem numérica sobre Zenaldo, de acordo com o Acertar. |
Segundo o Instituto Acertar, de Belém, notabilizado
pela margem de acerto de suas pesquisas eleitorais, na reta final do segundo
turno da eleição para a Prefeitura de Belém registra-se um empate técnico entre
os candidatos, com vantagem numérica do deputado federal Edmilson Rodrigues, do
PSOL. Pela pesquisa, Edmilson Rodrigues tem 42% das intenções de voto, contra
40,5% do prefeito Zenaldo Coutinho, do PSDB; registrando-se ainda 9% entre
bancos, nulos e dos que não votam em nenhum dos candidatos, e 8,5% de
indecisos. Contabilizados apenas os votos válidos, Edmilson Rodrigues ostenta
51% das intenções de voto, contra 49%, de acordo com a pesquisa, divulgada na
edição deste domingo, 23, do Diário do Pará, o jornal do grupo de comunicação
da família do senador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará.
Registrada no TRE, o Tribunal Regional
Eleitoral do Pará, a pesquisa foi realizada entre quarta-feira, 19, e sexta, 21,
e nela foram ouvidos 1.080 eleitores. A margem de erro é de 3,1%, para mais ou
para menos. O intervalo de confiança é de 95%. Isso significa que, considerando a
margem de erro, a chance de o resultado retratar a realidade é de 95%. A
matéria do Diário do Pará omite os
números da pesquisa espontânea e faz menção à pesquisa do Ibope de 15 de outubro, que ao contabilizar os votos
válidos apontou vantagem de Edmilson Rodrigues, com 52%, contra 48% de Zenaldo
Coutinho.
O Instituto
Acertar tem como diretor geral Américo Canto, 54, sociólogo com mestrado em
ciência política, que acumula uma experiência de 15 anos trabalhando com pesquisas
eleitorais. Discreto e ético, Canto é reconhecido como um profissional de
competência e credibilidade comprovadas.
ELEIÇÕES – As dúvidas sobre a cassação
Diante da cassação da candidatura do
prefeito Zenaldo Coutinho, do PSDB, da qual recorreu o candidato tucano, emergiram
dúvidas sobre os desdobramentos do imbróglio, o que torna pertinente o box
publicado pelo jornal Diário do Pará,
reproduzido abaixo:
ELEIÇÕES – A (grave) denúncia do Diário do Pará
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Milton Nobre, o desembargador cujo nome foi aludido, cifradamente. |
Não poderia ser mais grave a denúncia feita
pelo Repórter Diário, a nobre coluna
do Diário do Pará, na edição deste
domingo, 23. A notícia faz uma cifrada e irônica alusão ao nome do desembargador
Milton Nobre, ex-presidente e identificado como a eminência parda do Tribunal
de Justiça do Pará. Como advogado, Milton Nobre comandou uma prestigiada banca de
advocacia no Pará e pontificou na campanha do ex-prefeito de Belém Sahid Xerfan,
o candidato ao governo pelo PTB em 1990, que foi derrotado pelo senador Jader
Barbalho, do PMDB, em uma das mais virulentas eleições da história do Pará.
Ostensivamente apoiado pelo grupo Liberal (hoje Sistema Romulo Maiorana de
Comunicação), e mais particularmente pelo jornal O Liberal, Xerfan era o candidato do então governador Hélio
Gueiros, eleito em 1986 por Jader Barbalho, com o qual depois romperia, para
com ele se reconciliar nas eleições de 1998.
“Há alguma coisa podre no ar da Dinamarca
que não é avião de carreira. O governador é anfitrião de um preocupado encontro
marcado para 11h e antecipado para as 9h desta segunda-feira, com três figuras
importantes da Justiça, sendo um deles da alta nobreza. O advogado do cassado
prefeito e candidato Zenaldo Coutinho, Sábato Rossetti, foi convocado para
participar da sisuda reunião. Como o governador não convidou os quatro para
jogar truco, o que paira seria capaz de derrubar avião de carreira e apodrecer
ainda mais a nossa infeliz Dinamarca”, registra a nota de abertura do Repórter Diário.
O governador Simão Jatene, também do PSDB,
é o mais ilustre eleitor do prefeito tucano Zenaldo Coutinho, que disputa a
reeleição e cuja candidatura encontra-se sub
judice, depois de ter sido cassada pelo juiz Antonio Cláudio Von Lohrmann Cruz,
por uso da máquina pública. Zenaldo recorreu da decisão, que aguarda julgamento
pelo pleno do TRE, em um contencioso que provavelmente chegará ao TSE, o
Tribunal Superior Eleitoral, se o Tribunal Regional Eleitoral do Pará derrubar
a cassação e o prefeito tucano vencer a eleição do próximo domingo, 30.
ELEIÇÕES – A meia-volta de Elder Lisboa da Costa
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Juiz Elder Lisboa da Costa: decisão grotesca, revogada 24 horas depois. |
Açodamento incompatível com a liturgia do
cargo? Esta é a indagação que permanece, diante da rapidez com a qual o juiz
Elder Lisboa da Costa, da 98ª Zona Eleitoral,
reviu a decisão de censurar a revista Veja.
Mais que a grotesca precipitação do magistrado, na contramão de princípios
constitucionais, só a indiferença do Tribunal de Justiça do Pará em apurar o
porquê dela.
Atendendo representação da
coligação União por uma Belém do Bem, o juiz Elder Lisboa da Costa censurou a revista Veja, proibida de noticiar denúncia de
corrupção eleitoral contra o prefeito Zenaldo Coutinho, candidato à reeleição.
A denúncia trata da suposta doação, não declarada, de R$ 2.15 milhões, que
teria sido feita pelo Setransbel, o Sindicato das Empresas de Transporte de
Passageiros de Belém, à campanha de Zenaldo
Coutinho, segundo revelou a edição digital da Veja, intimada a remover a notícia do seu site, sob pena de multa
diária de R$ 10 mil, em caso de desobediência.
COOPERDOCA – Na indiferença dos PMs diante do espancamento, o reflexo da omissão da oficialidade
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PM assiste, impassível, espancamento de travesti, na Doca: leniência estimulada pela omissão da oficialidade diante dos desvios de conduta. |
Choca, certamente, mas não surpreende a
leniência dos PMs que assistiram impassíveis o brutal espancamento, na Doca de
Souza Franco, de um travesti, suspeito de assaltar e até agredir taxistas da
Cooperdoca, a Cooperativa de Táxi da Doca. Mal remunerada e
embrutecida pela escala da criminalidade, com a qual convive e às vezes se
confunde, a leniência dos policiais militares apenas reflete a omissão criminosa
da oficialidade da PM diante da violência policial e dos desvios de conduta que
tisnam a imagem da corporação e transformam parcela de PMs em autênticos bandidos
fardados.
Enquanto deleita-se
com privilégios e mordomias só a si reservados e dedica-se com afinco ao
tráfico de influência, a oficialidade da PM segue indiferente ao grosso da
tropa e, para compensar as precárias condições de trabalho e a péssima remuneração, convive placidamente com a bandidagem fardada, como evidenciou a
Chacina de Belém. Para quem não se recorda: a Chacina de Belém deixou
11 mortos, em sua maioria jovens, foi iniciada na noite do dia 4 de novembro de
2014 e se estendeu pela madrugada do dia 5, em uma matança indiscriminada,
concentrada principalmente nos bairros da Terra Firme, Guamá, Jurunas e
Sideral. O estopim para as execuções foi o assassinato, na noite de 4 de
novembro de 2014, do cabo Antônio Marcos Figueiredo, o Pet, que comandava um grupo de extermínio. A matança
chocou a opinião pública e foi corajosamente repercutida na Alepa, a Assembleia
Legislativa do Pará, pelos deputados Edmilson Rodrigues (PSol), hoje deputado
federal, e Carlos Bordalo (PT), reeleito, que integraram a CPI das Milícias.
Perdura até hoje, à espera de uma resposta
convincente, a pergunta que não quer calar: em
se sabendo da rigidez da hierarquia militar e da incansável rede de arapongagem
da corporação, como pretender que o crime organizada introduziu-se na PM, a
ponto de permitir que um cabo fosse chefe de milícia, sem a conivência ou
participação de expressivos setores da sua oficialidade, por ação ou omissão?
Sem a leniência da sua oficialidade, a PM não institucionalizaria a venda de
proteção à qual dedicam-se prosaicamente suas baixas patentes, pare reforçar a
remuneração vil. A venda de proteção, sabe-se, é própria da bandidagem, como
ilustra a existência das milícias.
COOPERDOCA – Truculência recorrente
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Luiz Felipe da Silva, também espancado por taxistas da Cooperdoca. |
Descobre-se que apelar à mais brutal
truculência, permitindo-se fazer justiça pelas próprias mãos, a partir de meras suspeitas, é algo recorrente
entre os taxistas da Cooperdoca. Isso é o que escancara postagem no Facebook,
remetendo a uma covarde agressão, sofrida em 2015, por Luiz Felipe Freitas da Silva, 30 anos, que na época trabalhava no
setor de manutenção do Ministério Público Estadual, ao ser confundido com um
assaltante. O episódio foi noticiado na edição digital do jornal O Liberal.
“Levei duas
coronhadas na cabeça, vários chutes e socos. Eles não me bateram mais porque
meus colegas conseguiram fazê-los parar. Todo mundo me conhece na rua e
afirmava que eu não era ladrão. Até a própria mulher (suspeita da tentativa de
assalto), que estava no táxi, falou que eu não tinha nada a ver com o crime”, relatou
a vítima dos trogloditas da Cooperdoca.
CORONEL NEIL – Como cúmplice retroativo da ditadura, deputado pretende censurar o blog para calar denúncia
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Deputado Coronel Neil: tentativa canhestra de censurar o Blog do Barata. |
Quer conhecer o vilão, ponha-lhe o cargo na
mão. A lição da sabedoria popular certamente cai como luva no deputado estadual
Neil Duarte de Sousa (PSD), o Coronel Neil,
candidato derrotado a prefeito de Ananindeua, que é também coronel da reserva
da PM, a Polícia Militar do Pará. Juntamente com o governador Simão Jatene
(PSDB), ele é réu em uma ação por improbidade administrativa, ajuizada pelo MPE,
o Ministério Público Estadual, por possíveis
irregularidades nas promoções de oficiais e praças da PM. Além disso, também figura como ilustre
personagem oculto de um imbróglio que escancara a escandalosa utilização de PMs
lotados no Gabinete Militar da Alepa, a Assembleia Legislativa do Pará, em
flagrante desvio de função, segundo denúncia oferecida à Justiça pelo MPE. No
caso do Coronel Neil, o parlamentar é suspeito de se valer se de PMs para
coagir e intimidar desafetos, seus e da sua mulher, Danielle Arrais de Sousa,
na esteira de uma disputa familiar, em torno do espólio do sogro, Marcus
Arrais. O contencioso envolve Marcela Santana Arrais, que foi casada por cinco
anos com Marcus Arrais, falecido a 3 de outubro de 2015 e que deixou a viúva
como legítima sócia da empresa Marcus V. Arrais Representações Limitadas.
Corroborando a imagem de intolerância e
truculência que o acompanha, compatível com o mapa de crença dos cúmplices
retroativos da ditadura militar, o deputado Coronel Neil ingressou com uma
representação na Justiça Eleitoral, a pretexto de suposta propaganda eleitoral
negativa na internet, no rastro da qual postulando a censura ao Blog do Barata,
ao qual acusa de “intuito evidentemente ofensivo e calunioso”. Na
representação, o parlamentar solicita o direito de resposta – sem que o tenha
solicitado ao blog, diga-se – e a remoção das postagens publicadas a 27 de
setembro passado, que tratam da disputa em torno do espólio do seu sogro, Marcus Arrais, com a utilização de PMs para
coagir e intimidar desafetos, seus e da sua mulher, Danielle Arrais de Sousa. As postagens tiveram como fonte a denúncia
oferecida à Justiça pelo promotor de Justiça Militar, Armando Brasil, da qual o
Coronel Neil foi excluído por gozar de foro privilegiado, por ser deputado.
CORONEL NEIL – Herança, o estopim da intolerância
Moralmente covarde, como costumam ser os truculentos,
o deputado Coronel Neil dribla a transparência e foge de esclarecimentos
convincentes diante das suspeitas suscitadas, por protagonizar, como sujeito
não tão oculto, uma reles briga por herança. Ele prefere investir contra o Blog do Barata
com a clara intenção de evitar a repercussão da denúncia que o vincula à
utilização da PM, da qual é coronel reformado, para coagir e intimidar
desafetos, seus e da sua mulher, Danielle Arrais
de Sousa. Denúncia feita, repita-se, pelo Ministério Público Estadual,
cuidadosamente fundamentada pelo promotor de Justiça Militar Armando Brasil.
O deputado Coronel Neil pretende, pura e
simplesmente, a remoção de oito postagens do blog a respeito do imbróglio no
qual figura como ilustre sujeito oculto:
CORONEL NEIL – Entre a estultícia e a má-fé
Com um cinismo de corar anêmico, a
representação do deputado Coronel Neil vagueia entre a estultícia e a má-fé, ao
tentar desqualificar a suspeita que recai sobre o parlamentar como ilustre
sujeito oculto do imbróglio sobre a utilização da PM para coagir e intimidar
desafetos, seus e da sua mulher, Danielle Arrais
de Sousa. Assim, por exemplo, o constrangimento a que foi submetido pela PM Osvaldo
de Nazaré Bezerra da Silva - funcionário de Marcela Santana Arrais, a viúva de
Marcus Arrais, sogro do parlamentar e a qual são hostis o deputado e sua mulher
– é apresentado como um episódio prosaico. Sem antecedentes criminais, depois
de ser visto em uma agência bancária por Danielle Arrais de Sousa, mulher do
deputado Coronel Neil, ele foi submetido a uma revista arbitrária e graciosa
por PMs, chegando a ser xingado pelo PM lotado no gabinete do deputado,
conforme a denúncia do MPE. Na versão exposta na representação, Osvaldo de Nazaré
Bezerra da Silva, que não tem antecedentes criminais, foi “apenas revistado
como qualquer cidadão pode ser”!
A representação ainda
envereda por um tosco sofisma e resvala para a balela, pura e simples, ao
pretender criminalizar o Blog do Barata, atribuindo-lhe a intenção de
“prejudicar o candidato, através da difamação e da calúnia”, em uma ilação
própria de quem mede os outros pela sua própria régua. A justificativa para a
ignominiosa ilação é a revelação a respeito da denúncia do Ministério Público,
sobre o imbróglio no qual figura como ilustre sujeito oculto o deputado Coronel
Neil, ocorrer às vésperas das eleições de 2 de outubro, mais exatamente a 27 de
setembro, nas quais o parlamentar do PSD foi candidato à Prefeitura de
Ananindeua, em disputa na qual acabou em terceiro lugar. Estranhamente, o
candidato não requereu imediatamente o direito de resposta ao Blog do Barata
– um direito que historicamente trato como cláusula pétrea -, optando por
protocolar a representação, a 29 de setembro, na 43ª Zona Eleitoral, em
Ananindeua.
Na representação, em um
primor de obtusidade, o deputado Coronel Neil tenta criminalizar até a menção à
controvérsia sobre a real identidade da candidata a vice na chapa do deputado
Coronel Neil, Alessandra Sá, também apresentada como Alessandra Souza Pereira.
Da mesma forma, a representação também tenta criminalizar a controvérsia
instalada diante do fato da candidata a vice, na chapa do deputado Coronel
Neil, ter domicílio eleitoral distinto do marido, o deputado federal Éder
Mauro, também do PSD, candidato à Prefeitura de Belém, em disputa na qual ficou
em terceiro lugar, após polarizar a disputa com o ex-prefeito Edmilson
Rodrigues, do PSOL, nas pesquisas de intenção de voto.
CORONEL NEIL – A decisão do juiz
Em sua decisão, o juiz Carlos Magno Gomes de
Oliveira, da 43ª Zona Eleitoral, rejeita, porque sustentada em argumentação pífia, a pretensão do deputado Coronel Neil,
que postula não apenas o direito de resposta, mas também a remoção das
postagens nas quais é citado, na edição de 27 de setembro passado. “No presente
caso, se faz referência a que os fatos publicados, quase em sua totalidade,
teriam como fonte um processo judicial em que são apurados, o que afasta desde
logo a possibilidade de caracterizarem-se como sabidamente inverídicos. Mesmo
argumento que se faz quanto às conjecturas sobre o nome da componente da chapa
encabeçada pelo representante, além de que as conjecturas ali feitas sequer
dizem respeito ao autor da representação”, assinala o magistrado. “Leve-se em
conta, ainda, que o contraditório deve ser diferido apenas excepcionalmente,
mediante fatos devidamente provados que justifiquem tal coisa, o que,
repita-se, não se vê, especialmente quando se leva em conta a em conta a
celeridade do rito dado ao direito de resposta”, reforça.
Em sua sentença, o juiz Carlos Magno Gomes de
Oliveira, da 43ª Zona Eleitoral, reporta-se ao princípio constitucional da
liberdade de expressão e a necessidade de distinguir o seu exercício da prática
de ilícito. “Quanto a liminar pleiteada, os fatos questionados são apresentados
sob o manto da liberdade de expressão contra figura pública em meio a campanha
eleitoral para outro cargo público, circunstância que devem ser sopesados para
a própria caracterização dos limites entre a liberdade de expressão e a prática
de um ilícito, sabendo-se que as pessoas públicas, especial nessas
circunstâncias, estão mais expostas que o cidadão ligado apenas a atividades de
cunho privado. Logo, há, necessariamente, uma permissão maior quanto à
exposição a que estão sujeitas”, observa o juiz Carlos Magno Gomes de Oliveira.
“Nesse aspecto, é de se notar que a própria inicial que a própria inicial
poderia vir desde logo acompanhada de elementos de prova que pudessem
demonstrar o ultrapassar desses limites, o que não vejo pela simples juntada
das próprias publicações, pelos motivos apontados no parágrafo anterior, a tal
ponto de conceder a medida liminar pleiteada”, acrescenta.
CORONEL NEIL – A íntegra da decisão
Em seguida, a transcrição, na íntegra, da
decisão do juiz Carlos Magno Gomes de Oliveira, da 43ª Zona Eleitoral:
“DECISÃO
“Acolho os argumentos da parte autora para
o fim de determinar o seguimento do feito nos termos do art. 58 da lei
9.504/97.
“Quanto a liminar pleiteada, os fatos
questionados são apresentados sob o manto da liberdade de expressão contra
figura pública em meio a campanha eleitoral para outro cargo público,
circunstância que devem ser sopesados para a própria caracterização dos limites
entre a liberdade de expressão e a prática de um ilícito, sabendo-se que as
pessoas públicas, especial nessas circunstâncias, estão mais expostas que o
cidadão ligado apenas a atividades de cunho privado. Logo, há, necessariamente,
uma permissão maior quanto à exposição a que estão sujeitas.
“Nesse aspecto, é de se notar que a própria
inicial que a própria inicial poderia vir desde logo acompanhada de elementos
de prova que pudessem demonstrar o ultrapassar desses limites, o que não vejo
pela simples juntada das próprias publicações, pelos motivos apontados no
parágrafo anterior, a tal ponto de conceder a medida liminar pleiteada.
“No presente caso, se faz referência a que
os fatos publicados, quase em sua totalidade, teriam como fonte um processo
judicial em que são apurados, o que afasta desde logo a possibilidade de
caracterizarem-se como sabidamente inverídicos. Mesmo argumento que se faz
quanto às conjecturas sobre o nome da componente da chapa encabeçada pelo
representante, além de que as conjecturas ali feitas sequer dizem respeito ao
autor da representação.
“Leve-se em conta, ainda, que o
contraditório deve ser diferido apenas excepcionalmente, mediante fatos
devidamente provados que justifiquem tal coisa, o que, repita-se, não se vê,
especialmente quando se leva em conta a em conta a celeridade do rito dado ao
direito de resposta.
“Diante do exposto, indefiro a liminar
pleiteada e determino a imediata no representado para que se lhe permita
defender-se no prazo de vinte e quatro horas.
“Em seguida, remetam-se os autos ao
Ministério Público para manifestação em igual prazo. Após, venham conclusos.
“Ananindeua, 30 de setembro de 2016
“Carlos Magno Gomes de Oliveira
“Juiz da 43ª Zona
Eleitoral”
CORONEL NEIL – O que diz o decano do Supremo
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Ministro Celso de Mello: o interesse social legitima o direito de criticar. |
“A crítica jornalística, desse modo, traduz direito impregnado de qualificação
constitucional, plenamente
oponível aos que exercem qualquer atividade de interesse da coletividade em
geral, pois o
interesse social, que legitima o
direito de criticar, sobrepõe-se a
eventuais suscetibilidades que possam revelar as pessoas
públicas ou as figuras
notórias, exercentes, ou
não, de cargos oficiais.” A declaração é do ministro Celso de Mello, do
STF, a propósito da necessidade de se preservar a liberdade de imprensa, em
voto, acompanhado por unanimidade, diga-se, pela
2ª Turma do Supremo Tribunal Federal. “A crítica que os meios de comunicação social dirigem às pessoas públicas, por mais dura e veemente que
possa ser, deixa de sofrer, quanto
ao seu concreto exercício, as
limitações externas que ordinariamente resultam dos direitos de
personalidade”, acrescenta o ministro do STF, para então fulminar: “Não
induz responsabilidade civil a publicação de matéria jornalística cujo conteúdo divulgue observações em caráter
mordaz ou irônico ou, então, veicule opiniões em tom de
crítica severa, dura ou, até, impiedosa, ainda mais
se a pessoa a quem tais observações forem dirigidas ostentar a condição de figura pública, investida, ou não,
de autoridade governamental, pois, em
tal contexto, a liberdade de
crítica qualifica-se como
verdadeira excludente anímica, apta a afastar o intuito doloso de ofender.”
Em sua manifestação, a propósito da liberdade
de imprensa, o ministro Celso de Mello é enfático, citando precedentes do STF e
jurisprudência comparada, na qual menciona a Corte Europeia de Direitos Humanos
e o Tribunal Constitucional espanhol. “Mostra-se
incompatível com o pluralismo de idéias, que legitima a divergência de
opiniões, a visão daqueles que pretendem negar, aos meios de
comunicação social (e aos
seus profissionais), o direito de
buscar e de
interpretar as informações, bem
assim a prerrogativa de expender as críticas pertinentes”, sublinha
o ministro do STF. “Arbitrária, desse modo, e inconciliável com a proteção
constitucional da informação, a
repressão à crítica jornalística, pois o Estado – inclusive seus juízes e
Tribunais – não dispõe
de poder algum sobre a
palavra, sobre as
ideias e sobre as convicções manifestadas pelos profissionais da Imprensa”,
assinala.
CORONEL NEIL – Vá se catar, coronel!
Devido problemas de saúde, não tive como defender-me
diante da representação do deputado Coronel Neil, até pela exiguidade do prazo
estipulado para fazê-lo. Recebi o mandado de notificação em torno de 12h30 de
quinta-feira, 20, com prazo de 24 horas para apresentar minha defesa. Desde quinta-feira,
20, abatido por uma infecção intestinal, fui compulsoriamente compelido a sair
de cena nos últimos dias.
Seja como for, diante da graciosa representação
do Coronel Neil, em minha defesa, no essencial, não teria muito a acrescentar ao
que foi acentuado pelo juiz Carlos Magno Gomes de Oliveira. Não só porque a
acusação do deputado é graciosa e a pretensão de censurar o blog insustentável,
mas porque, a caminho de 65 anos, já não tenho élan para perder tempo com borra-botas,
com ou sem patente.
De resto, como só costumo recorrer a coisas menores
ao amanhecer, não vou perder tempo com alguém do jaez do deputado Neil Duarte de Sousa, de caráter duvidoso e capaz de se confundir com duas ideias concomitantes. A ele só tenho a dizer uma
única coisa: vá se catar, coronel!
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
ELEIÇÕES – Segundo notícia do G1, TRE decidiu cassar a candidatura de Zenaldo Coutinho por desrespeito à lei
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A decisão cassando, por desrespeitar a legislação eleitoral, a... |
![]() |
... candidatura de Zenaldo Coutinho, pontuada pelo abuso de poder. |
Segundo notícia do G1, o TRE, o Tribunal Regional Eleitoral do Pará, decidiu cassar a candidatura de
Zenaldo Coutinho e seu vice, Orlando Reis, ao segundo turno da eleição para a
Prefeitura de Belém. A decisão, acrescenta a notícia, será publicada na tarde
desta quarta-feira, 19, alegando conduta vedada com base no artigo da
legislação que determina a proporcionalidade, razoabilidade e isonomia das
campanhas eleitorais. “Procurada pela reportagem, a assessoria do candidato
informou que ainda não foi notificada da decisão”, acrescenta a notícia do G1. O jornal Diário do Pará detalha a sentença cassando a candidatura de Zenaldo Coutinho.
Zenaldo Coutinho, sublinha
também o G1, tem três dias para recorrer. “Apesar da sentença,
Zenaldo pode fazer campanha eleitoral normalmente", sublinha a notícia.
A decisão - passível de revisão - cassando a candidatura de Zenaldo Coutinho, por desrespeitar a legislação eleitoral, soa a uma tentativa de aplacar as críticas à postura tendenciosa de setores da Justiça Eleitoral, em favor do candidato do PSDB.
A decisão - passível de revisão - cassando a candidatura de Zenaldo Coutinho, por desrespeitar a legislação eleitoral, soa a uma tentativa de aplacar as críticas à postura tendenciosa de setores da Justiça Eleitoral, em favor do candidato do PSDB.
ELEIÇÕES – Juiz das sentenças controvertidas, Elder Lisboa censura “Veja” e blinda Zenaldo contra denúncia
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Juiz Elder Lisboa: censura que blinda Zenaldo Coutinho contra denúncia. |
Uma decisão que agride o decoro e o
ordenamento jurídico democrático e que, por isso, exige uma rigorosa apuração do
CNJ, o Conselho Nacional de Justiça, diante dos antecedentes do magistrado,
notabilizado por sentenças controvertidas. Assim, simplesmente assim, pode-se
definir a decisão do juiz Elder Lisboa da Costa, da 98ª Zona Eleitoral, de acatar
a representação da coligação União por uma Belém do
Bem (PSDB/PSL/PSC/PSB/PMN/PEN/PR/PTC/PTN/PT do
B/DEM/PRP/PSDC/PTB/SD/), censurando a revista “Veja”, proibida de noticiar denúncia
de corrupção eleitoral contra o prefeito Zenaldo Coutinho, candidato à
reeleição. A denúncia trata da suposta doação, não declarada, de R$ 2.15
milhões, que teria sido feita pelo Setransbel, o Sindicato das Empresas de
Transporte de Passageiros de Belém, à
campanha de Zenaldo Coutinho, segundo revelou a edição digital da “Veja”,
intimada a remover a notícia do seu site, sob pena de multa diária de R$ 10
mil, em caso de desobediência. A reportagem, com o áudio sobre a suposta doação
não declarada do Setransbel, foi repercutida na edição de domingo, 16, do jornal Diário do Pará.
Para além dos antecedentes do magistrado, a
decisão do juiz Elder Lisboa reforça o sentimento, disseminado em parcela do
eleitorado de Belém, identificando a ausência de imparcialidade de setores da
Justiça Eleitoral, traduzido em um parti
pris a favor de Zenaldo Coutinho, cujo mais ilustre cabo eleitoral é o
governador Simão Jatene, também do PSDB, o mesmo partido do prefeito que tenta
a reeleição. Sexta-feira, 14, a juíza Sandra Maria Ferreira Castelo Branco, da
29ª Zona Eleitoral, acatou solicitação da coligação de Zenaldo Coutinho, impedindo que a jornalista Úrsula Vidal,
da Rede Sustentabilidade, e o deputado estadual Lélio Costa, do PC do B, declarassem
seu apoio ao ex-prefeito Edmilson Rodrigues, candidato do PSOL à Prefeitura de
Belém, no horário eleitoral gratuito. Nesta terça-feira, 18, a decisão foi
revista, o que determinou a perda do objeto do mandado de segurança impetrado
pela coligação de Edmilson Rodrigues. Segundo a edição desta quarta-feira, 19,
do Diário do Pará, a coligação de
Edmilson Rodrigues pretende derrubar as liminares dos juízes Elder Lisboa Ferreira da Costa, da
98ª Zona Eleitoral, e Marielma Ferreira, da 28ª Zona Eleitoral, limitando a 25%
do tempo do candidato do PSOL as declarações de apoio. Na interpretação da
assessoria jurídica da coligação Juntos pela Mudança (PSOL/PDT/PPL/PV) não cabe limite de tempo na participação de apoiadores no horário eleitoral gratuito de Edmilson Rodrigues.
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