Tudo leva a crer que Ana Paula Freitas Torres e Jorge Luiz Silva
Fernandes foram movidos pela imprudência, possivelmente potencializada pela prepotência.
Dela, da qual de concreto se sabe apenas ser “servidora pública”, especula-se
que seria funcionária do Tribunal de Justiça, ou parente de alguma cabeça
coroada do TJ, ironicamente o templo da arrogância e do menosprezo a lei. Sobre
Jorge Luiz é difícil imaginar que possa diferir da maioria dos motoristas de
ônibus, invariavelmente imprudentes e igualmente arrogantes, apenas com
variações de grau, mas não de nível. Até porque a indiferença patronal, diante
das estressantes condições de trabalho, contribuem para tanto
Seja como for, Ana Paula e Jorge Luiz se nivelaram na imprudência.
A “servidora pública” poderia, perfeitamente, ter anotado a placa do ônibus e
feito um BO, o Boletim de Ocorrência, para instruir uma subseqüente ação
judicial. O motorista do ônibus, por sua vez, poderia ter sido mais comedido,
diante da imprudência da motorista do veículo que claramente tentava forçá-lo a
parar. Da intolerância de ambos – de ambos, repita-se! – resultou a tragédia
que resultou na morte de João
Nascimento de Souza, de 77 anos, e deixou em estado grave o filho do idoso, Valter
Nascimento, cuja família ficou privada do sustento que ele garantia.
Ao fim e ao cabo, nos deparamos com algo assustador. Para
beneficiar Ana Paula Freitas Torres mandou-se os princípios às favas. O que nos
remete a uma sábia advertência de Reinaldo Azevedo, o festejado jornalista e
blogueiro da revista Veja: “Se hoje, porque somos bons, admitimos que se pode transgredir a
lei para pegar os ‘maus’, um dia os ‘maus’ recorrerão a tal expediente para nos
punir — nós, os bons! — sem que possamos nem mesmo protestar, já que uma mesma
(a)moralidade nos une, ainda que em campos opostos.”
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