MPE – Santino é suspeito de articular golpe

        A despeito da suposta irregularidade - que seria facilmente contornada com a contagem em separado do voto questionado -, o recurso contra a indiscutível vitória de Marco Antônio Ferreira das Neves soa, fatalmente, a golpismo. Essa suspeita se constitui em uma ilação inevitável, diante dos estreitos laços de Manoel Santino Nascimento Júnior (foto) com a tucanalha, a banda podre do PSDB no Pará. Convém recordar que o decano do colégio de procuradores chegou a ser secretário especial de Estado de Defesa Social, no segundo mandato como governador de Almir Gabriel, recentemente falecido. A ele são atribuídos os arranjos que acabaram por impedir que o ex-governador Almir Gabriel fosse legalmente responsabilizado pela matança de Eldorado de Carajás, quando 19 sem-terra foram brutalmente mortos em um confronto com a Polícia Militar do Pará, em 17 de abril de 1996.

        Como sua mulher, a desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento, é presidente do TJ Pará, o Tribunal de Justiça do Estado, medra com vigor a suspeita de que Manoel Santino Nascimento Júnior postergue até a exaustão a nomeação de Marco Antônio Ferreira das Neves, apostando em uma nova eleição, até a qual, na privilegiada condição de procurador geral de Justiça, poderia reagrupar seu grupo no MPE e arregimentar novos eleitores, valendo-se da força do cargo. Recorde-se, a propósito, que além de estar no comando do governo do Pará, com Simão Jatene, e da Prefeitura de Belém, com Zenaldo Coutinho, a tucanalha mantém o controle da Assembleia Legislativa, com o deputado Márcio Miranda (DEM), notório aliado do PSDB, e da Câmara Municipal de Belém, via vereador Paulo Queiroz (PSDB). Essa espécie de cordão sanitário se completaria com a desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento, na presidência do TJ, e do próprio Manoel Santino Nascimento Júnior, a frente do MPE, seja diretamente, como procurador geral interino, seja pelas mãos de um de seus prepostos. Sabe-se, de resto, que até por temperamento o procurador de Justiça Marco Antônio Ferreira das Neves, ungido pelas urnas, não exibe um perfil servil, condição sine qua non para ganhar a simpatia de Manoel Santino Nascimento Júnior.