“Irresponsável, leviana, absurdamente desgastante para a instituição.” Em off, é assim que uma respeitada fonte do próprio MPE, o Ministério Público Estadual, de competência, probidade e experiência reconhecidas, define a postura do procurador geral de Justiça interino, Manoel Santino Nascimento Júnior (à dir., cumprimentando, extasiado, o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos), no imbróglio no qual foi transformada a escolha do novo procurador geral de Justiça. O impasse exigiu a intervenção do CNMP, o Conselho Nacional do Ministério Público, que pelas mãos da conselheira Cláudia Chagas anulou a decisão de Santino, que sustara o envio da lista dos procuradores de Justiça mais votados ao governador Simão Jatene, a pretexto de um recurso da procuradora de Justiça Ubiragilda Silva Pimentel. Em seu recurso, Ubiragilda Silva Pimentel alegava uma suposta irregularidade na eleição, sob o álibi do voto de um procurador geral de Justiça pretensamente impedido de votar. Diante da tradição do governador nomear o mais votado para o cargo, o recurso soou a um golpe contra o procurador de Justiça Marco Antônio Ferreira das Neves, que obteve 183 votos, contra 105 de Ubiragilda. Esta, diga-se, jamais deixou de integrar lista, o que tornou seu recurso tanto mais gracioso e revelador da intenção oculta nele embutida. A manifestação da conselheira Cláudia Chagas, sepultando a lambança de Santino, foi corrosiva. “Não se mostra razoável, contudo, que se prolongue indefinidamente a interinidade do atual Procurador-Geral de Justiça, Manoel Santino Nascimento Júnior, revertendo-se um processo já consumado, somente para que seja apreciado um recurso flagrantemente inviável”, fulminou a conselheira do CNMP.
Na definição da mesma fonte, mais absurda que a postura de Santino, ao provocar uma crise que tisna a imagem do Ministério Público Estadual, é a motivação visível do procurador geral interino. “Trata-se de vaidade, uma vaidade insana”, resume a fonte, ao observar que ao retornar ao cargo de procurador geral, na condição de decano do colégio de procuradores, Santino parecer ter vislumbrado a oportunidade de voltar a pontificar no Ministério Público, como no passado. “Financeiramente, ele tem a vida bem definida, a exemplo da mulher (a desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento, atual presidente do TJ Pará, o Tribunal de Justiça do Estado)”, observa a fonte, para então resumir: “É a ânsia de poder, no limte da insanidade”.
Seja como for, até a intervenção do CNMP, consumou-se o estrago. A lambança de Santino provocou a indignação em vastos setores do Ministério Público Estadual, que a partir daí ficou engessado, na esteira das disputas internas. Os prejuízos para a imagem da instituição foram fatalmente devastadores. “Como explicar que uma instituição que desponta como guardiã da democracia e do pleno exercício da cidadania não contemple os princípios básicos da prática democrática em suas relações internas?”, observa outra fonte do Blog do Barata, igualmente respeitada, e também em off. “O mais lamentável é que as evidências dos prejuízos à instituição não intimidaram Santino”, acrescenta. E cita, como exemplo “de toda essa insanidade”, o procurador geral de Justiça interino declarar que iria ao CNMP, em Brasília, acompanhado unicamente de Ubiragilda Silva Pimentel, excluindo da viagem o candidato a procurador geral mais votado, Marco Antônio Ferreira das Neves, em retaliação por este ter recorrido ao Conselho Nacional do Ministério Público. Quando Neves declarou que bancaria do próprio bolso a viagem a Brasília, Santino pretendeu proibi-lo de se ausentar de Belém, em um interdito proibitório desafiado pelo procurador geral mais votado na eleição para definição da lista a ser enviada ao governador Simão Jatene. Neves, como antecipara, custeou sua própria viagem e foi a Brasília, onde foi recebido, assim como Santino, pela conselheira Cláudia Chagas, do CNMP.
2 comentários :
Tiquet Alimentação retroativo a 2004 e pago às vésperas da eleição para Procurador Geral de Justiça; diárias e passagens dadas a quase 100 Promotores nos últimos dois meses antes da mesma eleição, e, finalmente, esse indecente Auxílio Moradia recém aprovado (será também retroativo a 2004?)...
Ô, Barata, ao menos uma vez na vida tu devias dizer nesse teu blog, a bem da verdade:
- "Na sua interinidade, o Dr. Santino não teve nada, nada mesmo, mas absolutamente nadica de nada, a ver com esse festival de bene$$eS, que, todos sabem, é bandeira corporativa de outros muito mais bem votados do que ele".
Eu não tenho nadica de nada com essa roupa suja do MPE que o anônimo 13:49 conta, mas se isso ocorreu é bandalheira grossa, só que um detalhe chama atenção: só depois da eleição o anônimo resolveu se revoltar? Que a doutora perdeu é fato, ou não?
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