segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

BENEDITO NUNES – Obrigado, mestre

Obrigado, mestre. Isto é o mínimo que se pode dizer, diante da morte de Benedito José Viana da Costa Nunes ou, simplesmente, Benedito Nunes (foto), professor, filósofo, crítico literário, ensaísta e escritor paraense, reconhecido nacional e internacionalmente como um dos mais importantes pensadores da atualidade. A despeito das oportunidades de migrar para outras cidades do Brasil e do exterior, optou por manter-se no Pará, abrigado em Belém, entre seus livros, na aprazível casa da travessa Mariz e Barros, que para ele permaneceu sendo a eterna travessa da Estrela.
Benedito Nunes morreu aos 81 anos neste domingo, 27, no Hospital Beneficência Portuguesa, onde estava internado há dez dias. Sábado, 26, ele foi transferido para o CTI, o Centro de Terapia Intensiva, após sofrer uma hemorragia no estômago, mas não resistiu. Seu corpo foi velado na igreja Santo Alexandre, onde às 9 horas desta segunda-feira, 28, será celebrada uma missa. Logo após, às 11 horas, o corpo será cremado no cemitério Max Domini.
Benedito Nunes foi um dos fundadores da Faculdade de Filosofia do Pará, posteriormente incorporada pela UFPA, a Universidade Federal do Pará, da qual aposentou-se como professor titular de filosofia e recebeu o título de professor emérito. Ele fez mestrado na Sorbonne, em Paris, quando assistiu a cursos de Merleau-Ponty e Paul Ricoeur. Ensinou depois literatura e filosofia na UFPA e em outras universidades do Brasil, da França e dos Estados Unidos.
Um intelectual multifacetado, com Maria Sylvia Nunes, sua mulher, e Angelita Silva, sua cunhada, Benedito Nunes foi fundador do Norte Teatro Escola, origem da Escola de Teatro da UFPA. A encenação de “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, no 1º Festival Nacional de Teatro Amado, em 1958, no Recife, valeu a Benedito Nunes o prêmio de melhor adaptação teatral e a Maria Sylvia, o de melhor direção.
Um intelectual refinado, embora despido de arrogância, Benedito Nunes foi autor de uma vasta obra, contabilizando 15 livros, e publicou grande número de artigos e resenhas em jornais regionais e de circulação nacional sobre filosofia e manifestações da cultura popular e erudita: cinema, dança, artes plásticas e literatura. Ele recebeu o Prêmio Jabuti de literatura em 1987 e o Prêmio Machado de Assis em 2010.

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