Convém recordar, a propósito da gestão de
Marcos Antônio Ferreira das Neves, que o imbróglio da Águia Net foi um dos mais
ruidosos escândalos da história recente do Ministério Público Estadual, cuja
corregedoria, ao que se saiba, manteve-se silente, no rastro de um
corporativismo deletério. Na ocasião, o contrato da Águia Net foi reajustado em
mais de 100%, quando a lei 8.666 só autorizava o máximo de 25%. Em valores da
época, o valor licitado foi de R$ 490 mil e o MPE acabou pagando mais de R$ 1
milhão.
Não menos escandalosa foi a postura de
Marcos Antônio Ferreira das Neves, então procurador-geral de Justiça, no
episódio do PCCR da Alepa. Na contramão da legalidade e de um mínimo de
decoro, o PCCR incluiu aberrações como a supressão do nível fundamental, cujos
cargos migraram para o nível médio, enquanto os cargos de nível médio migraram
para o nível superior. Isso a despeito de, em ambos os casos, a escolaridade
dos servidores contemplados com a tramoia ser absolutamente incompatível com a
ascensão das quais seriam beneficiários. Os beneficiários da aberração poderiam
dispor de um prazo que varia de quatro a cinco anos para obter a escolaridade
exigida pela inusitada ascensão, mas passariam a embolsar imediatamente o
vencimento-base do seu novo nível.
Na ocasião, Neves engavetou o parecer do
promotor de Justiça Domingos Sávio Alves de Campos, na época na Promotoria
de Direitos Constitucionais, Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade
Administrativa, declarando flagrantemente inconstitucional o PCCR da Alepa. Já
no final de seu mandato, Neves pariu um novo parecer, no qual sublinha que o
decreto legislativo nº 35/2015 teria supostamente sanado as irregularidades
contidas no PCCR da Alepa. Quem for o Banco de Leis do site da Assembleia
Legislativa vai se deparar com a informação de que o tal decreto está
“aguardando publicação”, o que suscita a suspeita de seu conteúdo não
justifique o parecer de Neves, ou que simplesmente inexista.
Um comentário :
Uma das pessoas extremamente favorecidas é cônjuge de uma autoridade, até outro dia, tido como "arauto da moralidade", porém mereceria um melhor olhar deste meio de comunicação.
Não apenas no episódio do PCCR da ALEPA, que envolvem muito mais falcatruas do que as reveladas, bem como o episódio de uma estranha "prisão em flagrante", ocorrida há alguns anos atrás em um gabinete desta mesma autoridade.
O quê dizer aos leitores?
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