Neves (à esq.), em desvantagem no confronto com Gilberto Martins (à dir.), favorecido pelo competência e pelo perfil sem máculas. |
Embora tenha obtido êxito com o ardil que
permitiu-lhe postergar a sucessão no MPE, o Ministério Público Estadual, na
expectativa de impedir a recondução ao cargo do atual procurador-geral de
Justiça, o procurador de Justiça Marcos Antônio Ferreira das Neves amargou um
revés acachapante, ao pretender desqualificar Gilberto Valente Martins,
protagonista de uma gestão sem a mácula de suspeitas de corrupção. A acusação
de peculato desfechada por Neves contra seu sucessor teve o efeito de
bumerangue, permitindo a Martins evidenciar a leviandade e falta de sustentação
da investida contra si e sua esposa, a arquiteta Ana Rosa Figueiredo Martins,
servidora de carreira da Prefeitura Municipal de Belém. De acordo com Neves,
também conhecido como Napoleão de
Hospício, por exibir parcos pudores éticos, Ana Rosa teria embolsado seu
salário sem trabalhar na época que acompanhou o marido em Portugal, onde
Martins cursou o mestrado em direito Penal na Universidade de Coimbra. Em
contrapartida, segundo o factoide esgrimido por Neves, Martins engavetaria as
denúncias contra o então prefeito Duciomar Costa, em um hipotético conluio que
ainda envolveria o então vereador Pio Neto, em cujo gabinete esteve lotada, por
um período, a esposa do atual procurador-geral, o primeiro promotor de Justiça
a comandar o Ministério Público Estadual.
A acusação de Neves começou a ser
esfarinhada por Martins com a constatação que, por gozar de foro privilegiado
como prefeito, Duciomar Costa só poderia ser denunciado pelo procurador-geral
de Justiça. Exibindo documentos obtidos pela sua esposa em fevereiro deste ano,
ao tratar de sua aposentadoria, o procurador-geral de Justiça evidencia que a
arquiteta Ana Rosa Figueiredo Martins valeu-se de licenças prêmios, férias e até
licença sem vencimento, para acompanhá-lo em Portugal, já que não lhe foi
concedida licença para fazer sua pós-graduação. Martins deixou o Brasil, para
fazer sua pós-graduação, por recomendação do Conselho Superior do Ministério
Público, diante das ameaças de morte – a ele e sua família – após deflagrar a
Operação Navalha na Carne, que desmantelou um grupo de extermínio formado por
policiais militares. “Minha esposa é concursada
no cargo de arquiteta e trabalha na Seurb (Secretaria Municipal de Urbanismo)
desde dezembro de 1987. A Ana Rosa não obteve a mesma compreensão que meus
pares do Ministério Público tiveram, ao recomendar meu afastamento por um
período no exterior, concedendo-me licença para pós graduação. Devido a isso
ela somente foi para Portugal dois meses após, entrando no gozo de licenças
prêmio e férias sucessivas. A cessão para a Câmara Municipal foi justamente
para assegurar que as férias e licenças fossem autorizadas, visto que haviam
alguns embaraços no Executivo”, assinala.
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