André Ricardo Vieira (à dir.), no epicentro de um dos escândalos de Neves.
Marcos Antônio Ferreira das Neves
notabilizou-se sobretudo pela prepotência, embora, como promotor e procurador de
Justiça, tenha se revelado um opaco parecerista, mas suficientemente ardiloso
para pavimentar sua ascensão política, para a qual foi vital o hoje procurador
de Justiça Nelson Medrado. Com o prestígio que gozava na época, Medrado
pavimentou a eleição e reeleição do amigo de mais de 20 anos, do qual tornou-se
fiel escudeiro. Essa fidelidade incondicional ao amigo acabou por tisnar sua
credibilidade, no rastro da postura silente diante das suspeitas de corrupção e
tráfico de influência que pontuaram a gestão de Neves, cujo mandonismo, despido
de escrúpulos, valeu-lhe a alcunha de Napoleão
de Hospício.
Tão logo aboletou-se no cargo de
procurador-geral, Neves mandou os escrúpulos às favas e tratou de nomear
assessor, com uma remuneração mensal estimada em
pelo menos R$ 16 mil, Gil Henrique Mendonça Farias, reprovado em concurso
público do MPE e cuja principal qualificação era ser namorado da sua filha,
Mariana Silva das Neves. A filha, após uma passagem pela Prefeitura de
Ananindeua, acabou alojada em uma assessoria do TCE, o Tribunal de Contes do
Estado, tradicional valhacouto de malfeitos, solenemente ignorados pelo
Ministério Público Estadual na gestão de Neves. Tão constrangedora quanto a
nomeação do namorado da filha, foi Neves nomear assessor André
Ricardo Otoni Vieira, sete dias depois de empossado, em 10 de abril de 2013. De
acordo com certidões obtidas pelo Blog do
Barata na Jucepa, a Junta
Comercial do Estado do Pará, as ligações entre os dois extrapolavam os limites
da amizade, o que por si só poderia ferir os princípios da impessoalidade e da
moralidade, de observância obrigatória pelos gestores públicos. Mais do que amigo,
André Ricardo Otoni Vieira era sócio de Marcos Antônio Ferreira das Neves
na empresa Rota 391 Comércio Varejista de Combustíveis Automotores e
Serviços Ltda (CNPJ Nº 07.580.024/0001-06). Com o agravante de figurar como
sócio-administrador, o que o impediria de ser nomeado assessor do
procurador-geral de Justiça. O escândalo foi driblado por Neves devido os
vínculos que cultivou com a máfia togada, a banda podre do TJ, o Tribunal de
Justiça do Pará.
Tantas estripulias, repita-se, tornaram
Neves réu em ações criminais por falsidade
ideológica, por manter-se silente diante da declaração falsa de seu assessor e
sócio André Ricardo Otoni Vieira, ao nomeá-lo quando procurador-geral de
Justiça, e prevaricação, por valer-se de PMs do Gabinete Militar do Ministério
Público para fazer a segurança do posto de gasolina e da casa lotérica das
quais é sócio majoritário, assim como da sua mulher, Lauricéia Barros Ayres.
|
Nenhum comentário :
Postar um comentário