sexta-feira, 30 de novembro de 2018

MPE – Antecedentes constrangedores

Medrado (à esq.), cujo prestígio pavimentou a ascensão de Neves (à dir.). 
André Ricardo Vieira (à dir.), no epicentro de um dos escândalos de Neves.

Marcos Antônio Ferreira das Neves notabilizou-se sobretudo pela prepotência, embora, como promotor e procurador de Justiça, tenha se revelado um opaco parecerista, mas suficientemente ardiloso para pavimentar sua ascensão política, para a qual foi vital o hoje procurador de Justiça Nelson Medrado. Com o prestígio que gozava na época, Medrado pavimentou a eleição e reeleição do amigo de mais de 20 anos, do qual tornou-se fiel escudeiro. Essa fidelidade incondicional ao amigo acabou por tisnar sua credibilidade, no rastro da postura silente diante das suspeitas de corrupção e tráfico de influência que pontuaram a gestão de Neves, cujo mandonismo, despido de escrúpulos, valeu-lhe a alcunha de Napoleão de Hospício.
Tão logo aboletou-se no cargo de procurador-geral, Neves mandou os escrúpulos às favas e tratou de nomear assessor, com uma remuneração mensal estimada em pelo menos R$ 16 mil, Gil Henrique Mendonça Farias, reprovado em concurso público do MPE e cuja principal qualificação era ser namorado da sua filha, Mariana Silva das Neves. A filha, após uma passagem pela Prefeitura de Ananindeua, acabou alojada em uma assessoria do TCE, o Tribunal de Contes do Estado, tradicional valhacouto de malfeitos, solenemente ignorados pelo Ministério Público Estadual na gestão de Neves. Tão constrangedora quanto a nomeação do namorado da filha, foi Neves nomear assessor André Ricardo Otoni Vieira, sete dias depois de empossado, em 10 de abril de 2013. De acordo com certidões obtidas pelo Blog do Barata na Jucepa, a Junta Comercial do Estado do Pará, as ligações entre os dois extrapolavam os limites da amizade, o que por si só poderia ferir os princípios da impessoalidade e da moralidade, de observância obrigatória pelos gestores públicos. Mais do que amigo, André Ricardo Otoni Vieira era sócio de Marcos Antônio Ferreira das Neves na empresa Rota 391 Comércio Varejista de Combustíveis Automotores e Serviços Ltda (CNPJ Nº 07.580.024/0001-06). Com o agravante de figurar como sócio-administrador, o que o impediria de ser nomeado assessor do procurador-geral de Justiça. O escândalo foi driblado por Neves devido os vínculos que cultivou com a máfia togada, a banda podre do TJ, o Tribunal de Justiça do Pará.
Tantas estripulias, repita-se, tornaram Neves réu em ações criminais por falsidade ideológica, por manter-se silente diante da declaração falsa de seu assessor e sócio André Ricardo Otoni Vieira, ao nomeá-lo quando procurador-geral de Justiça, e prevaricação, por valer-se de PMs do Gabinete Militar do Ministério Público para fazer a segurança do posto de gasolina e da casa lotérica das quais é sócio majoritário, assim como da sua mulher, Lauricéia Barros Ayres.


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