domingo, 25 de novembro de 2018

MPE – Com candidato respondendo a PAD, eleição do procurador-geral de Justiça tem caráter plebiscitário

Gilberto Valente Martins: em busca da reeleição, credenciado por uma
administração mantida à margem dos escândalos da gestão de Neves.

Uma eleição de caráter plebiscitário, na qual estará em julgamento mais que a gestão do atual procurador-geral de Justiça, Gilberto Valente Martins, o primeiro promotor de Justiça a comandar o MPE, Ministério Público Estadual, e que postula a recondução ao cargo, credenciado por uma administração sem as máculas dos escândalos que pontuaram a gestão de seu antecessor. Assim pode ser definido o pleito que servirá para definir a lista tríplice da qual o governador Simão Jatene (PSDB) pinçará o nome do futuro procurador-geral, em eleição disputada pelo próprio Martins, pelos procuradores de Justiça Nelson Medrado, e Cândida Nascimento, e pelos promotores de Justiça José Maria Costa Lima Júnior e Fábia de Melo-Fournier. A eleição tem a peculiaridade de incluir como candidato Nelson Medrado, que responde a um PAD, Processo Administrativo Disciplinar, provocado por representação junto ao CNMP, Conselho Nacional do Ministério Público, feita pelo governador Simão Jatene, contra quem Medrado ajuizou uma ação civil pública por improbidade administrativa sem ter delegação de poderes para tanto do então procurador-geral-geral, Marcos Antônio Ferreira das Neves. A eleição também servirá como teste para a liderança que se atribui Neves, também conhecido como Napoleão de Hospício, por seu mandonismo, na esteira de parcos pudores éticos. Ele foi protagonista de uma administração pontuada por recorrentes denúncias de corrupção e patrimonialismo, valendo-se do tráfico de influência para conquistar eleitores entre os 316 promotores de Justiça e 31 procuradores de Justiça. Neves, diga-se, é réu em duas ações criminais, por falsidade ideológica e prevaricação, ajuizadas pelo próprio MPE, mas a despeito disso arvora-se a cabo eleitoral de Nelson Medrado e Fábia de Melo-Fournier.
Depois de atrelar o MPE ao governo Jatene, como um boy qualificado do Palácio dos Despachos, Neves tornou-se inimigo figadal do governador tucano, após passar pelo vexame de ver o seu candidato à sua sucessão, César Mattar, preterido, apesar de ter sido o mais votado da lista tríplice, com 214 votos, favorecido pelo uso escancarado da máquina administrativa. Apesar da postura servil de Neves como procurador-geral de Justiça, Jatene, surpreendendo o público externo, optou por Gilberto Valente Martins, o segundo mais votado da lista tríplice, com 143 votos, mas favorecido por um respeitável currículo e pela profícua atuação como coordenador do Gaeco, o Grupo de Atuação no Combate ao Crime Organizado, quando deflagrou Operação Navalha na Carne, que desmantelou um grupo de extermínio formado por policiais militares. A isso se somou sua elogiada performance como conselheiro do CNJ, o Conselho Nacional de Justiça, no qual teve passagem marcante. Intramuros, a versão corrente é que Martins teve como principal avalista o desembargador Milton Nobre, interlocutor privilegiado de Jatene no âmbito do Tribunal de Justiça do Pará.

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