Ilegal, imoral, afrontoso. Isso é o mínimo que se pode dizer se efetivamente procedente a denúncia feita ao blog, sobre um curso, para o concurso a ser promovido pelo TCE, reunindo servidores temporários do próprio tribunal, todos aquinhoados com gratificação por tempo integral. O curso, ainda de acordo com a denúncia, foi iniciado há três meses atrás e não só é realizado no auditório do próprio Tribunal de Contas do Estado, como ocorre em pleno horário de expediente – das 14 às 16 horas.
Ou seja, além da vantagem representada pela intimidade com os meandros do funcionamento TCE, os servidores temporários deste, que gozam do benefício da gratificação por tempo integral, não só utilizam o conforto da infraestrutura do tribunal – como o confortável auditório, climatizado e fartamente iluminado, como ainda fazem o curso em pleno horário de expediente. Não se sabe, e a denúncia omite esse detalhe, se o curso ainda é bancado pelo próprio Tribunal de Contas do Estado, o que seria um escárnio, embora em se tratando do TCE tudo seja possível. Convém não esquecer que ao longo de décadas o tribunal manteve-se absolutamente silente sobre as patifarias ocorridas no Palácio Cabanagem, só reveladas pelo Ministério Público Estadual, graças a competência e probidade dos procuradores de Justiça Nelson Medrado e Arnaldo Azevedo.
Mas, voltando à denúncia, a simples realização do curso, nas instalações do próprio TCE, soa a deboche para com os candidatos que, ao contrário dos ungidos do tribunal, suam para ganhar a vida e pagam do próprio bolso – quando podem, naturalmente – um curso capaz de aumentar as possibilidades de aprovação. “Ou seja, enquanto o resto da população se sacrifica para disputar esse minguado número de vagas, pagando cursinho e o escambau a quatro, esse apaniguados tem espaço, telefone, climatização e remuneração para realizar o curso!”, desabafa o autor da denúncia.
A realização do curso nas circunstâncias reveladas, se confirmada a denúncia, somada aos antecedentes da empresa encarregada da realização do concurso, justifica as suspeitas a priori suscitadas, como evidencia um comentário anônimo, sugerindo que se coteje a relação dos eventuais aprovados com o elenco de servidores temporários do tribunal. “A quem vamos recorrer?. Quando a bomba explodir, será que o vaidoso Cipriano vai dizer que a culpa é do Controle Interno?”, indaga, irônico, o porta-voz da justa indignação provocada pela lambança.
Na avalancha de denúncias sobre os despautérios registrados no TCE, ainda existe o relato de dois médicos que embolsariam vencimentos de R$ 10 mil mensais, por duas horas diárias de expediente, de segunda-feira a sexta.
“Também tem um desentoado coral, que se reúne para exercitar seu berros durante o expediente, com ‘maestro’ pago com nosso suado dinheiro”, acrescenta outro relato.”Se isso é correto, que tal os professores, médicos, juizes pararem suas atividades laborais para realizarem atividades culturais?”, sublinha ainda o autor anônimo da denúncia. “Juro que ainda não entendi!”, arremata.
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