segunda-feira, 16 de abril de 2012

IMPRENSA – O histórico do contencioso

        Para contextualizar o imbróglio, convém recordar que Cecílio do Rego Almeida foi dono da Construtora C. R. Almeida, uma das maiores empreiteiras do país, com sede em Curitiba, no Paraná. Embora nascido em Óbidos, no Pará, ele se estabeleceu 40 anos antes no Paraná e fez fortuna com o uso de métodos truculentos. “Sem qualquer inibição, ele recorreu a vários ardis para se apropriar de quase cinco milhões de hectares de terras no rico vale do rio Xingu, no Pará, onde ainda subsiste a maior floresta nativa do Estado, na margem direita do rio Amazonas, além de minérios e outros recursos naturais. Onde também está sendo construída a hidrelétrica de Belo Monte, para ser a maior do país e a terceira do mundo”, acentua Lúcio Flávio, ao rememorar a gênese do contencioso. O álibi para a retaliação foi o jornalista etiquetar o empreiteiro de “pirata fundiário”.
        No seu contencioso com o empreiteiro, que faleceu em 2008, Lúcio Flávio se defrontou com as tortuosas idiossincrasias do Judiciário paraense, notoriamente tendencioso e que, pelo próprio histórico de iniquidades, dispensa apresentações. “De toda história, eu acabei sendo o único punido”, desabafa o jornalista, no seu relato sobre o contencioso. O advogado Carlos Lamarão, então diretor do Iterpa, o Instituto de Terras do Pará, do qual é hoje presidente, um repórter da revista Veja (que chegou a ser mantido em cárcere privado pelo empresário e ameaçado fisicamente) e o vereador Eduardo Modesto, de Altamira, processados na comarca de São Paulo por Cecílio Almeida, foram absolvidos pela Justiça paulistana. “O juiz observou que essas pessoas, ao invés de serem punidas, mereciam era homenagens por estarem defendendo o patrimônio público, ameaçado de passar ilicitamente para as mãos de um particular”, recorda Lúcio Flávio. E acrescenta, irônico: “A juíza que recebeu o processo, a meu pedido, desaforou a ação para Belém, como tinha que ser. Hoje, revendo o que passei nestes 11 anos de jurisdição da justiça do Pará, tenho que lamentar a mala suerte de não ter ficado mesmo em São Paulo, com todas as dificuldades que tivesse para acompanhar a tramitação do feito.”

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