Soa certamente patético, repulsivamente
patético, o apelo à violência, sobretudo na esteira de prosaica divergência e principalmente por parte de um professor, que desempenha importante papel na formação
intelectual e moral de seus alunos. Mas, em se tratando de José Mateus Rocha da
Costa Ferreira, trata-se de algo previsível, ainda que nem por isso deixe de
provocar repulsa. Afinal, espera-se, de uma pessoa que percorre caminhos
sinuosos, uma certa sequência lógica de trapalhadas. Não por acaso, após o
recente acordo celebrado pelo Sintepp com o governo Simão Jatene, ele e seus parceiros
de diretoria do sindicato passaram a ser vistos com reservas por vastos setores dos
professores da rede pública estadual de ensino.
Formado em educação física e exibindo a profundidade
intelectual de um livro de autoajuda, Mateus Ferreira cumpriu o script clássico dos
dirigentes sindicais, inclusive os de esquerda, compensando com sagacidade e arrivismo a
falta de substância. Assim, devotado militante da APS, a Ação Popular Socialista, uma tendência do PSol,
Partido Socialismo e Liberdade, acabou por tornar-se coordenador geral do
Sintepp, o Sindicato dos Trabalhadores em
Educação Pública do Estado do Pará. Ele inicialmente exerceu o cargo no
triênio de 2012 a 2015, juntamente com Williams Antônio da Silva, atual
coordenador de Comunicação Social. E manteve-se no cargo, cumprindo um mandato
que vai de 2015 a 2018, dessa vez fazendo dupla com Alberto Ferreira de Andrade
Júnior, também formado em educação física e que, como Mateus Ferreira,
igualmente tem notórias dificuldades para administrar duas ideias
concomitantes, embora loquaz como um camelô. Como Mateus Ferreira, Williams
Antônio da Silva e Alberto Ferreira de Andrade Júnior são militantes da APS, a
tendência do PSol.
A militância sindical
pavimentou facilidades inimagináveis para Mateus Ferreira. À disposição do
Sintepp, ele pode usufruir das vantagens de acumular 200 horas na Semec, a
Secretaria Municipal de Educação, e outras 200 horas na Seduc, a Secretaria de
Estado de Educação, embolsando por isso cerca de R$ 8 mil reais mensais, sem
precisar submeter-se à labuta diária. Nada mal para quem ainda embolsa uma
complementação salarial paga pelo sindicato, para compensar vantagens que deixe
de usufruir, por estar à disposição do Sintepp. O bem-bom da vida mansa sofreu
um parcial tropeço, é verdade, em novembro de 2014, quando, em congresso do
Sintepp, foi aprovada uma resolução pela qual os dirigentes sindicais com mais
de um vínculo empregatício devem ser liberados em apenas um deles. Assim,
Mateus Ferreira retomou a labuta diária, ainda que em meio expediente, ao ser
lotado na Escola Estadual Brigadeiro Fontenelle, no bairro da Terra Firme, na
qual também leciona outro dirigente do Sintepp, Mauro da Conceição Borges, da
Coordenação de Secretaria Geral.
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