quinta-feira, 24 de março de 2016

SEASTER – A gênese da secretaria

Regina Barata: uma das criadoras da Sedes, que deu origem a Seaster.

A gênese da Seaster, a Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda, reporta à Sedes, Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social, criada pelo governo Ana Júlia Carepa, em tese sob a perspectiva de tocar, de forma profissional e sem concessões aos interesses paroquiais, a política social do Estado. Estruturada, a Sedes foi confiada a Ana Maria Barbosa, servidora de carreira do INSS, o Instituto Nacional de Seguridade Social, lotada em Brasília e considerada como uma das maiores autoridades brasileiras em matéria de políticas públicas para pessoas deficientes, categoria na qual ela própria se inclui. Ana Maria Barbosa, que se revelou uma administradora proba e austera, embora carente de traquejo político, teve como avalista, para sua indicação, a deputada Regina Barata, que chegou a ser líder do PT na Alepa, a Assembléia Legislativa do Pará, e uma das responsáveis pela criação da Sedes.
A gestão de Ana Maria Barbosa acabou travada por interferências políticas que, por inexperiência, ela não soube administrar e nem teve a coragem moral de repelir, por aparente apego ao cargo. Ela teve contra si Maria José Barbosa, a Zezé Barbosa, professora de carreira da UFPA, a Universidade Federal do Pará, preposta de Cláudio Alberto Castelo Branco Puty, o iracundo chefe da Casa Civil da governadora Ana Júlia Carepa. No período em que permaneceu na Sedes, Zezé Barbosa e sua dileta pupila, Antonieta Santos, a Nieta, na época diretora de Assistência Social, dedicaram-se, prioritariamente, a conspirar contra a secretária. Ana Maria Barbosa também teve contra si as pressões do vereador petista Amaury de Souza Filho, um cego que é a eminência parda da APPD, a Associação Paraense das Pessoas com Deficiência, por ele tratada como um curral eleitoral. De temperamento imperial e parcos escrúpulos políticos, Amauri - cuja principal credencial é ser marido da ex-deputada petista Regina Barata, defensora pública de carreira e também deficiente física - defendia a utilização político-eleitoral da secretaria, ao que se opunha Ana Maria Barbosa, embora sem ousar enfrentá-lo acintosamente. Sob pressões e contra-pressões, e sem coragem moral para insurgir-se contra elas, Ana Maria fragilizou-se cada vez mais.

Desgastada e revelando um patético apego ao cargo, Ana Maria Barbosa acabou exonerada por determinação expressa de Puty, em circunstâncias humilhantes. Já aboletado na chefia da Casa Civil, com o status de articulador político do governo Ana Júlia Carepa, Puty valeu-se de Ana Cláudia Duarte Cardoso, que o substituíra na Segov, a Secretaria de Estado de Governo, para comunicar a Ana Maria que ela seria exonerada. Apesar de exibir um brilhante currículo, Ana Cláudia prestou-se a cumprir o papel de boy qualificado de Puty, tido e havido como pau-mandado do então secretário estadual de Projetos Estratégicos, Marcílio de Abreu Monteiro, identificado como a verdadeira eminência parda do governo e que é ex-marido de Ana Júlia Carepa e pai da filha da ex-governadora. Exonerada Ana Maria Barbosa, Puty deflagrou uma razia na Sedes, na qual instalou Eutália Barbosa Rodrigues, uma obscura assistente social, pinçada do Tocantins e cuja maior credencial era militar na DS, a Democracia Social, a facção interna do PT que dominava a máquina administrativa estadual, porque dela fazia parte a governadora. A realização mais visível de Eulália na Sedes foi instalar, em bem remuneradas sinecuras, o marido e a babá dos seus filhos. De resto, assistiu, sob uma postura servil, a Sedes ser transformada em um autêntico comitê eleitoral de seu avalista político, Puty, virtual candidato da DS a deputado federal pelo PT, nas eleições de 2010. Ana Cláudia Duarte Cardoso, que prestou-se a boy qualificado de Puty, no episódio da exoneração de Ana Maria Barbosa da Sedes, acabou defenestrada da Segov, após passar pela humilhação de ser rebaixada a adjunta do seu substituto na secretaria, Edilson Rodrigues de Souza.

Nenhum comentário :