Regina Barata: uma das criadoras da Sedes, que deu origem a Seaster. |
A gênese da Seaster, a Secretaria de Estado de Assistência
Social, Trabalho, Emprego e Renda, reporta à Sedes, Secretaria de Estado de Assistência e
Desenvolvimento Social, criada pelo governo Ana Júlia Carepa, em tese sob a perspectiva
de tocar, de forma profissional e sem concessões aos interesses paroquiais, a
política social do Estado. Estruturada, a Sedes foi confiada a Ana Maria
Barbosa, servidora de carreira do INSS, o Instituto Nacional de Seguridade
Social, lotada em Brasília e considerada como uma das maiores autoridades
brasileiras em matéria de políticas públicas para pessoas deficientes,
categoria na qual ela própria se inclui. Ana Maria Barbosa, que se revelou uma
administradora proba e austera, embora carente de traquejo político, teve como
avalista, para sua indicação, a deputada Regina Barata, que chegou a ser líder
do PT na Alepa, a Assembléia Legislativa do Pará, e uma das responsáveis pela
criação da Sedes.
A gestão de Ana Maria Barbosa acabou travada por interferências
políticas que, por inexperiência, ela não soube administrar e nem teve a coragem
moral de repelir, por aparente apego ao cargo. Ela teve contra si Maria José
Barbosa, a Zezé Barbosa, professora de carreira da UFPA, a Universidade Federal
do Pará, preposta de Cláudio Alberto Castelo Branco Puty, o iracundo chefe da
Casa Civil da governadora Ana Júlia Carepa. No período em que permaneceu na
Sedes, Zezé Barbosa e sua dileta pupila, Antonieta Santos, a Nieta, na época diretora
de Assistência Social, dedicaram-se, prioritariamente, a conspirar contra a
secretária. Ana Maria Barbosa também teve contra si as pressões do vereador
petista Amaury de Souza Filho, um cego que é a eminência parda da
APPD, a Associação Paraense das Pessoas com Deficiência, por ele tratada como
um curral eleitoral. De temperamento imperial e parcos escrúpulos políticos, Amauri
- cuja principal credencial é ser marido da ex-deputada petista Regina Barata,
defensora pública de carreira e também deficiente física - defendia a
utilização político-eleitoral da secretaria, ao que se opunha Ana Maria
Barbosa, embora sem ousar enfrentá-lo acintosamente. Sob pressões e
contra-pressões, e sem coragem moral para insurgir-se contra elas, Ana Maria
fragilizou-se cada vez mais.
Desgastada e revelando um patético apego ao cargo, Ana Maria
Barbosa acabou exonerada por determinação expressa de Puty, em circunstâncias
humilhantes. Já aboletado na chefia da Casa Civil, com o status de articulador
político do governo Ana Júlia Carepa, Puty valeu-se de Ana Cláudia Duarte
Cardoso, que o substituíra na Segov, a Secretaria de Estado de Governo, para
comunicar a Ana Maria que ela seria exonerada. Apesar de exibir um brilhante
currículo, Ana Cláudia prestou-se a cumprir o papel de boy qualificado de Puty,
tido e havido como pau-mandado do então secretário estadual de Projetos
Estratégicos, Marcílio de Abreu Monteiro, identificado como a verdadeira
eminência parda do governo e que é ex-marido de Ana Júlia Carepa e pai da filha
da ex-governadora. Exonerada Ana Maria Barbosa, Puty deflagrou uma razia na
Sedes, na qual instalou Eutália Barbosa Rodrigues, uma obscura assistente
social, pinçada do Tocantins e cuja maior credencial era militar na DS, a
Democracia Social, a facção interna do PT que dominava a máquina administrativa
estadual, porque dela fazia parte a governadora. A realização mais visível de
Eulália na Sedes foi instalar, em bem remuneradas sinecuras, o marido e a babá
dos seus filhos. De resto, assistiu, sob uma postura servil, a Sedes ser
transformada em um autêntico comitê eleitoral de seu avalista político, Puty,
virtual candidato da DS a deputado federal pelo PT, nas eleições de 2010. Ana
Cláudia Duarte Cardoso, que prestou-se a boy qualificado de Puty, no episódio
da exoneração de Ana Maria Barbosa da Sedes, acabou defenestrada da Segov, após
passar pela humilhação de ser rebaixada a adjunta do seu substituto na
secretaria, Edilson Rodrigues de Souza.
Nenhum comentário :
Postar um comentário