SOB CENSURA, POR DETERMINAÇÃO DOS JUIZES TÂNIA BATISTELO, JOSÉ CORIOLANO DA SILVEIRA, LUIZ GUSTAVO VIOLA CARDOSO, ANA PATRICIA NUNES ALVES FERNANDES, LUANA SANTALICES, ANA LÚCIA BENTES LYNCH, CARMEN CARVALHO, ANA SELMA DA SILVA TIMÓTEO E BETANIA DE FIGUEIREDO PESSOA BATISTA - E-mail: augustoebarata@gmail.com
quinta-feira, 31 de março de 2016
SEASTER – Na falta de argumentos para rebater críticas irrespondíveis, o vociferar de sórdidas diatribes
Na falta de argumentos para rebater
críticas irrespondíveis, a barraqueira
crepuscular, que se notabiliza como mulher de vida airada, voltou a atacar, com a
indigência intelectual que lhe é própria, a despeito da veleidade em sentido
contrário. Dessa vez disparando uma avalancha de sórdidas diatribes, a
pretexto de defender Ana Maria Barbosa, a ex-secretária estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, e o vereador petista Amaury de Souza Filho, em uma espécie de pacto da incompetência.
Levando
minha paciência ao limite possível, excepcionalmente relevo a tentativa de achincalhe. O que não
farei em uma eventual repetição da lambança, quando darei nomes aos bois – e também à vaca louca, para ser
mais preciso. Cansei de ser gentil.
SAÚDE – Pacientes denunciam descaso e sucateamento do Centro de Hemodiálise Monteiro Leite, do HC
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Centro de Hemodiálise: denúncias de sucateamento e descaso oficial. |
Uma situação emblemática do descaso da
administração do governador tucano Simão Jatene pela saúde pública. Esta é a
conclusão na qual fatalmente se desemboca, diante das denúncias sobre o
sucateamento do Centro de Hemodiálise Monteiro Leite, localizado na praça
Batista Campos e que vem a ser uma extensão da Fundação Hospital de Clínicas
Gaspar Vianna, do governo do Pará. Instalações precárias, omissão de socorro,
descaso para com a situação dos pacientes são alguns dos ingredientes que
condimentam as denúncias.
A denúncia recorrente, sobre o Centro de
Hemodiálise Monteiro Leite, é quanto ao descaso dos médicos plantonistas,
acusados de indiferentes ao drama dos pacientes. Uma indiferença que pode fazer
a diferença entre a vida e a morte, como observam pacientes e seus familiares.
De acordo com reiterados relatos, frequentemente pacientes que aportam na
urgência do Centro de Hemodiálise são remetidos para as unidades de pronto
atendimento. “Isso ocorre porque a maioria dos médicos plantonistas são
cardiologistas”, afirma um paciente. “Por conta disso, ocorrem mortes que
certamente poderiam ter sido evitadas”, acrescenta.
SAÚDE – Pacto sinistro
Mais grave, embora de difícil comprovação,
é a denúncia sobre um suposto pacto sinistro, pelo qual seriam deliberadamente
evitados novos pacientes no Centro de Hemodiálise Monteiro Leite,
principalmente aqueles sob risco de morte iminente. “A intenção parece ser
evitar que esses pacientes morram por lá (no Centro de Hemodiálise)”, especula
outro paciente.
Como exemplo disso é citado o caso de uma
paciente, de prenome Waldiléia, falecida a 27 de fevereiro último, na UPA de
Icoaraci. “A família procurou o Hospital de Clínicas e deu com a cara na porta,
mesmo em se tratando de uma paciente do Centro de Hemodiálise”, relata uma
fonte, sob a condição de manter o anonimato.
SAÚDE – Inépcia no rastro da desídia
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Pedro Paulo Assis, diretor do Centro de Hemodiálise, acusado de ausente. |
Para além da indiferença do governo Simão
Jatene em relação à saúde pública, para o sucateamento do Centro de Hemodiálise
Monteiro Leite contribui também a inépcia pavimentada pela desídia da atual
administração, de acordo com relatos feitos em off, por temor de retaliação. Segundo é voz corrente, o diretor do
centro, médico Pedro Paulo Assis, que teria como avalista político o senador
tucano Fernando Flexa Ribeiro, seria um ilustre ausente. “Ele aparece
fortuitamente por aqui”, relata uma funcionária.
O diretor do Centro de Hemodiálise, médico
Pedro Paulo Assis, teria como fiel discípula, na desídia da qual é acusado, a
gerente, a enfermeira Erika Oriana, “que também pouco aparece” na unidade, no
dizer de um colega. “Ela prioriza o Hospital da Aeronáutica, da qual é
servidora concursada, em detrimento do [Centro de Hemodiálise] Monteiro Leite”,
endossa outro colega de Erika Oriana.
SAÚDE – O drama dos pacientes
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Pacientes em sessões de hemodiálise, muitos sob sacrifícios adicionais. |
O sucateamento das instalações e precárias
condições de trabalho, somados a indiferença dos médicos plantonistas acabam
por sobrecarregar os enfermeiros e técnicos de enfermagem, conforme a queixa
recorrente destes. Agora, pior, muito pior, é o drama dos pacientes,
principalmente aqueles que residem fora de Belém e obrigados a extenuantes
deslocamentos até a capital, também de acordo com os relatos feitos em off.
Há casos, dizem, de pacientes que são
compelidos a enfrentar viagens de até cinco horas até o Centro de Hemodiálise,
para sessões de hemodiálise, que se estendem por quatro horas, sucedidas por
mais cinco horas de viagens de volta ao seu destino, em um total de 14
desgastantes horas. A esses pacientes é oferecido apenas “um esquálido lanche”,
sonegado, porém, aos acompanhantes, acrescentam as denúncias. “Nos casos de
pacientes visivelmente pobres, os acompanhantes, igualmente pobres, ou ficam
com fome, ou tratam de mitigá-la com lanches vendidos por ambulantes”, descreve
o eventual acompanhante de um paciente.
As denúncias também enfatizam, embora sem
nominá-los, tudo isso ainda se soma a cruel desonestidade de alguns prefeitos,
que não repassam a pacientes de outros municípios a ajuda de custo do TFD,
Tratamento Fora do Domicílio.
SAÚDE – Condições precárias
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Estofado de cadeira rasgado, no Centro de Hemodiálise. |
As condições de funcionamento do Centro de
Hemodiálise Monteiro Leite não poderiam ser mais precárias, salientam as
denúncias. Os aparelhos, sucateados, frequentemente param em meio a
hemodiálise, relatam pacientes e acompanhantes. “Chegou-se ao absurdo de um paciente ter
perdido o sangue que estava na máquina e ainda ter que voltar no outro dia”,
afirma uma fonte.
A higiene também deixa a desejar,
acrescenta outra fonte. “Além de cadeiras quebradas, faltam lençóis para ajudar
na proteção de pacientes de contágio, como ocorre na sala C, destinada a
pacientes com hepatite C”, salienta essa fonte.
A essa precária higiene foram relacionadas
três mortes registradas no Centro de Hemodiálise a 27 de fevereiro último,
supostamente decorrentes de uma bactéria, conforme a versão corrente.
SAÚDE – Utilização do ecodoppler é negligenciada
Igualmente grave é a denúncia sobre a suposta
negligência em relação à conveniência de utilização do ecodoppler vascular. Trata-se de um exame que utiliza
ondas de ultrassom e permite analisar o fluxo de sangue que circula nos vasos
sanguíneos (veias e artérias ), por isso também chamado de ultrassom vascular.
“Existem
médicos que negligenciam sobre a conveniência de utilização do exame, relatam
enfermeiros. “Felizmente existem as exceções”, acrescentam citando como exemplo
de respeito pelos pacientes um cirurgião vascular de prenome Marciel.”
SAÚDE – Os números oficiais
Segundo reportagem veiculada
pela Agência Pará o Centro de Hemodiálise Monteiro Leite completou, a 17 de
outubro de 2015, quatro anos de funcionamento, exibindo a marca de 90 mil
atendimentos a renais crônicos e quase 300 pacientes beneficiados. As sessões
de hemodiálise são feitas com o suporte de 35 máquinas que funcionam em três
turnos, durante seis dias por semana, de segunda-feira a sábado, de ac ordo com
a versão oficial, oferecida pelo governo Simão Jatene. De acordo com seu
diretor, o médico Pedro Paulo Assis, o centro o centro foi um ponto decisivo
para a melhoria no atendimento aos renais crônicos no Pará e está dentro de
todos os critérios exigidos pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária. “Um dos diferenciais, inclusive, é o nosso sistema próprio de
desinfecção da água usada para hemodiálise, com alto grau de segurança”,
declarou Assis para a Agência Pará.
Na versão oficial, o Centro de Hemodiálise
Monteiro Leite Para, para “manter a qualidade dos serviços”, conta com uma equipe multidisciplinar composta por seis médicos nefrologistas, sete
enfermeiros, um grupo de técnicos, nutricionistas, assistentes sociais e
psicólogos, com especialização na área. “Além disso, os equipamentos instalados
na unidade são todos de última geração, o que também garante qualidade e
segurança no tratamento dos pacientes renais. Atualmente, 198 usuários estão
cadastrados na unidade, sendo que quase 50% estão aptos ao transplante. No
Brasil, em média, apenas 30% chegam a essa condição”, revelou a reportagem da
Agência Pará.
SAÚDE – A versão de Ana Lydia Cabeça
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Ana Lydia Cabeça: “Avançamos bastante, mas precisamos fazer mais". |
Em entrevista
concedida a Agência Pará, a presidente do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, a
médica Ana Lydia Cabeça, avaliou positivamente Centro de Hemodiálise Monteiro
Leite. “Avançamos bastante, mas sabemos que precisamos fazer mais. Conseguimos
zerar a fila de hemodiálise no Estado, mas precisamos fortalecer cada vez mais
a rede”, sublinhou. “Na maioria dos casos, com o tratamento adequado desde a
base, é possível retardarmos ou até mesmo evitarmos que paciente chegue até a
diálise”, observou também.
Ana Lydia Cabeça salientou,
na ocasião, que, além do aparato disponibilizadoi no Monteiro Leite, na própria
sede do Hospital de Clínicas estão instaladas máquinas nas UTIs, as Unidades de
Terapia Intensiva, Adulto, Coronariana e Neonatal, sem contar os usuários da
diálise peritoneal.
CURUÇÁ – Advogado e radialista, Almir Ribeiro, pré-candidato a prefeito pelo PP, é alvo de atentado
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Almir Ribeiro, pré-candidato a prefeito de Curuçá: alvo de atentado. |
O clima de vale-tudo eleitoral tomou conta
de Curuçá. Pré-candidato a prefeito pelo PP, com o estímulo dos deputados
peemedebistas Beto Salame e Chicão, o advogado Almir Ribeiro, que é também
radialista, sofreu um atentado - registrado em BO, Boletim de Ocorrência - na noite de sexta-feira, 25, quando
três tiros de pistola foram disparados contra a cozinha externa de sua casa, na
qual se encontrava com a esposa e o filho do casal, de pouco mais de um ano. O
atentado ocorreu no horário do jogo entre o Brasil e o Uruguai, pelas
eliminatórias para a Copa do Mundo de futebol de 2018, a ser disputada na
Rússia. Segundo testemunhas, o autor dos disparos foi um homem, não identificado,
de boné e camiseta regata, conduzido na garupa pelo piloto de uma moto, sem
placa.
Ribeiro mantém um programa dominical na
rádio Mangue FM 88.9, intitulado 90 Minutos, no qual tem feito recorrentes
denúncias e críticas à administração da prefeita de Curuçá, Nadege do Rosario
Passinho Ferreira (PSDB). Nadege tem como marido e tutor político o ex-prefeito
de Curuçá Josué da Silva Neves, cuja candidatura ficou inviabilizada,
nas últimas eleições, devido a avalancha de ações judiciais nas quais figura
como réu.
Nedeje, eleita prefeita, e
sua vice, Jaqueline Borges de Almeida, a Jack, do PR, são, por assim dizer,
dublês políticos. Nedeje é mulher do ex-prefeito Josué da Silva Neves, cuja
candidatura ficou inviabilizada devido a avalancha de ações judiciais nas quais
figura como réu. Jack é filha de Raimundo Oliveira de Almeida, conhecido como Bigode, outra liderança política do
município. No pleito de outubro de 2012 Nadege do Rosario Passinho Ferreira elegeu-se prefeita,
pelo PSDB, com 50,82% dos votos válidos, e Fernando
Cruz, do PMDB, ficou em segundo lugar, com 43,57% dos votos válidos. Nas eleições municipais de 2008 o
ex-prefeito Josué da Silva Neves, candidato pelo DEM, foi
derrotado por Fernando Cruz, do PMDB, eleito prefeito de Curuçá. Naquela
eleição Cruz obteve 51,80% dos votos válidos, contra 48,20% de Neves.
sexta-feira, 25 de março de 2016
HELIO GUROVITZ – O abuso da palavra “golpe” *
O gênio holandês
do futebol Johan Cruyff, morto ontem de câncer aos 68 anos, era muito mais que
um craque em campo. Na Copa do Mundo de 1978, na Argentina, ele se recusou a
representar seu país, em protesto contra a ditadura militar. “Como jogar
futebol tão perto de um centro de torturas?”, perguntou Cruyff na ocasião. Suas
palavras ressoam até hoje. A guerra suja promovida pelos militares argentinos
matou mais de 30 mil pessoas sem julgamento, torturou dezenas de milhares e
promoveu uma divisão profunda que perdura até hoje na sociedade.
Mas a Argentina,
assim como o Brasil, se transformou ao longo dos anos 1980, período em que a
América Latina viveu uma onda que expeliu governos militares e instaurou
regimes democráticos. “Não podemos esquecer o passado, mas, quando encontramos
a coragem de enfrentá-lo e de mudar esse passado, é aí que construímos um
futuro melhor”, afirmou ontem em Buenos Aires o presidente americano, Barack
Obama. Ele participou, com o presidente argentino, Maurício Macri, da cerimônia
que marcou os 40 anos do golpe militar (foto). Num gesto histórico, criticou a
própria ação dos Estados Unidos na ocasião. Macri repetiu o refrão consagrado:
“Nunca mais”.
A democracia não
é perfeita, todos sabemos. Ela não garante a solução rápida para todos os
problemas. Funciona com lentidão, está sujeita a hesitações, vacilos e a
frequentes crises políticas. Mas a alternativa é sempre pior. A alternativa é a
violência contra opiniões discordantes, é a brutalidade, é a imposição das
ideias pela força, é o fim do debate, é a censura, é a aniquilação de
adversários indesejados. Crises democráticas sempre são preferíveis à ruptura
institucional.
Trata-se de uma
lembrança essencial neste momento político tenso no Brasil, em que a presidente
mais impopular da história sofre um processo de impeachment no Congresso, em
que seu antecessor é investigado, sob a acusação de ter recebido favores
ilícitos de empreiteiras que desviaram recursos da Petrobras. A reação de Dilma
Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva aos processos tem sido afirmar que está em
andamento no país uma tentativa de “golpe” – palavra repetida esta semana
por Lula em comício e por Dilma em entrevista à imprensa estrangeira.
Não há nada,
rigorosamente nada, que tenha fugido ao roteiro democrático no andamento dos
processos contra Lula e Dilma. O impeachment segue no Congresso um roteiro
previsto na Constituição e referendado pelo Supremo Tribunal Federal (STF),
depois de questionamentos de todas as partes. Decisões da Operação Lava Jato
vêm sendo contestadas com frequência em tribunais superiores. Nenhum setor do
aparelho de Estado tem agido ou lançado mão de violência sem o devido amparo
jurídico. Não há nada, rigorosamente nada, que configure uma tentativa de
golpe.
Se o juiz Sérgio
Moro errou ao liberar áudios das conversas entre Lula e Dilma, se a a Polícia
Federal se precipitou ao publicar indevidamente planilhas com o nome de
políticos, todos esses atos estão sujeitos a revisão. O plenário do STF julgará
as liminares dos ministros Gilmar Mendes, Teori Zavascki e Rosa Weber a
respeito do caso envolvendo Lula. O próprio Moro decidiu restabelecer o
sigilo sobre as planilhas que deveriam ter sido enviadas ao STF. Nada disso é
golpe. Trata-se do funcionamento normal e esperado das instituições numa democracia.
Quando há erros, eles são reparados, depois os responsáveis estão sujeitos às
sanções previstas em lei.
Nada é tão grave
para o amadurecimento político de uma nação quanto o abuso de algumas palavras.
É o caso de termos como “genocídio”, “totalitarismo”, “fascismo” – e também
“golpe”. Chamar de “golpe” a articulação política pelo impeachment, as
investigações da Operação Lava Jato ou as manifestações de protesto contra o
governo não é apenas um abuso. É um desrepeito à história. É uma afronta à
memória de todos aqueles que morreram ao enfrentar um golpe de verdade, dos que
combateram a ditadura, o assassinato e a tortura de presos políticos,
defenderam a liberdade de expressão, associação e manifestação. É um acinte,
enfim, àqueles que lutaram pela democracia – entre eles os próprios Dilma e
Lula.
Vivemos numa
democracia ainda jovem. Nossa Constituição ainda não tem 40 anos. Nossas
instituições são imperfeitas e falham com frequência. Mas é uma tranquilidade –
Dilma e Lula deveriam saber disso muito bem – poder contar com o devido
processo legal e o amplo direito de defesa. É uma tranquilidade poder viver sem
ter medo de expressar opiniões, quaisquer que elas sejam. O Poder Judiciário
pode errar, mas é independente. A imprensa pode errar, mas é livre. Os partidos
e movimentos sociais podem incomodar, mas têm direito de se manifestar.
Não, não haverá
golpe, por mais que Dilma e Lula insistam em posar de vítimas de uma
conspiração. Haverá apenas julgamento, e os culpados serão punidos. Dentro das regras
da democracia brasileira – ainda jovem, frequentemente imperfeita, mas sempre
essencial. Golpe, para repetir as palavras de Macri, nunca mais.
* Hélio
Gurovitz é formado em jornalismo e ciência da computação pela Universidade de
São Paulo, com pós-graduação em hipermídia pela Universidade de Westminster, em
Londres. O artigo foi
publicado nesta sexta-feira, 25, pelo G1, o portal da Globo.
quinta-feira, 24 de março de 2016
SEASTER – Uma secretaria sob o estigma de denúncias de abandono, inépcia, tráfico de influência e corrupção
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Simão Jatene: indiferença diante do sucateamento da Seaster. |
Uma secretaria estigmatizada pelas
recorrentes denúncias de sucateamento, inépcia, tráfico de influência e
corrupção. Assim pode ser descrita a Seaster, a Secretaria de Estado de
Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda, que resultou da fusão da Sedes,
a Secretaria de Estado de
Assistência e Desenvolvimento Social, com a Seter, a Secretaria de Estado de Trabalho Emprego
e Renda. A indiferença do governador tucano Simão Jatene, quanto a Seaster,
repete o desdém do governo petista Ana Júlia Carepa, em relação a Sedes,
transformada em comitê de campanha de Cláudio Alberto Castelo Branco Puty, o
iracundo chefe da Casa Civil e alter ego da governadora petista, que acabou
eleito para a Câmara Federal, para a qual não conseguiu retornar sem o calor da
máquina administrativa estadual. De lá para cá, prosseguiu o processo de
sucateamento, condimentando por sucessivas denúncias de inépcia administrativa,
tráfico de influência e corrupção, segundo relatos de servidores, naturalmente
abrigados no anonimato, por temer retaliações.
A
Seaster, atualmente, é comandada por Heitor Márcio Pinheiro Santos, um obscuro
psicólogo, com veleidades a músico, mas que ganhou notoriedade, mesmo, como
saltimbanco do arrivismo, ostentando um currículo repleto de cargos para os
quais a condição sine qua non costuma
ser a subserviência política. Segundo o site da Seaster, ele já foi diretor do
Departamento de Cultura da Semec, a Secretaria Municipal de Educação da
Prefeitura de Belém; coordenador da implantação e primeiro presidente da
Fumbel, a Fundação Cultural do Município de Belém; chefe da Divisão de Formação
Sócio-Política do Trabalhador da Seteps, a Secretaria de Estado do Trabalho e
Promoção Social, do governo do Pará; presidente da Fundação Cultural do Pará
Tancredo Neves; presidente do IAP, o Instituto de Artes do Pará; e coordenador
da implantação do Pronasci, o Programa Nacional de Segurança Púbica com Cidadania,
no município de Belém. Ao que consta, seu desempenho, nas funções exercidas, é
de absoluta irrelevância, na ordem inversa de suas colossais pretensões
intelectuais.
SEASTER – A gênese da secretaria
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Regina Barata: uma das criadoras da Sedes, que deu origem a Seaster. |
A gênese da Seaster, a Secretaria de Estado de Assistência
Social, Trabalho, Emprego e Renda, reporta à Sedes, Secretaria de Estado de Assistência e
Desenvolvimento Social, criada pelo governo Ana Júlia Carepa, em tese sob a perspectiva
de tocar, de forma profissional e sem concessões aos interesses paroquiais, a
política social do Estado. Estruturada, a Sedes foi confiada a Ana Maria
Barbosa, servidora de carreira do INSS, o Instituto Nacional de Seguridade
Social, lotada em Brasília e considerada como uma das maiores autoridades
brasileiras em matéria de políticas públicas para pessoas deficientes,
categoria na qual ela própria se inclui. Ana Maria Barbosa, que se revelou uma
administradora proba e austera, embora carente de traquejo político, teve como
avalista, para sua indicação, a deputada Regina Barata, que chegou a ser líder
do PT na Alepa, a Assembléia Legislativa do Pará, e uma das responsáveis pela
criação da Sedes.
A gestão de Ana Maria Barbosa acabou travada por interferências
políticas que, por inexperiência, ela não soube administrar e nem teve a coragem
moral de repelir, por aparente apego ao cargo. Ela teve contra si Maria José
Barbosa, a Zezé Barbosa, professora de carreira da UFPA, a Universidade Federal
do Pará, preposta de Cláudio Alberto Castelo Branco Puty, o iracundo chefe da
Casa Civil da governadora Ana Júlia Carepa. No período em que permaneceu na
Sedes, Zezé Barbosa e sua dileta pupila, Antonieta Santos, a Nieta, na época diretora
de Assistência Social, dedicaram-se, prioritariamente, a conspirar contra a
secretária. Ana Maria Barbosa também teve contra si as pressões do vereador
petista Amaury de Souza Filho, um cego que é a eminência parda da
APPD, a Associação Paraense das Pessoas com Deficiência, por ele tratada como
um curral eleitoral. De temperamento imperial e parcos escrúpulos políticos, Amauri
- cuja principal credencial é ser marido da ex-deputada petista Regina Barata,
defensora pública de carreira e também deficiente física - defendia a
utilização político-eleitoral da secretaria, ao que se opunha Ana Maria
Barbosa, embora sem ousar enfrentá-lo acintosamente. Sob pressões e
contra-pressões, e sem coragem moral para insurgir-se contra elas, Ana Maria
fragilizou-se cada vez mais.
Desgastada e revelando um patético apego ao cargo, Ana Maria
Barbosa acabou exonerada por determinação expressa de Puty, em circunstâncias
humilhantes. Já aboletado na chefia da Casa Civil, com o status de articulador
político do governo Ana Júlia Carepa, Puty valeu-se de Ana Cláudia Duarte
Cardoso, que o substituíra na Segov, a Secretaria de Estado de Governo, para
comunicar a Ana Maria que ela seria exonerada. Apesar de exibir um brilhante
currículo, Ana Cláudia prestou-se a cumprir o papel de boy qualificado de Puty,
tido e havido como pau-mandado do então secretário estadual de Projetos
Estratégicos, Marcílio de Abreu Monteiro, identificado como a verdadeira
eminência parda do governo e que é ex-marido de Ana Júlia Carepa e pai da filha
da ex-governadora. Exonerada Ana Maria Barbosa, Puty deflagrou uma razia na
Sedes, na qual instalou Eutália Barbosa Rodrigues, uma obscura assistente
social, pinçada do Tocantins e cuja maior credencial era militar na DS, a
Democracia Social, a facção interna do PT que dominava a máquina administrativa
estadual, porque dela fazia parte a governadora. A realização mais visível de
Eulália na Sedes foi instalar, em bem remuneradas sinecuras, o marido e a babá
dos seus filhos. De resto, assistiu, sob uma postura servil, a Sedes ser
transformada em um autêntico comitê eleitoral de seu avalista político, Puty,
virtual candidato da DS a deputado federal pelo PT, nas eleições de 2010. Ana
Cláudia Duarte Cardoso, que prestou-se a boy qualificado de Puty, no episódio
da exoneração de Ana Maria Barbosa da Sedes, acabou defenestrada da Segov, após
passar pela humilhação de ser rebaixada a adjunta do seu substituto na
secretaria, Edilson Rodrigues de Souza.
SEASTER – Sucateamento e suspeitas de corrupção
Na esteira do sucateamento, iniciado na
gestão Ana Júlia Carepa e que prosseguiu na administração Simão Jatene, de
mudança em mudança, de governo em governo, a antiga Sedes, hoje Seaster,
transformou-se em um cenário de caos institucionalizado, de acordo com os
relatos oferecidos por seus próprios servidores. Hoje, o cotidiano da
secretaria é pontuado por continuadas versões que apontam para a existência de
uma recorrente pilhagem ao erário, supostamente favorecida pela postura
autocrática do diretor administrativo-financeiro, Fábio Jorge Carvalho de
Souza, do qual é dito jactar-se de ser assessor especial do governador tucano
Simão Jatene e amigo pessoal do secretário estadual de Assistência Social,
Trabalho, Emprego e Renda, Heitor
Márcio Pinheiro Santos.
“É um rapaz arrogante, desrespeitoso,
grosseiro, presunçoso, prepotente, tirano”, descreve uma fonte. “A primeira
atitude desse rapaz, assim que chegou na secretaria, foi a de infiltrar os
comparsas em setores chaves”, assinala a mesma fonte, que entrevê, nessa
postura, a predisposição para malfeitos, em uma ilação certamente estimulada
pelas recorrentes versões sobre a existência de “um azeitado propinoduto” na
Seaster.
Garantido
o benefício da dúvida e a presunção da inocência aos citados, as recorrentes
versões sobre “um azeitado propinoduto” alcançam inclusive Fábio Jorge Carvalho
de Souza, diretor administrativo-financeiro, o tal “rapaz arrogante, desrespeitoso”, e Zoraia Lobato Moura,
coordenadora do financeiro, “coberta de regalias”, além de Renato dos Santos
Fonseca, gerente de infraestrutura, que, dizem, “mal sabe escrever o próprio
nome”. “O nível intelectual desse rapaz é de dar dó”, relatam fontes da Sester,
de acordo com as quais o cacife de Renato dos Santos Fonseca, que “mal sabe
escrever o próprio nome”, é ser amigo de Fábio Jorge Carvalho de Souza, diretor
administrativo-financeiro, e manter “uma amizade muito íntima”, com direito a
“afagos calientes”, com Zoraia Lobato Moura, coordenadora
do financeiro. Como outra integrante do elenco de “comparsas” de Fábio Jorge
Carvalho de Souza, o diretor administrativo-financeiro, também é citada Ruth
Natalina dos Santos da Silva, coordenadora de Gestão de Pessoas, definida como
“uma mulher rude, estúpida, mal-educada”.
As
versões sobre “um azeitado propinoduto” mencionam ainda Neusa Cardoso
Bittencourt, secretário do diretor administrativo-financeiro, Fábio Jorge
Carvalho de Souza, descrita como “uma pessoa grossa” e “carente de maior verniz
intelectual”, que trata “com ar de desdém” os servidores, possivelmente por se
atribuir uma importância para além da relevância do cargo ocupado. A ela, a
quem supostamente caberia fazer os contatos com as empresas prestadoras de
serviço, se soma, no elenco de nomes citados como supostos “comparsas” de Fábio
Jorge Carvalho de Souza, o diretor administrativo-financeiro, Thiago da Silva
Silveira, coordenador do Nuplan, o Núcleo de Planejamento da Seaster.
SEASTER – Servicon sob suspeição
As suspeitas sobre “arranjos espúrios” na
Seaster envolvem especialmente uma empresa, a Servicon - Kapa Capital Ltda, que
oferece serviços como higiene e limpeza predial e
industrial, passando por limpeza urbana, com roçagem, capina, desobstrução de
galerias, e serviços de agente de portaria, dentre outros. Sem provas
documentais, convém sublinhar, existe a suspeita, murmurada na secretaria, de
que Fábio Jorge Carvalho de Souza, o
diretor administrativo-financeiro, seja um sócio oculto da Servicon, que no
último dia 2 de março celebrou um contrato com a Seaster no valor de R$
4.129.195,92. A suspeita nesse sentido ganhou fôlego sobretudo depois que foram
escalados, como fiscais do contrato da empresa, Renato dos Santos Fonseca,
gerente de infraestrutura, que “mal sabe escrever o próprio nome”, e Neusa
Cardoso Bittencourt, secretária do diretor administrativo-financeiro, “uma
pessoa grossa” e “carente de maior verniz intelectual”, tidos como fiéis e
servis prepostos de Fábio Jorge Carvalho de Souza. A Servicon, conforme fontes
da Seaster, “é uma das poucas empresas que está com seus pagamentos em dia”, o
que robustece as suspeitas de malfeitos.
Na
versão em curso, é mencionado como “forte indício de algo escuso”, no que diz
respeito a Servicon, os funcionários da limpeza, a serviço da empresa
terceirizada, ficarem proibidos de conversar com qualquer servidor. E não só
isso, acrescentam os servidores. Os relatos sublinham que, “em uma situação
absurda”, os funcionários da limpeza também são proibidos de fazerem suas
refeições no refeitório da Seaster, a pretexto de que isso supostamente
constrangeria os servidores. “Pode isso, em uma secretaria de assistência
social, a qual cabe dar exemplo de respeito aos valores básicos de cidadania?”,
questiona uma fonte da Seaster. “Obviamente, o objetivo desse isolamento imposto
aos funcionários da limpeza é evitar a possibilidade de qualquer tipo de
contato com os servidores da secretaria, para não correr risco de vazamentos”,
acredita um servidor.
De
resto, para quem endossa as suspeitas suscitadas nos bastidores, chama atenção
um fato. Os funcionários da Servicon, à disposição da Seaster, são escolhidos
pela coordenadora do financeiro, Zoraia Lobato Moura, a servidora “coberta de
regalias”, que mantém “uma amizade muito íntima”, com direito a “afagos
calientes”, com Renato dos Santos Fonseca, gerente de infraestrutura, aquele
que, segundo os comentários correntes, “mal sabe escrever o próprio nome”. Ela
tem o auxílio, nessa tarefa, de Neusa Cardoso Bittencourt, a secretária do
diretor administrativo-financeiro, “uma pessoa grossa” e “carente de maior
verniz intelectual”. “Como se vê, tá tudo dominado!”, ironiza uma servidora da
secretaria.
SEASTER – Prosperidade e privilégios
Contra
Fábio
Jorge Carvalho de Souza, o diretor administrativo-financeiro da Seaster, pesa
muito mais que a animosidade natural que costuma cercar os muito poderosos em
geral e os arrogantes em geral. Descrito como “um rapaz arrogante, desrespeitoso, grosseiro, presunçoso,
prepotente, tirano”, ele também chama atenção, e por isso também desperta
suspeitas nada lisonjeiras, por supostos “sinais exteriores de prosperidade”,
que seriam inexplicáveis. Sem provas documentais, é verdade, dele é dito
residir em um apartamento avaliado em R$ 2,5 milhões, supostamente ser
proprietário de casa em Salinas, de um sítio em Benevides e de outros imóveis
alugados. “De onde vem tudo isso, em se tratando de alguém de origem humilde, criado
no Guamá e Amapá, que trabalhou a vida inteira como servidor público
estadual?”, questiona outra fonte da secretaria.
As
denúncias que alcançam Fábio
Jorge Carvalho de Souza também passam pelo nepotismo, que ele patrocinaria, e
por privilégios inexplicáveis. Em outubro de 2015, a Seaster teria contratado
os serviços de Andrea Carvalho de Souza, que viria a ser parente do diretor
administrativo-financeiro da secretaria. Segundo denúncias, introduzido na
Seaster em janeiro de 2015, já em julho ele ausentou-se da secretaria, voltando
a fazê-lo em dezembro e em janeiro de 2016. “Coisa de boa vida!”, desabafa um
servidor de carreira.
SEASTER – Diretor cujo passado condena
Servidores da Seaster citam como
emblemático do desapreço pela austeridade na qual submergiu a
secretariar a nomeação como diretor da Disan, a Diretoria de Segurança Alimentar e Nutricional, de Honorato
Luís Lima Consenza Nogueira, “de antecedentes nada recomendáveis”. Adjetivado
como “arrogante” e “tirano”, em 8 de fevereiro de 2002 ele foi demitido do
cargo de procurador federal, do quadro da Sudam, a Superintendência para o
Desenvolvimento da Amazônia, por proceder de forma desidiosa, valer-se do cargo
para lograr proveito para outrem, causar lesão aos cofres públicos e praticar
ato de improbidade administrativa.
Conforme
é possível verificar na página 16, seção 2, da edição de 2 de fevereiro de 2002
do Diário Oficial da União, disponibilizado pelo site Jusbrasil, ele foi demitido por promover, indevidamente, o
enquadramento da empresa Frango Líder Ltda. na classe A de prioridade para
receber o repasse de recursos públicos do Finam, o Fundo de Investimento da
Amazônia, bem como por ter aprovado irregularmente o projeto da empresa
Refrigerantes Xuí Ltda., em desacordo com as orientações do Tribunal de Contas
da União, além de ter deixado de verificar a veracidade das informações prestadas,
causando prejuízos ao erário. “Este é o homem que hoje é diretor de Segurança
Alimentar e Nutricional da secretaria!”, assinala fonte da Seaster. “Nada mais
ilustrativo do clima de permissividade na qual mergulhou a Seaster”, arremata.
terça-feira, 22 de março de 2016
IMPEACHMENT – A tendência de voto de cada um dos parlamentares da bancada do Pará no Congresso *
A FAVOR
SENADO
Fernando Flexa Ribeiro, PSDB.
CÂMARA
DOS DEPUTADOS
Arnaldo Jordy, PPS.
Dedlegado Éder Mauro, PSD.
Hélio Leite, DEM.
Joaquim Passarinho, PSD.
Josué Bengtson, PTB.
Nilson Pinto, PSDB.
Wladimir Costa, SD.
INDECISOS
CÂMARA
DOS DEPUTADOS
Beto Salame, PP.
Francisco Chapadinha, PTN.
Júlio Marinho, PSC.
Lúcio Vale, PR.
CONTRA
SENADO
Jader Barbalho, PMDB.
Paulo Rocha, PT.
CÂMARA
DOS DEPUTADOS
Beto Faro, PT.
Edmilson Rodrigues, PSol.
Elcione Barbalho, PMDB.
José Priante, PMDB.
Simone Morgado, PMDB.
Zé Geraldo, PT.
SINTEPP – MPE pede abertura de inquérito sobre as denúncias de falcatrua em benefício do PSol
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Alberto Andrade: no epicentro das denúncias de corrupção no Sintepp. |
O promotor de Justiça Marcelo Batista
Gonçalves, da 7ª Promotoria de Justiça Criminal, solicitou a abertura de
inquérito policial para apurar as denúncias de falcatrua no Sintepp, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do
Estado do Pará, na esteira do aparelhamento da entidade pela APS, Ação
Popular Socialista, uma tendência do PSol, Partido Socialismo e Liberdade. As denúncias que tratam da malversação
dos recursos e do patrimônio do Sintepp estão contidas em representação
anônima protocolada em outubro de 2015 no MPE, o Ministério Público estadual, e
envolvem, além de dirigentes do sindicato militantes da APS, o vereador de
Belém Fernando Carneiro, do PSol, também da Ação Popular Socialista, beneficiário
de doações de campanha postas sob suspeitas. Por isso, certamente, o promotor
de Justiça Marcelo Batista Gonçalves, da 7ª Promotoria de Justiça Criminal
oficiou, a respeito, o procurador regional eleitoral do MPF, o Ministério
Público Federal.
Com um total estimado de
cerca de 22 mil associados e uma receita anual calculada em R$ 12 milhões, o
Sinteppestá figura no epicentro de graves suspeitas de malversação de seus
recursos financeiros e do seu patrimônio pela atual diretoria da entidade, a
partir de uma representação anônima feita ao MPE, em outubro de 2015. Revelada
com exclusividade pelo Blog do Barata, em 4 de janeiro de 2016, a
representação elenca um vasto repertório de denúncias de corrupção,
supostamente ocorridas na esteira do alegado aparelhamento do sindicato pela
APS, uma tendência do PSol, na qual pontifica o vereador de Belém Fernando
Carneiro. A diretoria do Sintepp rebateu parcialmente as denúncias em alegações
encaminhadas ao MPE, prontamente rebatidas.
A representação
coloca sob suspeitas dirigentes do Sintepp que militam na APS, com destaque
para os coordenadores gerais, Alberto Ferreira de Andrade Júnior - que é
inclusive pré-candidato a prefeito de Ananindeua pelo PSol - e José Mateus Rocha
da Costa Ferreira, além de Maria da Conceição Holanda Oliveira, da Coordenação
de Secretaria de Finanças. Outros dirigentes do Sintepp que militam na APS,
segundo fontes do próprio Sintepp, são Mauro da Conceição Borges, da
Coordenação de Secretaria Geral; Maurilo da Silova Estumano, da Coordenação de
Assuntos Jurídicos; José Alacid da Silva, da Coordenação de Secretaria de
Funcionários; Williams Antônio da Silva, da Coordenação de Comunicação Social,
ex-coordenador geral; Mônica Brito Soares, da Coordenação da Secretaria de
Gênero e Sexualidade; Ronaldo Oliveira da Rocha, da Coordenação de Secretaria
de Saúde do Trabalhador; Edilena Pena da Silva, titular do Conselho Fiscal; e
Randel Sales Monteiro, suplente do Conselho Fiscal.
SINTEPP – Coordenador geral do sindicato responde na Justiça por agressão, por motivo fútil, a um professor
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Mateus Ferreira: agressão covarde, por motivo fútil. |
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BO registrando a covarde agressão a Rodolfo Nobre. |
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A intimação para a audiência preliminar do contencioso. |
Está confirmada para 4 de abril próximo a audiência preliminar, na 1ª Vara do Juizado Especial Criminal, do contencioso que tem como um dos protagonistas José Mateus Rocha da Costa Ferreira, professor de educação física que é também um dos atuais coordenadores gerais do Sintepp, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará. De acordo com BO, Boletim de Ocorrência Policial, lavrado em 28 de janeiro de 2015, na Seccional da Pedreira da Polícia Civil, ele é acusado de, por motivo fútil, agredir covardemente, com uma cadeirada, o professor Rodolfo Ronaldo Nobre Oliveira, em episódio ocorrido no refeitório da sede do Sintepp, na rua 28 de setembro, nº 510, em Belém. A vítima, Rodolfo Ronaldo Nobre Oliveira, é professor concursado da Seduc, a Secretaria de Estado de Educação, formado em matemática pela UEPA, a Universidade do Estado do Pará, com mestrado em educação matemática pela UFPA, a Universidade Federal do Pará, além de ser diplomando em direito pela Faculdade Estácio do Pará.
De acordo com testemunhas, que corroboram o
relato da vítima, o estopim para a covarde agressão perpetrada pelo coordenador geral do Sintepp foi
uma prosaica discordância, em torno de um episódio policial, noticiado por uma emissora
de TV, no qual um motorista de ônibus fora agredido, com um chute no rosto, por
um passageiro, após queimar uma das
paradas. Na ocasião, o professor Rodolfo Nobre fez um comentário, recriminando
a agressão, argumentando que, a despeito do deslize cometido, tratava-se de um profissional
que, como os demais colegas de ofício, trabalhava sob intensa pressão por parte
da empresa. Isso bastou para exasperar Mateus Ferreira, que então vociferou: “Motorista de ônibus tem mesmo que apanhar; são um bando de
irresponsáveis e acham que são donos das ruas.” E acrescentou: “Até eu daria
uma porrada nesse motorista.”
No desdobramento do imbróglio, ainda
segundo os relatos oferecidos, o professor Rodolfo Nobre criticou Mateus Ferreira, argumentando que sua postura colidia com a condição de
dirigente do maior sindicato da região Norte, cuja principal bandeira era a
defesa intransigente dos trabalhadores. Subitamente colérico, o dirigente do
Sintepp disparou: “Cala tua boca, que te dou é uma cadeirada, ‘seu’
filho da puta.” Ameaçado, o professor Rodolfo Nobre então retrucou: “Você é
truculento e desrespeita as pessoas.” Isso bastou para Mateus Ferreira lançar
mão de uma cadeira de madeira de lei, e por isso muito pesada, e com ela desferir
um golpe contra sua vítima, que instintivamente esquivou-se, sendo, mesmo assim,
atingido no braço. Consumada a covarde agressão, o professor Rodolfo Nobre prometeu ir
à polícia, denunciá-la, ao que seu agressor reagiu com deboche. “Vai onde
quiser. Não tenho medo nem de polícia, nem de Justiça. E tudo que tu disseres,
vou desmentir”, desdenhou o atual coordenador geral do Sintepp, de acordo com
os relatos oferecidos sobre o episódio.
SINTEPP – Perfil do sindicalista truculento
Soa certamente patético, repulsivamente
patético, o apelo à violência, sobretudo na esteira de prosaica divergência e principalmente por parte de um professor, que desempenha importante papel na formação
intelectual e moral de seus alunos. Mas, em se tratando de José Mateus Rocha da
Costa Ferreira, trata-se de algo previsível, ainda que nem por isso deixe de
provocar repulsa. Afinal, espera-se, de uma pessoa que percorre caminhos
sinuosos, uma certa sequência lógica de trapalhadas. Não por acaso, após o
recente acordo celebrado pelo Sintepp com o governo Simão Jatene, ele e seus parceiros
de diretoria do sindicato passaram a ser vistos com reservas por vastos setores dos
professores da rede pública estadual de ensino.
Formado em educação física e exibindo a profundidade
intelectual de um livro de autoajuda, Mateus Ferreira cumpriu o script clássico dos
dirigentes sindicais, inclusive os de esquerda, compensando com sagacidade e arrivismo a
falta de substância. Assim, devotado militante da APS, a Ação Popular Socialista, uma tendência do PSol,
Partido Socialismo e Liberdade, acabou por tornar-se coordenador geral do
Sintepp, o Sindicato dos Trabalhadores em
Educação Pública do Estado do Pará. Ele inicialmente exerceu o cargo no
triênio de 2012 a 2015, juntamente com Williams Antônio da Silva, atual
coordenador de Comunicação Social. E manteve-se no cargo, cumprindo um mandato
que vai de 2015 a 2018, dessa vez fazendo dupla com Alberto Ferreira de Andrade
Júnior, também formado em educação física e que, como Mateus Ferreira,
igualmente tem notórias dificuldades para administrar duas ideias
concomitantes, embora loquaz como um camelô. Como Mateus Ferreira, Williams
Antônio da Silva e Alberto Ferreira de Andrade Júnior são militantes da APS, a
tendência do PSol.
A militância sindical
pavimentou facilidades inimagináveis para Mateus Ferreira. À disposição do
Sintepp, ele pode usufruir das vantagens de acumular 200 horas na Semec, a
Secretaria Municipal de Educação, e outras 200 horas na Seduc, a Secretaria de
Estado de Educação, embolsando por isso cerca de R$ 8 mil reais mensais, sem
precisar submeter-se à labuta diária. Nada mal para quem ainda embolsa uma
complementação salarial paga pelo sindicato, para compensar vantagens que deixe
de usufruir, por estar à disposição do Sintepp. O bem-bom da vida mansa sofreu
um parcial tropeço, é verdade, em novembro de 2014, quando, em congresso do
Sintepp, foi aprovada uma resolução pela qual os dirigentes sindicais com mais
de um vínculo empregatício devem ser liberados em apenas um deles. Assim,
Mateus Ferreira retomou a labuta diária, ainda que em meio expediente, ao ser
lotado na Escola Estadual Brigadeiro Fontenelle, no bairro da Terra Firme, na
qual também leciona outro dirigente do Sintepp, Mauro da Conceição Borges, da
Coordenação de Secretaria Geral.
SINTEPP – Exigência do mestrado é desrespeitada
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No edital, a exigência de dedicação em tempo integral, desrespeitada. |
Tão obstinado quanto colérico, Mateus
Ferreira não desiste jamais diante de eventuais obstáculos e circunstanciais
tropeços, como evidencia agora, ao cursar o mestrado na UFPA, a Universidade
Federal do Pará. De acordo com denúncias feitas ao Blog do Barata, para cursar o
mestrado ele deveria atender a exigência de fazê-lo em regime de dedicação
integral, o que não ocorre, porque ainda não foi liberado pela Seduc e nem se
licenciou do Sintepp.
A ansiedade de Mateus Ferreira em cursar o
mestrado na UFPA é explicável. Por duas vezes ele tentou cursar mestrado na
UEPA, a Universidade do Estado do Pará, mas foi reprovado ainda na prova
escrita. Em 2015, porém, em um comovente exemplo de superação, diante das
notórias deficiências intelectuais reveladas em passado recente, conseguiu
passar no Programa de Pós-Graduação do ICED, o Instituto de Ciências da
Educação da UFPA. Mas até aí ele voltou a mostrar-se um incondicional cultor da
Lei de Gérson, aquela segundo a qual
o importante é levar vantagem em tudo, seja como for. Trata-se de um princípio
inspirado em um comercial de cigarros Vila Rica, estrelado por Gérson, um dos
craques da Seleção Brasileira campeã mundial de futebol de 1970, que nele
sentenciava: “Por que pagar mais caro se o Vila
me dá tudo aquilo que eu quero de um bom cigarro? Gosto de levar vantagem em
tudo, certo? Leve vantagem você também, leve Vila Rica!”
Mateus Ferreira está liberado da Semec,
para dedicar-se às atividades sindicais. Na Seduc, solicitou licença, para
aprimoramento profissional, na GCVS, Gerência de Capacitação e Valorização do
Servidor, em processo de número 969920/16, que havia retornado para a USE 8, a
Unidade Seduc na Escola, sem ser deferido, por falta de professor substituto.
Ele também não se licenciou do Sintepp, o que seria de se esperar, diante das
exigências legais, conforme denúncias feitas. O edital que disciplina o
mestrado exige dedicação em tempo integral. E prevê a eliminação
do candidato, “sem prejuízo das sanções penais cabíveis”, em caso de burla ou
tentativa de burla das exigências contempladas.
sábado, 19 de março de 2016
DESGOVERNO – Na carta de Lula, a manifestação da arrogância de quem se imagina acima das instituições
Recalcitro em comentar a conjuntura
nacional por saber-me a uma distância abissal do epicentro do poder e, por via
de extensão, sem a possibilidade de acesso a informações privilegiadas, capazes
de subsidiar eventuais análises. Mas, diante da carta aberta subscrita por Lula, calar é mentir, considerando o que
emerge da missiva. E o que emerge da versão oferecida pelo ex-presidente é tão
estarrecedor quanto o torpe e chulo teor de suas declarações alcançadas por escutas
telefônicas autorizadas pela Justiça. Escutas absolutamente legais, diga-se,
inclusive aquelas que envolvem a presidente emérita - flagrada em claro conluio
com o tutor político -, e seu amigo-de-fé-irmão-camarada, que é também seu eventual
advogado, e também sob suspeita de participar das tramoias das quais é suspeito
o parlapatão de Garanhuns. O alvo da escuta telefônica era Lula. Quem também foi por ela alcançado o foi na condição de interlocutor do suspeito, o que inclui Dilma Rousseff.
É simplesmente estarrecedora a carta
subscrita por Lula, certamente de autoria de algum ghost-writer da hora, sabendo-se, como se sabe, das limitações intelectuais do
ex-presidente, da quais derivam a falta de intimidade com o vernáculo, compensada
pela sagacidade e carisma. Assusta, simplesmente assusta, a carta ser
perpassada pela arrogância levada ao paroxismo de quem claramente se imagina
acima das instituições democráticas e não se permite sequer um humilde pedido
de desculpas pelas diatribes vociferadas. A versão do simulacro de estadista na
verdade ratifica aquilo que, por argumentos tortuosos, pretende dissimular – o desapreço
pela democracia, como é próprio dos tiranetes, independentemente de ideologias.
Em nenhum momento, na carta, Lula desculpa-se por suas torpes incontinências verbais, reveladoras da
inocultável intenção de obstaculizar as investigações da Operação Lava Jato, do
manifesto desapreço pelos poderes da República, do tratamento desrespeitoso
destinado ao Judiciário e ao Legislativo, da tentativa de engessar a Receita
Federal e da incitação à intolerância, quando jacta-se de que “peões” (que é
como desdenhosamente trata seus correligionários!) vão “baixar a porrada” nos “coxinhas”.
O estilo é o homem, dizem. E o estilo de Lula resvala para a
recorrente ignomínia, porque, mais do que ao decoro, afronta desdenhosamente os
mais elementares princípios republicanos, como tratou de recordar, em crônica
memorável, o jornalista Ruy Castro. O assustador é a recorrente tentativa de
empulhação, a incessante determinação em lograr a opinião pública, valendo-se
de meias verdades, piores do que a mentira, porque confundem os fatos, a
pretexto de esclarecê-los. Sobre a carta aberta, não é difícil desconstruí-la,
como evidenciou outro jornalista, Reinaldo Azevedo. Patético é o que ela traduz. E o que a carta traduz é a obstinação, turbinada pela empáfia, em
justificar o injustificável, que é a presidente pretender levar para dentro do
Palácio do Planalto alguém sob investigação da Justiça e contra o qual há um
pedido de prisão, por suspeita de corrupção.
Os ingredientes para o impeachment estão
postos. A tentativa de caracterizar o impedimento como golpe soa a nhenhenhém,
incapaz de resistir a uma auditoria. Golpe é imaginar que o voto popular confere
aos eventuais vencedores a propriedade política do país, é desrespeitar as instituições
democráticas, é pretender introduzir a corrupção sistêmica como política de
governo, é coonestar a corrupção, é ser leniente com corruptos e corruptores, é
desdenhar acintosamente dos mais elementares princípios da administração
pública, a moralidade e a transparência. Golpe, resumindo, é a condescendência criminosa
em relação ao bando que conspira contra a democracia e saqueia o erário, no rastro de um projeto autoritário
de poder.
sexta-feira, 18 de março de 2016
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