Habitualmente condescendente diante das
estripulias do prefeito Zenaldo Coutinho, do PSDB, o MPE, Ministério Público
Estadual, defronta-se com um desafio que não admite omissão, diante da
gravidade da denúncia. Trata-se da revelação, feita com exclusividade pelo G1,
sobre o esquema para fraudar licitações de ônibus, que se estende por 19
cidades, incluindo Belém. A denúncia – inusitadamente ignorada na edição desta
quinta-feira, 4, do “Bom Dia Pará”, programa da TV Liberal, afiliada da TV
Globo – sublinha que “há troca de
e-mails entre empresários, advogados e funcionários de prefeituras sobre a
elaboração de editais de forma a atender os interesses das empresas nas
licitações”. Convém salientar, a propósito, que os empresários de
transportes coletivos são, historicamente, tradicionais financiadores de
campanhas eleitorais.
A denúncia, revelando a fraude, é detalhada na notícia do G1, que descreve,
didaticamente, o modus operandi da quadrilha. De acordo com a notícia, na maioria das
cidades envolvidas, o esquema funcionava da seguinte forma, segundo as
investigações: a empresa Logitrans,
que já teve entre seus diretores o engenheiro Garrone Reck, era contratada
pelas prefeituras para fazer estudos de logística e projeto básico de
mobilidade urbana; o filho dele, Sacha Reck, atuava na concorrência como
advogado ou assessor jurídico de empresas de ônibus interessadas em explorar as
linhas; os documentos mostram que Sacha Reck obtinha informação privilegiada
sobre as licitações e atuava na elaboração dos editais, orientando ou seguindo
orientações dos empresários sobre cláusulas que deveriam constar nos
documentos; os editais a serem publicados pelas prefeituras eram elaborados por
advogados ligados ao escritório de advocacia de Curitiba do qual Sacha Reck era
sócio e por ao menos um engenheiro, que fazia a avaliação técnica das propostas
das empresas.
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