Como prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues protagonizou uma
administração voltada prioritariamente para a população carente,
reconhecidamente comprometida com um zelo mínimo pela cidade, mas pontuada por
uma postura algo imperial, além de um tom ufanista, próprio de quem pretende
apagar da história as realizações de seus predecessores. Boicotado pelo
governador tucano Almir Gabriel, um típico tiranete de província, a ele se
igualou, sempre que contrariado por quem ousasse questionar suas determinações.
Por vezes resvalando para a intolerância caudilhesca, certa vez realocou para
outro órgão, com prejuízos salariais, um médico do PSM da 14 de Março que
cobrava o conserto de um aparelho indispensável para a segurança dos pacientes
submetidos a cirurgias oftalmológicas. Da mesma forma, não pestanejou um
valer-se da truculência da Guarda Municipal para rechaçar as investidas dos setores
mais sectários dos movimentos sociais, estimulados pelos radicais abrigados no
PT, que fustigavam a Força Socialista, tendência na qual militava o prefeito.
Ganhou notoriedade, na época, a turbulenta relação de
Edmilson com sua vice, Ana Júlia Carepa. Em uma breve interinidade, Ana Júlia,
perfidamente, fez aprovar a extinção do laudêmio, que Edmilson relutava em
extinguir. Foi aí que deu-se o rompimento entre os dois, a partir do qual
Edmilson passou a retaliá-la, inclusive de uma forma inescrupulosa, que nada
dignificou a biografia política do ex-prefeito.
Rompida
com Edmilson, que passou a dispensar-lhe um tratamento humilhante, consta que
Ana Júlia, na mutação própria dos arrivistas, deixou os supostos princípios de
lado e esteve muito próxima de abandonar o PT, migrando para o PDT, que
integrava a coalizão de partidos “União pelo Pará”, comandada pelo PSDB. As
conversações não teriam prosperado porque o então governador Almir Gabriel
teria descartado a possibilidade de Ana Júlia ser ungida, antecipadamente, a candidata
da “União pelo Pará” à prefeitura de Belém, nas eleições municipais de 2000.
Depois
disso, Ana Júlia optou por permanecer no PT. Assim, elegeu-se vereadora por
Belém, em 2000, com uma votação histórica, para em 2002 tornar-se a primeira
senadora eleita da história do Pará. Em 2004 disputou a Prefeitura de Belém,
quando foi derrotada por Duciomar Costa (PTB), a versão de R$ 1,99 da
tucanalha, a banda podre do PSDB, apesar do sincero empenho de Edmilson em
eleger seu sucessor, insuficiente para fazer frente ao escandaloso uso da
máquina administrativa estadual, posta a serviço do nefasto Dudu. Em 2006, ela teve como avalista e
estrategista político o ex-governador Jader Barbalho, o manda-chuva do PMDB no
Pará, essencial para a vitória da ex-senadora petista sobre o ex-governador
tucano Almir Gabriel.
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