Almeida: denúncia em tom que poupa a juíza Ana Lúcia Bentes Lynch. |
Abaixo, a transcrição, na íntegra, da denúncia,
em tom algo brando, veiculada no Blog dos Concursados e na página da Asconpa no Facebook sobre a censura patrocinada pela juíza Ana Lúcia Bentes
Lynch, por solicitação da vereadora Meg Parente, líder do PRP na Câmara
Municipal de Belém. A edição do Blog dos Concursados e da página da Asconpa no
Facebook é de responsabilidade de José Emílio Almeida, presidente da
associação.
Vereadora pede na Justiça bloqueio de
páginas da Asconpa
Insatisfeita com
as críticas feitas pela Associação dos Concursados do Pará, a vereadora
Margarida Costa Parente, mais conhecida como Meg (PRP), ajuizou no início de
julho, ação ordinária com pedido de antecipação de tutela, para a retirada de
postagens e o bloqueio da página da Asconpa no Facebook e do Blog dos
Concursados.
Para a Justiça,
Meg alegou que sentiu-se ofendida com textos publicados pela Asconpa,
denunciando vereadores da base de apoio ao prefeito Zenaldo Coutinho, que
votaram a favor de projeto de lei que extingue 49 cargos na Prefeitura.
No entanto, para
a juíza, Meg é uma figura pública e, só por isso “está sujeita a ser objeto de
comentários verbais e escritos”, por esta razão não vê a juíza “como prosperar
o inconformismo da reclamante”.
Além do mais,
complementa a juíza, “no caso específico, trata-se de publicação com conteúdo
informativo, sendo que a reclamante não refuta ter votado na forma descrita na
publicação. Já a opinião, acerca da qualidade de amiga ou inimiga de
determinado grupo profissional, emitida por representante daquele grupo em
função de ato da agente pública em sua função, entendo que não parece
desproporcional ou injustificada ao ponto de fundamentar uma intervenção
judicial”.
Para finalizar,
diz a magistrada: “comentários acerca da forma de votação de políticos
constitui-se em prática usual e saudável, tanto no Brasil como em qualquer país
democrático onde as pessoas e meios de comunicação gozem de relativa liberdade.
Opiniões sobre se a reclamante seria amiga ou inimiga de determinada classe,
são de livre manifestação, não podendo ser restringidas de forma
indiscriminada. Caberia, portanto, à requerente trazer elementos que apontem
para a inveracidade das informações ou gratuidade de agressões na publicação
que pretende restringir, o que não ocorreu”.
Apesar de negar
atender a totalidade do descabido pedido formulado na ação, a juíza Ana Lúcia
Bentes Lynch determinou a censura de quatro importantes postagens da página da
Asconpa no Facebook. São elas: “Vereadores inimigos dos servidores públicos”,
“Vereadores inimigos dos servidores públicos concursados”, “Marginais,
vagabundos e pilantras são vocês. Em outubro daremos o troco” e “Vereadores
recebem há um mês parte do ‘pagamento’ para apoiar a extinção de cargos na
prefeitura”.
Nas postagens,
já removidas pelo Facebook e pela Google (ameaçados de multa de até 10 mil
reais), a Asconpa expressa de forma clara, o nível de indignação que os
servidores públicos concursados de Belém sentem em relação aos políticos que
apoiaram o projeto de lei, de autoria do prefeito de Belém, que extingue os
cargos e ameaça demitir milhares de servidores concursados.
O que Meg pediu
à Justiça, não tem cabimento em um país que se reivindica democrático, onde a
liberdade de imprensa, deve ser intocada. Meg quer o bloqueio da página da
Asconpa no Facebook e a remoção do Blog dos Concursados da Internet. Para ela,
estes veículos de informação e apoio aos milhares de aprovados em concursos
públicos promovidos pelas administrações públicas municipais, Estadual e
Federal, não devem mais existir, porque a atingiram, divulgando as suas ações
de apoio ao prefeito de Belém Zenaldo Coutinho.
Meg quer ser
vereadora num país democrático, mas, ao mesmo tempo, como se fosse uma
soberana, não quer ter suas ações contestadas.
Eleita vereadora
em 2012, com 5.168, após ter sua filiação aceita no PSOL, Meg não demorou muito
a mudar de partido. Primeiro foi para o PROS e em seguida mudou-se para o PRP,
partidos de pastores evangélicos, meio onde ela milita atualmente, por força de
uma relação com um dos filhos do vereador Pastor Paulo Queiroz (PSDB). Tanto o
PROS, quanto o PRP, são partidos conhecidos pela troca de favores com
governantes e para onde vão os políticos interessados apenas em se beneficiarem
do poder.
Contumaz neste
tipo de atitude, em 2014, Meg ameaçou a jornalista Enize Vidigal, após ter se
sentido ofendida em entrevista dada a jornalista. Tentando-a intimidar, Meg a
advertiu que telefonaria para o seu patrão para reclamar de uma pergunta feita
pela jornalista.
Em março deste
ano, durante protesto dos servidores na Câmara Municipal de Belém, Meg se
irritou com o repórter fotográfico do jornal Diário do Pará, Ney Marcondes,
quando este a fotografava, exigindo ver a foto e questionando o motivo de ela
ter sido fotografada.
Para o
presidente da Asconpa, José Emílio Almeida “a despeito desta tentativa infame
de nos calar, a Associação dos Concursados manterá a linha de atuação
informativa e a firme defesa daqueles que lutam pelo direito à nomeação,
denunciando políticos, gestores, governantes ou quem quer que seja, com o
objetivo de atender a necessidade de informar e apoiar aos nossos associados”.
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