Como governador Almir Gabriel legou um respeitável elenco de obras, mas seu legado acabou tisnado por índices sociais pífios. Com a fama de ser excelente gestor de recursos, como governador ele materializou obras até então engavetadas, como a Alça Viária e o Tramoeste, mas nenhuma delas teve efeito multiplicador de renda, o que é uma das mais gritantes contradições da sua administração. Sua passagem pelo Palácio dos Despachos, durante os oito anos em que nele permaneceu como governador, foi marcado por obras suntuosas, índices sociais pífios e por uma política de austeridade salarial particularmente penosa para o servidor público estadual. Nos oito anos de administração Almir Gabriel a perda salarial média do funcionalismo público estadual chegou a 55%, de acordo com o Dieese, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Sócio-Econômicos.
Entre 1995 e 2002, período que corresponde aos dois mandatos consecutivos de Almir como governador, o percentual de desemprego na população economicamente ativa no Pará, também de acordo com o mesmo Dieese, situou-se entre 16% e 18%. Segundo ainda o Dieese, 53,86% dos ocupados viviam na faixa da pobreza, ganhando até, no máximo, dois salários mínimos. O Pará, que até 1994 tinha o terceiro melhor PIB per capita da Amazônia, o Produto Interno Bruto, desabou para o quinto lugar, à frente apenas de Roraima e Tocantins, revelaram os insuspeitos números do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Um estudo encomendado pela Secretaria de Política Urbana no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB como Almir Gabriel, intitulado “Déficit Habitacional do Brasil – 2000” , apontava que o Pará tinha, naquela altura, 233.622 famílias sem-teto, o que fazia o Estado concentrar 54% do déficit habitacional da região Norte. No que se refere ao nosso Estado, o estudo expunha números dramáticos, para dizer o mínimo. O estudo “Déficit Habitacional do Brasil – 2000” , revelou que o Pará era o campeão da região Norte em domicílios rústicos e improvisados, com mais de 12 mil famílias comprometendo até 30% da sua renda com alugueis e mais de 166 mil famílias vivendo em regime de coabitação familiar. No Pará, constatou o estudo encomendado pelo governo FHC, 17% dos domicílios eram divididos por mais de uma família, o que representava o mais alto percentual de coabitação do País.
De resto, o IBGE informava também que justamente na era Almir Gabriel, ironicamente um respeitado médico, o Pará – onde bebês morriam por falta de UTIs neonatal - passou a figurar entre os 12 Estados com déficit de leitos hospitalares. Dos 12 Estados com déficit de leitos, seis ficavam no Norte (Amazonas, Pará, Amapá, Tocantins, Roraima e Rondônia), quatro no Nordeste (Ceará, Bahia, Sergipe e Alagoas), um no Sudeste (Espírito Santo) e um no Centro-Oeste (Distrito Federal).
Um comentário :
Espero que a "perereca" leia este post e pare de jogar confetes no finado.
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