Mas certamente foi igualmente deletério politicamente para Almir Gabriel, e também para o governador tucano Simão Jatene (foto), uma das revelações sobre os bastidores da sucessão estadual de 2002. O que torna a versão crível é ela ter sido feita justamente pelo próprio Simão Jatene, a despeito de, ao fim e ao cabo, também comprometê-lo, ao evidenciar que para os inquilinos do poder o eleitorado é visto como massa de manobra e, por isso, destinado a ser manipulado.
Na única vez em que se permitiu comentar o porquê de ter aceito, resignadamente, abdicar de postular a reeleição em 2006, a despeito dos estimulantes índices de aprovação da sua administração – obviamente decorrente da massiva propaganda enganosa, traço inconfundível dos governos tucanos no Pará -, Jatene abriu a caixa-preta dos acordos espúrios. Ele simplesmente revelou que, ao tornar-se o candidato a sucessão do ex-governador tucano em 2002, assumiu o compromisso de abrir mão da eventual candidatura a reeleição, em 2006, em favor de Almir Gabriel, se a este fosse conveniente postular um terceiro mandato como governador. Disso se conclui que o modus operandi da tucanagem no Pará em nada se distingue, em matéria de desapreço ético, dos métodos de exercício do poder que os tucanos paraenses tanto criticam nos seus adversários.
Nada pode ter sido mais devastador, para a imagem de probidade e austeridade vendida por Almir Gabriel, que sabê-lo protagonista de um arranjo desse jaez. Afinal, se a política é a arte da conciliação, nem por isso ela desobriga de um mínimo de dignidade e respeito pelo eleitor.
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