Eram
devastadoras as restrições do SNI ao nome de Ronaldo Passarinho Pinto de Souza,
referido pelas iniciais, RPPS, nas anotações do Serviço Nacional de Informação,
como era de praxe. “Continuam atuais as referências feitas, em 1970, sobre RPPS
de que era negocista, dedicado a advocacia administrativa junto ao Basa,
abusando, não raramente, do nome do seu tio JGP. RPPS procura tirar proveito
político do fato de as nomeações de órgãos federais no Pará estarem sendo
feitas por indicação do seu tio, como as de UCC para o Basa e de ES para a
Sudam. Fala-se a boca pequena que muitos projetos, para serem aprovados pela
Sudam, tem antes que passar pelo escritório de RPPS, onde é cobrada uma
comissão de 10 por cento, que diz se destinar à campanha política do PDS”, assinala
uma das anotações, datada de 25 de abril de 1982. A anotação menciona Jarbas
Gonçalves Passarinho, o JGP, o prestigiado tio de Ronaldo Passarinho, e alude
às nomeação de Ubaldo Campos Corrêa, o UCC, para o Basa, o Banco da Amazônia
S/A, e de Elias Sefer, o ES, para a Sudam, a Superintendência de
Desenvolvimento da Amazônia, ambas feitas sob o aval de Jarbas Passarinho.
Ubaldo Campos Corrêa, um ex-deputado com reduto eleitoral em Santarém, foi
presidente do Basa de 30 de abril de 1981 a 8 de abril de 1985. Elias Sefer,
notabilizado pelo perfil autoritário e iracundo, foi superintendente da Sudam
de 15 de março de 1979 a 2 de abril de 1985.
Em registro
de 6 de abril de 1971, o SNI aponta a utilização do tráfico de influencia por
Ronaldo Passarinho, para turbinar suas atividades empresariais, valendo-se do
prestígio do tio ilustre, Jarbas Passarinho. “RPPS participa das empresas
Cerâmica Marajó S/A e Tecefatima S/A, às quais o Basa concedeu facilidades
financeiras anormais, obtidas através de gestões feitas pelo nominado,
aproveitando-se indevidamente do prestigio do seu tio, JGP, para fazer tráfico
de influência. FLN, presidente do Basa, durante a apuração dos fatos, tentou
proteger RPPS, com quem tratava pessoalmente dos interesses daquelas empresas”,
acentua a anotação, que menciona o presidente do Banco da Amazônia na época,
Francisco de Lamartine Nogueira, o FLN, cuja gestão foi de 11 de abril de 1967
a 27 de abril de 1971.
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