Ricardo Albuquerque da Silva, o Dick Crazy. |
Devido graves problemas de saúde, fui revel
na ação civil movida por Ricardo Albuquerque da Silva, condição que define o réu
que não contesta a ação em face dele
proposta. Por não comparecer à audiência, fui condenado a pagar uma indenização
de R$ 22.718,20 e, na esteira da sentença, tive bloqueada a conta bancária, a
despeito da minha renda mensal ser caracterizada como verba alimentícia,
indispensável para minha sobrevivência. A ação criminal teve sua audiência de
conciliação terça-feira, 19 de abril, na 6ª Vara Criminal, e embora breve – já que
descartada a possibilidade de qualquer acordo, por ambas as parte – foi
reveladora do perfil do procurador de Justiça flagrado pela Polícia Rodoviária
Federal dirigindo visivelmente bêbado. A começar pela apresentação de Silva,
que reporta à máxima, cunhada por alguém de cujo nome não me recordo, segundo a
qual só os insensíveis não se deixam levar pela primeira impressão.
Todo
de preto, com a roupa amarfanhada, vestindo uma camisa social de mangas
compridas desabotoada, sobre uma camisa de meia, o rosto macilento, de quem presumivelmente dispensou o banho matinal, Silva exibiu-se, na audiência, despido dos cuidados
com a imagem que se espera de um procurador de Justiça, em respeito à liturgia
do cargo. Foi como se tivesse retroagido aos tempos de juventude, quando
tornou-se uma figura algo folclórica, que se fazia conhecer pelo codinome de
Dick Crazy, personagem
que incorporou, ao passar a apresentar um programa sobre rock na Rádio Clube do
Pará, ocasião na qual foi tomado por um deslumbramento suburbano. Pelo codinome, ele era motivo de troça no curso de direito da UFPA, a
Universidade Federal do Pará, que costumava frequentar vestido desleixadamente,
sempre de óculos escuros e sentando-se invariavelmente no fundo da sala de
aula.
Mas na
audiência faltou a Silva, sobretudo, postura e compostura. Com as mãos trêmulas
e elevando a voz para além dos decibéis toleráveis, ele foi, por isso,
energicamente admoestado pelo advogado Cadmo Bastos Melo Júnior, logo no início
da audiência. Contemporâneo de Silva e da mesma faixa etária, porém corpulento,
o advogado, habitualmente afável, tratou de arrefecer o desvario do procurador
de Justiça, lembrando-lhe que compostura não exige regras, bastam modos. “Vamos
nos comportar com civilidade, para evitarmos problemas mais graves”, advertiu
Cadmo, dirigindo-se a Silva, que foi então tomado por súbita e inocultável
palidez. Na audiência, o procurador pinguço reclamou, em tom colérico, ser por
mim “achincalhado”, embora sem rebater, com argumentos, a denúncia do Blog do Barata, feita também, convém repetir, pela TV Liberal e pelo
jornal O Liberal. Com a pobreza
vocabular e argumentativa de adolescente inculto, ele insistiu, com colossal
desfaçatez, que a denúncia sobre o flagrante que sofreu seria “mentira”,
naturalmente sem aludir às imagens da TV Liberal, e ainda se queixou de uma
suposta procrastinação por parte do meu advogado, uma acintosa aleivosia, sem
amparo em fatos. De resto, Silva evidenciou o vício próprio de quem mede os
outros por sua própria régua. Ele insinuou que eu pudesse ser movido por razões
pessoais, desconhecendo que as pessoas, ou pelo menos alguma delas, costumam
ser movidas também por princípios. “Eu não sei o porquê disso, porque eu nem o
conheço”, disparou. Mais patético, impossível.
Um comentário :
O Ministério Público do Pará, com certeza, possui profissionais honestos e que primam pela efetivação da justiça como princípio de bem-estar social. Porém, alguns promotores de justiça envergonham e a entidade, e, se desviam da JUSTIÇA. São celerados e degenerados. Perseguem e oprimem gratuitamente.
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