De Lula para Dilma, no ácido bate-boca, reproduzido pelo jornalista Ricardo Noblat, em 2015: "A coisa errada que eu fiz foi botar você aí". |
Na postagem de 13 de abril de 2015, intitulada
“Deus Salve a Rainha”, Ricardo Noblat não só revela o bate-boca
de Lula com Dilma Rousseff, como o patético destempero da presidente com uma
camareira do Palácio da Alvorada, Jane, além de revelar ainda o porquê do
episódio não ter servido de munição nas eleições de 2014. “Zelosos auxiliares dela [Dilma] garantiram a Jane os benefícios do programa
Minha Casa, Minha Vida uma soma em dinheiro e um novo emprego. Jane aceitou.
Por que não?”, revelou Noblat. Sem ser contestado.
Abaixo, a reprodução integral da postagem de
Ricardo Noblat:
Deus salve a Rainha!
13/04/2015
- 08h02
Ricardo Noblat
Que maneira infeliz de celebrar os primeiros 100 dias de governo!
Seis em cada 10 brasileiros consideram péssima ou ruim a administração de
Dilma. Quase seis em 10 acham que ela sabia da corrupção na Petrobras e nada
fez.
Para quase oito em 10, a inflação aumentará. Assim como o desemprego
para sete em cada 10. Dois em cada três são favoráveis à abertura de um
processo de impeachment contra Dilma.
As manifestações de ruas, como as de ontem, são apoiadas por sete em
cada 10. E se a eleição para a escolha do sucessor de Dilma tivesse ocorrido na
semana passada, Aécio Neves teria derrotado Lula por 33% dos votos contra 29%,
segundo a mais recente pesquisa Datafolha.
Dos seus vários bunkers em Brasília, a presidente só sai para
lugares onde não corra o risco de ser vaiada. Se falar na televisão, pode
deflagrar um panelaço.
O que Dilma fez para merecer isso?
Mentiu. Apenas mentiu. Simples assim.
O Brasil era um paraíso na propaganda dela para se reeleger. Menos
de dois meses depois, o paraíso se evaporara.
Dilma jurou que jamais faria certas coisas que só seriam feitas por
seus adversários. Começou a fazê-las antes do fim do seu primeiro mandato.
Com isso mentiu de novo? Não. Era a mesma mentira. Tudo era
uma mentira só.
Uma pessoa que não ama seus semelhantes, ou que não sabe expressar
seu amor por eles, não pode ser amada. Que o diga Jane, ex-criada do Palácio da
Alvorada.
Um dia, Dilma não gostou da arrumação dos seus vestidos. E numa
explosão de cólera, jogou cabides em Jane. Que, sem se intimidar, jogou cabides
nela.
O episódio conhecido dentro do governo como “a guerra dos cabides”
custou o emprego de Jane.
Mas ela deu sorte. Em meio à campanha eleitoral do ano passado, Jane
foi procurada pela equipe de marketing de um dos candidatos a presidente com a
promessa de que seria bem paga caso gravasse um depoimento a respeito da guerra
dos cabides.
Dilma soube. Zelosos auxiliares dela garantiram a Jane os benefícios
do programa “Minha Casa, Minha Vida”, uma soma em dinheiro e um novo emprego.
Jane aceitou. Por que não?
Lula se queixa de Dilma porque ela não segue seus conselhos. Segue,
sim. Só que às vezes demora.
Para que abdicasse da maioria dos seus poderes, por exemplo, foi
decisivo o bate-boca que teve com Lula no Palácio da Alvorada, em março último.
A certa altura, Lula disse: “Eu lhe entreguei um país que estava
bem...” Dilma devolveu: “Não, presidente. Não estava. E as medidas que estou
tomando são para corrigir erros do seu governo”.
A réplica não demorou. “Do meu governo? Que governo? O seu já tem
mais de quatro anos”, disparou Lula.
Os assessores de Dilma que aguardavam os dois para jantar e
escutaram o diálogo em voz alta, não sabem dizer se ela nesse instante
respondeu a Lula ou se preferiu calar.
Um deles guardou na memória o que Lula comentou em seguida: “Você
sabe a coisa errada que eu fiz, não sabe? Foi botar você aí”.
Foi pressionada por Lula que Dilma entregou o comando da Economia ao
ministro Joaquim Levy, da Fazenda, que pensa muito diferente dela.
Foi também pressionada por Lula que delegou o comando da Política a
Michel Temer, seu vice, a quem sempre desprezou.
Levy está sujeito a levar carões públicos de Dilma, já levou. Temer,
não. Levy pode ser trocado por outro banqueiro. Temer, não.
Lula inventou o parlamentarismo à brasileira para tentar impedir o
naufrágio de Dilma. É sua última cartada para salvar a chance de voltar à
presidência em 2018.
Nenhum comentário :
Postar um comentário