Já governador, Jader Barbalho, sentado, ao lado de Tancredo Neves; em pé, Ulysses Guimarães e Fernando Henrique Cardoso: prestígio. |
Jader Barbalho,
diga-se, elegeu-se governador do Pará, em 1982, com o decisivo apoio de Alacid
Nunes, que rompera com o Palácio do Planalto, ao não honrar o compromisso –
assumido ao ser ungido governador pela segunda vez, em 1978 – de acatar como
sucessor um nome a ser indicado por Jarbas Passarinho. Em contraposição aos cargos e verbas federais, que turbinavam os candidatos do governo do general-presidente Joâo Figueiredo Brasília, Alacid valeu-se da máquina administrativa estadual para anabolizar a candidatura de Jader Barbalho. Disso também resultou a vitória
de Jader sobre o empresário Oziel Carneiro, candidato ao governo pelo PDS,
Partido Democrático Social, sucedâneo da Arena, a Aliança Renovadora Nacional,
como legenda de sustentação do regime dos generais. Ao eleitorado cativo da ooposição somaram-se os dissidentes do PDS, com seu respeitável acervo de votos. Eleito, pela juventude e
carisma Jader logo ganhou visibilidade nacional, inclusive pela intimidade com a
caciquia peemedebista, que incluía Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro e Fernando Henrique Cardoso, participando
ativamente das articulações da Nova República, o nome de fantasia da
redemocratização do Brasil. Todo esse capital político acabou esfarinhado com a
pecha de corrupto que a ele aderiu, no rastro de uma súbita evolução
patrimonial e da permissividade que marcou seu primeiro mandato como governador, em um estigma agravado pela associação do seu nome aos escândalos do Banpará, o Banco do Estado do Pará, e da Sudam, a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia. Mesmo estigmatizado pela grande imprensa brasileira, e por isso operando nos bastidores, ele é hoje senador e reconhecido como um hábil articulador político no Congresso Nacional. No plano local, Jader consolidou o status de morubixaba do PMDB no Pará e tornou-se a a mais longeva liderança política da história do estado, em uma carreira iniciada em 1966, como vereador de Belém, pelo MDB, o Movimento Democrático Brasileiro, do qual é sucedâneo o PMDB.
Por respeito à história,
convém traçar um perfil minimamente isento de Oziel Carneiro, o adversário de
Jader Barbalho em 1982. Um bem-sucedido empresário, projetado para a política
partidária na esteira do poder do grupo econômico da família, Pedro
Carneiro S/A Indústria e Comércio, ele notabilizou-se não só pela probidade
pessoal, como por se constituir em um quadro político atípico para os padrões
do regime militar. Presidente do Banco da Amazônia, recusou-se a marginalizar
os funcionários estigmatizados como comunistas, segundo o depoimento insuspeito do cientista político Roberto Corrêa, cuja biografia inclui uma longa
militância no PCB, o Partido Comunista Brasileiro, o histórico Partidão, desfigurado após o racha que
originou o PPS, o Partido Popular Socialista. O testemunho de Roberto Corrêa
sobre Oziel Carneiro, em entrevista ao Blog do Barata, é definitivo: “(...) uma figura
honesta e democrática que aparece nos dossiês do SNI como tolerante com a
‘infiltração comunista no Basa’, onde foi presidente, tendo por assessores
conhecidos militantes comunistas”.
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