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Diante da Secult fechada, o protesto contra o mandonismo. |
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Na faixa o clamor que Paulo Chaves insiste em ignorar. |
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Nazareno: a comovente solidariedade, apesar do câncer. |
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No Parque da Residência fechado, apenas os seguranças. |
Uma
política cultural efetivamente democrática, implementada sob a preocupação
social que deve balizar as ações do poder público e uma criteriosa utilização
dos recursos públicos, descartada, a priori, a permanência de Paulo Chaves, o
PC, à frente da Secult, a Secretaria de Estado de Cultura, cujo mapa de crenças
é descrito como a antítese do elenco de reivindicações postuladas. Em resumo,
esta é a inspiração do conjunto de artistas,
técnicos e produtores culturais que na manhã desta quinta-feira, 25, promoveram
um novo e ruidoso protesto diante do Parque da Residência, a antiga residência
governamental, que hoje abriga a sede da Secult, fazendo ressoar mais
intensamente o movimento Chega!, de
repúdio ao imobilismo da administração Paulo Chaves, emblemática da letárgica gestão
do governador tucano Simão Jatene. A manifestação incluiu graves denúncias de corrupção
na concessão de subvenções pela Secretaria de Estado de Cultura, o que associa
a suspeita de improbidade administrativa, de forma inequívoca, a PC. A
pretensão dos manifestantes, que planejavam ocupar a sede da secretaria, foi
abortada por Chaves, que dispensou os servidores, cancelou o expediente e
simplesmente manteve fechado o Parque da Residência. Ele sequer permitiu o
acesso do público ao concorrido Restô do Parque, que integra a rede de
restaurantes Pomme
D’Or e assim, por imposição do secretário, permaneceu fechado para o almoço,
sempre mais concorrido, devido ao sistema de bufê, de preços bem mais em conta
que os do jantar, servido à la carte.
A
truculência de Chaves, a pretexto da segurança que o caráter pacífico do
protesto nem de longe sugeriu ameaçar, incluiu a breve observação por viaturas
da Rotam, a Ronda Tática Metropolitana da Polícia Militar, a força policial
destinada a ocorrências de maior potencial de risco. Constatada improcedência
da preocupação, restou a presença de três PMs nas proximidades da manifestação,
enquanto dentro do Parque da Residência permaneciam a postos, inicialmente
visivelmente tensos, os seguranças particulares da empresa que presta serviços
à Secult. Diante dos portão principal do Parque da Residência concentraram-se
os manifestantes, que estenderam suas faixas, exibiram bonecos cênicos e
revezaram-se em manifestações de repúdio à postura autoritária de Chaves, tudo
sob o animado repertório de um conjunto de músicas regionais. O protesto foi
arrematado pela leitura do manifesto do movimento Chega!, feita por Ronaldo Rosa, cineasta, diretor de fotografia, fotógrafo still e produtor
cultural. Ronaldo Rosa foi precedido por
Nazareno Tourinho, que teve uma comovente participação no protesto, do qual
participou ativamente, fazendo um tocante depoimento, a despeito do câncer,
diante do qual tem uma sobrevida estimada em dois anos. Premiado autor teatral,
Nazareno Tourinho, que é também jornalista e membro da Academia Paraense de
Letras, aproveitou para fazer a distribuição da edição de “Quintino Bom de
Briga Defensor dos Sem Terra”, peça teatral, para ser representada ou lida, na
definição do próprio autor.
Foi
difícil, para quem presenciou a manifestação, conter a emoção diante da
participação de Nazareno Tourinho. Enquanto Paulo Chaves exilava-se em sua
insana soberba, Tourinho, apesar da saúde debilitada, marcava presença e
expressava sua indignação, diante da iniqüidade oficial. A doença devastadora
rouba-lhe a saúde, hoje exigindo o amparo de uma bengala, mas, apesar da
adversidade, ele preserva incólume a dignidade, que não lhe permite temer a
posteridade, impiedosa com os canalhas.
2 comentários :
O movimento “Chega” tem de continuar sistematizando, qualificando e fortalecendo o debate público e democrático sobre a ampliação de acesso e controle social à Cultura genuinamente Popular, já que essa não pressupõe “meritocracia”. A Luta é legitima e vem no sentido de romper a muralha tucana e elitista erguida em volta dos setores públicos que promovem a cultura, isolando-a, principalmente, do Povo excluído e privilegiando um pequeno grupo de “sortudos e iluminados”. Para isso é necessário continuar indo pras ruas com uma quantidade maior de artista e simpatizantes, unificando-se a outras manifestações populares. Outra, é acionar as instâncias de controle e fiscalização, como o MPF, MPE, OAB, AGE, sociedade civil organizada, parlamentares comprometidos com a causa e a imprensa (menos a ORM do rominho) e, evidentemente, os Blog e redes sociais, para direcionarem suas lupas e mecanismo de controle nas contas da SECULT, SECOM,FUNTELPA, Fundação Tancredo Neves e lei SEMEAR, pra trazer à luz solar as manipulações e direcionamentos desses recursos públicos, implementadas pelos Tucanos, já que ainda não tivemos informação de prestação de contas públicas. Isso tem de ser realizado pra sabermos se houve direcionamento e privilégios. Que chamem pra prestarem contas o Paulo Chaves, Jatene, Nilson Chaves, Paulo Chaves, Adelaide, Lucinha Bastos, Alex Fiúza, Ney Messias, dentre outros burocratas. Se tais ações foram consequentes, constatar-se-á que muralha tucana é frágil, pois está erguida em solo movediço.
Aliás, o PSDB insiste numa política falida, que não represanta os interesses do povo e sim de seu grupo e de seus puxa-sacos.
Paulo Chaves já se aproxima dos 16 anos à frente do cargo de secretário de Cultura do Pará, numa gestão com extensão certamente sem precedentes no resto país. E, ainda, sob forte rejeição da classe de artistas e produtores, como atestam não apenas este movimento Chega! como outros tantos ocorridos ao longo desses anos. Como dizia Luís Otávio Barata: até quando???
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