O
poder não muda o homem, apenas o desmascara, ensina a prática, que é
efetivamente o critério da verdade. No caso de Paulo Fernandes Chaves, o PC (foto), o
arquiteto que pontifica na Secult desde 1995, descontado o breve hiato de
quatro anos correspondente ao governo Ana Júlia Carepa (que se estende de 2007
a 2010), pode-se dizer que o poder apenas exacerbou uma recôndita vocação a
tiranete de província. Vocação que o fez juntar-se, ainda jovem imberbe, à
escória da direita paraense, na patética invasão da UAP, a União Acadêmica
Paraense, no prelúdio, no Pará, do golpe militar de 1º de abril de 1964. O
plano, convém recordar, era provocar uma briga generalizada, pavimentando a
invasão da entidade pela Polícia Militar, a qual caberia espancar todos aqueles
que não compartilhavam o ideário golpistas. Para que fossem poupados da
truculência dos PMs e estes pudessem identificar os destinatários da
ignominiosa truculência, os esbirros civis da ditadura, que mergulhou o Brasil na
noite negra do obscurantismo, portavam lenços vermelhos no pescoço. A falta de
sincronia entre os áulicos dos quartéis impediu que a inominável covardia fosse
consumada e o serviço sujo ficou por conta das Forças Armadas, que aqui
depuseram o governador Aurélio do Carmo e o prefeito de Belém, o ex-governador
Luiz Geolá de Moura Carvalho.
O
episódio e a mais absoluta ausência de uma autocrítica, diante de tão
depreciativo antecedente, são reveladores do caráter de Paulo Chaves, o PC, e
seu perfil autocrático, exacerbado ao ser alçado ao poder, na esteira da
eleição do ex-governador Almir Gabriel, pelo PSDB, em 1994. Ao aboletar-se na
Secult, sem o mais tênue vestígios de escrúpulos ele tratou de empregar, na
própria secretaria por ele comandada, a mulher, a arquiteta Rosário de Fátima
Souza Lima da Silva, nomeada diretora de Patrimônio; a cunhada, a jornalista
Lorena Souza Lima da Silva, que nomeou diretora Cultural; e o cunhado, o
veterinário Roberto Souza Lima da Silva, abrigado no Mangal das Garças. Na
Secult, PC mandou a cultura às favas e fez a festa dos empreiteiros, com
obras suntuosas, cujos custos finais ultrapassaram em muito os orçamentos inicialmente previstos. A Estação das Docas, por exemplo, projetada para ser um
complexo turístico-cultural, teve seu custo final estimado inicialmente em
torno de R$ 12 milhões, mas consumiu quase R$ 20 milhões. O Mangal das Garças, o luxuoso parque
naturalístico encravado em um cinturão de pobreza, cujo custo final foi
inicialmente orçado em R$ 7 milhões, acabou custando em torno de R$ 15 milhões.
Apesar da singela beleza das garças e do borboletário climatizado, o Mangal das Garças
atrai, mesmo, é pelo restaurante. Quanto a cultura, sob o signo da
administração de Paulo Chaves ficou reduzida a uma ação entre amigos. O
Festival de Óperas serve para satisfazer, com recursos públicos, o diletantismo
de Gilberto Chaves, o diretor do Theatro da Paz, de opaca biografia. Tanto
quanto o Terruá Pará é utilizado como moeda de troca na relação com artistas
chapas-brancas.
Mas
em matéria de lambança nada, nessa altura, parece capaz de surpreender, em se
tratando de Paulo Chaves. No primeiro mandato de Simão Jatene como governador, de 2003 a 2006, a Secult simplesmente
subvencionou a Assembleia Paraense, possivelmente o mais rico clube da região
Norte. Diante dos recorrentes despautérios, o que choca, em verdade, é a
impunidade.
6 comentários :
Cadê o M-U-I-R-A-Q-U-I-T-Ã ?
É por causa do Muiraquitã que o PC se esconde? A maldição não acabou hahaha quem viver verá.
Ui!
Agora é que ele fica mesmo. O Jatene não liga para o desempenho dos secretários.O que interessa são os negócios serem facil.itados
Governo de farsantes. dissimulados e despudorados!
O povo paraense elegeu esses caras. Eles não tomaram o poder à força.
Postar um comentário